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Opinião
18/09/2018 12:30:00

A urgência da Educação


A urgência da Educação
Ilustração

Às vésperas de mais uma eleição, muito se discute sobre segurança e emprego, temas que não saem do noticiário diário em praticamente todos os veículos de comunicação. A Educação, apesar de ter aparecido em algumas questões nos debates televisivos e nas falas dos candidatos, ainda não é tema de discussões estruturantes, que se aprofundem de verdade nos problemas do nossos sistema de ensino.

Ainda não vemos a área educacional como primordial para o desenvolvimento do País em todas as esferas sociais, e nem a enxergamos com a urgência que ela precisa – o que é absurdo se pensarmos que vivemos em um País onde 55% das crianças não sabem ler e escrever aos 8 e 9 anos de idade. Isso significa que metade dos nossos alunos e alunas não estão avançando na trajetória escolar adequadamente, pois não têm as ferramentas necessárias para aprenderem os conteúdos das séries seguintes.

Apesar disso, a população reconhece a importância da Educação. A maioria dos brasileiros demonstra insatisfação com a escola pública, segundo a última pesquisa Retratos da Sociedade Brasileira - Educação Básica, realizada pelo Todos Pela Educação em parceria com a CNI (Confederação Nacional da Indústria) e divulgada no início deste ano. Os dados mostram que apenas 34% classificam a educação básica pública como "ótima" ou "boa". Além disso, 22% pensam que os alunos saem dos ensinos fundamental e médio despreparados para a etapa escolar subsequente.

A pesquisa também mostrou que 77% dos brasileiros concordam total ou parcialmente que o problema da violência está diretamente relacionado com a baixa qualidade da Educação, e que 6 em cada 10 brasileiros dizem o mesmo em relação à corrupção. Além disso, 74% dos participantes do levantamento concordam que um ensino de baixa qualidade prejudica o desenvolvimento do País.

Assim, partindo da ideia que o tema não ganha prioridade e urgência necessárias na pauta política, mas que existe o reconhecimento social de que ele é importante, o Todos Pela Educação lidera, neste ano, o Educação Já!, uma iniciativa suprapartidária que reúne movimentos, especialistas e instituições para debater e construir soluções e medidas urgentes para serem implementadas pelos próximos governos.

Tal conjunto de propostas está consolidado em uma agenda técnica com diagnóstico completo e diretrizes definidas, que foi apresentada aos candidatos e candidatas à Presidência da República no decorrer deste ano.

O documento, que já está disponível aqui para consulta pública, traz 7 prioridades educacionais que devem orientar as políticas públicas para que o Brasil avance rumo a um sistema de ensino com mais qualidade de equidade.

São elas:

  • aprimorar a política nacional de alfabetização para todas as crianças até os 8 anos de idade;
  • oferecer apoio e incentivo às redes para a implementação da Base Nacional Comum Curricular da educação infantil e do ensino fundamental;
  • realizar alterações legais nos mecanismos de financiamento da educação básica, em especial no Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação);
  • criar uma política nacional de valorização e profissionalização docente;
  • reestruturar as regras de governança do sistema educacional a partir da criação de um Sistema Nacional de Educação;
  • aprimorar a política de fomento à expansão da jornada escolar e coordenar/apoiar os Estados na reorganização do funcionamento do ensino médio;
  • e, por fim, instituir política nacional intersetorial para a primeira infância.

Para o Todos Pela Educação, independentemente do candidato eleito em outubro, o governo precisa priorizar de verdade a educação básica em seu mandato. Porque sem Educação de qualidade não há país mais seguro, saudável, com economia sustentável e com menos desigualdades sociais.

Essas 7 prioridades sintetizadas brevemente neste texto são um guia fundamental para que o País avance de forma mais justa. Aonde queremos chegar se as nossas crianças não estão aprendendo? Que tipo de nação queremos ser se não estamos garantindo o mínimo aos nossos jovens?

Precisamos entender, de uma vez por todas, que apesar de a Educação não ser a solução para todos os problemas do País, a resposta para eles passa, inegavelmente, por ela.

Não há mais segurança, mais saúde, mais emprego, mais cultura, mais ciência, mais diversidade se não tivermos mais Educação. E não é qualquer Educação, mas aquela que garanta a todos e a todas mais oportunidades no presente e no futuro.

*O HuffPost Brasil dedica as semanas que antecedem as eleições para se debruçar sobre temas fundamentais para o próximo governante e Parlamento eleitos. Convidamos players relevantes da sociedade civil e especialistas para pensar juntos os desafios do Brasil. Este artigo integra a semana temática de Educação.



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