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Eleição 2018
01/10/2018 18:09:00

As eleições mais inusitadas do país: confira 10 pontos inéditos no pleito


As eleições mais inusitadas do país: confira 10 pontos inéditos no pleito
Ilustração
A campanha de primeiro turno que começou com um presidiário exibindo os melhores índices nas pesquisas e chegou à última semana com um convalescente na dianteira dos levantamentos de intenção de votos tem outras particularidades. Desde a ausência de protagonismo dos marqueteiros aos estragos das fake news, passando pela perda de importância das alianças, a atual corrida presidencial pode ser considerada a mais inusitada da história do país. Ao longo dos últimos dias, o Correio conversou com políticos, acadêmicos e publicitários. Em comum, todos concordam com o ineditismo desta eleição. Um detalhe: vários dos pontos listados pela reportagem possivelmente serão alterados no segundo turno.
 
Um exemplo: o rádio, a televisão e os acordos entre caciques políticos — que valeram pouco na disputa pelo Palácio do Planalto até agora — devem ter relevância na segunda etapa. “Se, até agora, os programas eleitorais não foram completamente relevantes como nas campanhas passadas, ganharão mais destaque no segundo turno”, diz Carlos André Machado, diretor do Instituto Opinião Política, responsável por fazer os levantamentos encomendados pelo Correio. É importante notar que, mesmo sem interferir positivamente na campanha do tucano Geraldo Alckmin — pelo menos como os assessores esperavam —, o horário político reforçou algumas estratégias. “É possível afirmar que, pelo menos em parte, os ataques de Alckmin a Jair Bolsonaro (PSL) frearam o crescimento do capitão”, afirma Ivo Coser, coordenador do grupo de teoria política da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). E, a partir daqui, pode-se criar cenários para o segundo turno.
 
Assim, uma eventual ausência de Alckmin na segunda etapa é preciso ser considerada pelos líderes. A campanha no rádio e na tevê vai até quarta-feira, e volta 48 horas depois que o resultado for proclamado. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a propaganda eleitoral dura 15 dias e terá dois blocos diários de 10 minutos. “Caso se conforme a ida de Bolsonaro ao segundo turno, a campanha que hoje é voltada toda para as redes sociais voltará a ser ‘analógica’. Por isso, estamos nos últimos acertos para fechar com um marqueteiro experiente nos programas de rádio e televisão”, afirma um integrante de um dos núcleos de assessoria do capitão reformado.
 
“Tivemos muita coisa nova. Nem eleitores, nem candidatos estavam prontos. Comunicação, impulsionamento, arrecadação de recursos, protagonismo da mídia social... Não se entendeu muito bem como usar todas essas ferramentas. Um dos grandes desafios é a mudança na cultura da doação. O brasileiro não tem essa disposição. Sem o dinheiro dos eleitores, fica tudo mais difícil”, detalha o especialista em marketing digital Marcelo Vitorino.
 
Militantes de internet
 
Outro ponto observado por especialistas é a participação incisiva dos militantes na internet. Eles usam as redes sociais para defender os pontos de vista e, muitas vezes, falam até em nome dos partidos. “As pessoas foram treinadas para agir assim. Criou-se uma animosidade em torno das celebridades, por exemplo. A tática de vincular o nome de um candidato a uma figura pública é antiga. O problema é quando os seguidores cobram que uma pessoa famosa se posicione politicamente”, explica o professor de ciência política da Universidade Estadual de Goiás (UEG) Felippo Cerqueira.
 
Sem a presença do petista Luiz Inácio Lula da Silva, preso em Curitiba, nos primeiros debates, e com Bolsonaro, internado em hospital, nos últimos encontros, os embates no rádio e na televisão perderam a capacidade de mobilização no primeiro turno. “Os temas acabaram entrando na campanha de qualquer forma. Veja, por exemplo, a questão da corrupção e da segurança pública”, afirma Amaro Grassi, sociólogo e coordenador da Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas (FGV/DAP). “As discussões sobre economia, a partir da história da CPMF, do economista de Bolsonaro, Paulo Guedes, acabaram mostrando aumento de volume nas redes.”
 
O mais significativo nas mudanças é a velocidade da campanha na internet, principalmente no WhatsApp, a partir dos grupos fechados, avalia o professor da FGV. Em tal ambiente circulará a maioria das fake news, como mostrou o Correio na semana passada. A estrutura das notícias falsas migrou dos textos que tentavam reproduzir o formato jornalístico para áudios e vídeos, principalmente depois que plataformas derrubaram páginas de produtores de fake news.Longe dos programas
“As campanhas estão horríveis de maneira geral”, afirma o publicitário Chico Santa Rita, um dos maiores publicitários brasileiros, que hoje vive em Portugal. “Os últimos lances do marketing eleitoral combinados com as ações dos políticos afastaram o eleitor dos programas de televisão. Não há o que fazer. A situação do Brasil está muito ruim, e as propagandas eleitorais refletem isso.” Com as campanhas sem dinheiro para grandes contratados e depois dos escândalos envolvendo os profissionais das campanhas, os marqueteiros se apagaram. Bolsonaro, o primeiro colocado na disputa, sequer temum publicitário oficial. Pelo menos até agora.


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