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Eleição 2018
18/09/2018 13:30:00

Embate entre Bolsonaro e PT assusta o mercado e faz dólar disparar


Embate entre Bolsonaro e PT assusta o mercado e faz dólar disparar
Ilustração

A possibilidade de um segundo turno entre o candidato do PSL, Jair Bolsonaro, e o candidato do PT, Fernando Haddad, tem deixado o mercado financeiro em alerta. O temor é alimentado pela informação atual de que só Ciro Gomes, candidato do PDT, vence Bolsonaro em um eventual segundo turno.

A candidatura do PT é vista com muita ressalva por investidores estrangeiros e brasileiros. O temor é de uma política econômica intervencionista, com a mão do governo em constante ressonância no mercado. Esse cenário de interferência do governo é considerado mais improvável caso seja eleito Bolsonaro. É que o nome de Paulo Guedes, mentor econômico do candidato do PSL, agrada aos investidores por assegurar liberdade ao mercado.

"A figura de Paulo Guedes dá uma previsibilidade maior porque, embora o presidente eleito seja o Bolsonaro, existe uma âncora econômica. Guedes passa a ter uma expressão muito grande, a ponto de não poder ser demitido, de fazer prevalecer todas as convicções econômicas. Se torna uma espécie de primeiro ministro, acumula três pastas, em um superministério, e tem a indicação do presidente do Banco Central", diz Weiller Diniz, vice-presidente da Máquina Cohn & Wolfe, responsável por estudos de intenção de voto.

Bolsonaro, na figura de Paulo Guedes, faz promessas que agradam ao mercado, como reformas, a começar pela previdenciária e a tributária. Promessa de Estado mínimo, com privatizações e redução das despesas.

De outro lado, o programa feito por Haddad promete revogar o teto de gastos, descarta privatização, reformas futuras, exceto algo que simplifique os tributos e taxe mais os mais ricos.

O entrave em um eventual governo Bolsonaro, entretanto, é o Congresso. Para aprovar essas propostas reformistas, o candidato precisará necessariamente ter base. Pautas que implicam mudança na Constituição, como a reforma da Previdência, exigem quórum qualificado. São três quintos dos votos na Câmara e no Senado.

Quem chegar ao segundo turno, terá dificuldade. Um terá dificuldade porque tem agenda reformista e o outro porque não tem agenda reformista.

Um levantamento feito pela XP Investimentos entre os dias 28 e 31 de agosto com investidores mostra que Haddad é o candidato com quem eles estão menos otimistas. A maioria acredita que a Bolsa cairia para menos de 60 mil pontos. Hoje está em torno de 75 mil. Só 5% acreditam que haveria valorização e a Bolsa passaria dos 75 mil.

Quando se trata de Bolsonaro, há uma divergência. 51% acreditam que a Bolsa ficaria abaixo de 85 mil pontos e 49%, acima. No caso do dólar, acreditam que, com o candidato do PSL, a moeda ficaria em torno de R$ 3,60 e R$ 4. Com Haddad, a maioria dos investidores (85%) acredita que a moeda ficaria acima de R$ 4,40.

Esses investidores apostam em menor cotação da moeda e maior valorização da Bolsa em um eventual governo de Geraldo Alckmin (PSDB). Ciro Gomes, único que bate numericamente Bolsonaro nos cenários de segundo turno aferidos, segue a tendência de Haddad entre os investidores. 87% dos entrevistados acreditam que o dólar poderia disparar para mais de R$ 4,40, e a maioria acredita que a Bolsa ficaria abaixo dos 60 mil pontos.

Pesquisa Datafolha de sexta-feria (14) mostra Haddad, com 13% das intenções de voto, crescimento de 4 pontos percentuais comparada a sondagem divulgada segunda-feira (10). O petista empata com Ciro Gomes, que também tem 13%. Já Bolsonaro, tem 26%, oscilou positivamente 2 pontos, dentro da margem de erro que também de 2 pontos percentuais.

Haddad substituiu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na corrida presidencial. Preso em Curitiba, o petista, que foi impedido de concorrer por ter sido barrado na Lei da Ficha Limpa, liderava as pesquisas de intenção de voto com índice de 39%. A esperança do PT é que Haddad herde votos do padrinho político.

Previsão na corrida presidencial

O que tem feito que o mercado se movimente, além das pesquisas eleitorais, são as pesquisas qualitativas e o trackings que partidos políticos e corretoras vêm fazendo.

A campanha de Geraldo Alckmin (PSDB), por exemplo, já identificou que os alvos preferenciais para o segundo turno são PT e PSL, por isso o tucano passou a desconstruir a figura de Bolsonaro e usar o argumento de que votar no capitão da reserva do Exército significa facilitar para o PT a volta ao poder.

Analistas de mercado e cenário políticos ouvidos pelo HuffPost Brasil acreditam que Haddad adotará um discurso com acenos ao mercado. A aposta é de que será lembrado que o candidato é o menos petista dos petistas e será destacada ainda sua gestão econômica à frente do comando da capital de São Paulo.



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