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Alagoas
17/11/2018 15:00:00

Cientistas são contra soluções ‘importadas’


Cientistas são contra soluções ‘importadas’
Ilustração

Jornal Gazeta de Alagoas

Em mais um ano de seca – já são seis anos de estiagem intercalada no Sertão –, os prejuízos são visíveis na agricultura, na pecuária e nas comunidades que hoje enfrentam o êxodo rural. Quem permanece nos sítios sente os efeitos dramáticos. Mas de 200 mil pessoas, neste momento, são assistidas por 200 caminhões-pipa. Tem comunidade que paga até R$ 300 para consumir água limpa extra, que chega quinzenalmente. O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), durante a campanha, prometeu importar tecnologias de Israel para “acabar”, em definitivo, com a “indústria da seca” e com o sofrimento dos sertanejos. A proposta causou reação dos cientistas. Eles afirmam que o Nordeste já dispõe de tecnologias suficientes e querem que o presidente eleito reveja a proposta de campanha. Pesquisadores reconhecidos internacionalmente, como os professores PhDs Humberto Barbosa e Luiz Carlos Baldicero Molion, enumeram diversas tecnologias importadas e adaptadas para o Sertão nordestino que ainda não foram implementadas por falta, segundo eles, de recursos financeiros e vontade política dos governadores, prefeitos e do próprio governo federal. 

Os governos, anualmente, investem fortunas dos cofres públicos em soluções emergenciais, paliativas e que servem para alimentar a “indústria da seca” na região, lamentam os professores. Uma dessas soluções recorrentes é a dos caminhões-pipa.

Os cientistas consultores de diversos órgãos da Organização das Nações Unidas (ONU) e de países que enfrentam problema semelhante cobram soluções definitivas para o gerenciamento da água disponível no subsolo, nos canais da transposição do governo federal (os dois canais levam água para o semiárido de cinco estados: Bahia, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará) do Canal do Sertão de Alagoas. Eles acreditam que, assim, seriam reduzidos os efeitos do clima que comprometem o desenvolvimento econômico e social do semiárido.

As ações com caminhões-pipa não resolvem o problema que afeta mais de 23 milhões de sertanejos do Nordeste, 300 mil deles do Sertão e Agreste alagoanos. “Já existem tecnologias suficientes para acabar com a indústria da seca no Nordeste e manter a convivência produtiva no Sertão”, afirma professor pós-doutor Humberto Barbosa.

Enquanto os efeitos da estiagem prolongada não são amenizados com soluções efetivas, 38 municípios do semiárido alagoano, por exemplo, decretaram, oficialmente, situação de emergência. O desespero da população é semelhante ao que ocorre em mais 1.100 municípios nordestinos que sofrem com a seca. As lavouras tradicionais estão destruídas, as barragens e barreiros secaram. Falta água tratada para as necessidades básicas das populações e dos animais. Não há previsão, a curto prazo, de chuva. As perspectivas são de temperaturas mais altas neste verão. Não é alarme falso. Os cientistas preveem uma elevação de até dois graus da temperatura média tradicional.

A Comissão Nacional de Defesa Civil também sabe disso e já socorre a maioria das cidades. O problema é secular, cíclico, e o assistencialismo favorece alguns deputados, vereadores, prefeitos e cabos eleitorais, que trocam votos por cesta básica e carro-pipa. As obras que prometem a convivência racional com a estiagem prolongada se arrastam e parecem intermináveis.

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