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Saúde
10/10/2018 08:05:00

Morte por infecção é duas vezes maior na rede pública do que na privada


Morte por infecção é duas vezes maior na rede pública do que na privada
Ilustração

A taxa de mortalidade por sepse, ou infecção generalizada, é mais de duas vezes maior nos hospitais públicos do que nos privados. Estudo divulgado pelo Instituto Latino Americano de Sepse (Ilas) mostrou que 42,2% dos pacientes com sepse levados a prontos-socorros das instituições públicas morreram. Já nas instituições particulares, a taxa foi de 17,7%. O levantamento avaliou 74 prontos-socorros do Brasil, dos quais 28 eram públicos e 46, privados.

Estima-se que a sepse atinge de 15 a 17 milhões de pessoas por ano no mundo, sendo 600 mil só no Brasil. Segundo o estudo, a sobrevivência dos doentes aumenta muito se eles forem transferidos para unidades de tratamento intensivo (UTI) nas primeiras 24 horas após a identificação da doença. E essa transferência é mais frequente em instituições privadas.

No SUS e em instituições públicas, os pacientes permaneceram no pronto-socorro até a alta ou o óbito em 38,5% das ocasiões — e a mortalidade desses pacientes foi de 61,8%. Em contrapartida, apenas 6,2% dos pacientes particulares permaneceram no local até a alta hospitalar.

O presidente do Ilas, Luciano Azevedo, um dos autores do estudo, explicou que a sepse é uma resposta inadequada do organismo a uma infecção grave e danifica o funcionamento dos órgãos. Segundo ele, a doença não é um problema apenas de pacientes internados em hospitais, uma vez que grande parte dos casos é de pessoas atendidas nos serviços de urgência e emergência.

“O estudo foi feito em prontos-socorros do país em duas vertentes: tanto a sepse adquirida no hospital quanto a adquirida na comunidade. O que vemos é que a alocação dos pacientes é inadequada nos hospitais públicos, agravando a doença e trazendo altas taxas de mortalidade”, disse Azevedo. De acordo com ele, para melhorar a taxa de sobrevivência dos doentes, é necessário estruturar os serviços, aumentar o número de profissionais, capacitá-los e disponibilizar mais leitos de UTI.

Sinais


“O local mais adequado para o paciente que chega ao pronto- socorro com pneumonia ou AVC, por exemplo, não é o corredor. Se ele tiver uma sepse, isso aumenta a chance de morte. Ele precisa ser tratado na UTI. A equipe precisa identificar rapidamente e ministrar antibióticos”, observou o presidente do Ilas.

“Nos hospitais públicos, há uma dificuldade de acesso e o diagnóstico é tardio. A sepse mata mais do que infarto do miocárdio. Os profissionais precisam saber identificar os sinais. Quanto mais tarde se descobrir a doença, mais alta a taxa de mortalidade”, explicou a infectologista Joana D’Arc Gonçalves da Silva .

Entre os sintomas da doença estão aumento da frequência respiratória, hipotensão e alteração do nível de consciência. “Se o paciente apresenta dois desses pontos, está em sepse. Os médicos têm prazo de uma hora para aplicar a medicação adequada. A ação rápida reduz a mortalidade”, alertou Joana D’Arc. De acordo com a especialista, na rede particular, esse tipo de tratamento é normatizado, diferentemente do que ocorre nos prontos-socorros das instituições do governo.

“Na rede pública, na maioria das vezes, o profissional não sabe identificar a sepse. Quando identifica, faltam médicos e, às vezes, o doente fica na fila junto a outros pacientes. Outras vezes, falta medicação ou mesmo material para exames”, disse a infectologista. Ela afirmou ainda que é necessário capacitar e sensibilizar o profissional para a identificação precoce da doença. “Os cuidados básicos reduzem em 30% o risco de morte por sepse”, acrescentou.

  • Saiba mais

    » A disfunção ou falência de múltiplos órgãos é responsável por 25% da ocupação de leitos em UTIs no Brasil.

    » A sepse é a principal causa de morte nas UTIs e uma das principais de mortalidade hospitalar tardia, superando o infarto do miocárdio e o câncer.

    » A mortalidade pela doença é alta no país, chegando a 65% dos casos, enquanto a média mundial está em torno de 30 a 40%.

    » Por necessitar de equipamentos sofisticados, medicamentos caros e exigir muito trabalho da equipe médica, a doença é a principal geradora de custos hospitalares.

    » Em 2003, aconteceram 398 mil casos e 227 mil mortes por choque séptico no Brasil,  com a destinação de R$ 17,34 bilhões ao tratamento.


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