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Economia
17/09/2018 18:30:00

Apesar da alta do dólar, alagoanas dizem economizar com enxoval comprado nos EUA


Apesar da alta do dólar, alagoanas dizem economizar com enxoval comprado nos EUA
Ilustração

Desejar um filho, se planejar, descobrir que está grávida. Ou até mesmo engravidar inesperadamente, sem traçar quaisquer planos. Seja como for, o sentimento de alegria que geralmente acompanha esse momento pode, muitas vezes, ser substituído logo, logo por uma série de preocupações. Dar conta da missão, cuidar da saúde e, claro, fazer o enxoval do bebê. Por onde começar e, mais ainda, quanto isso vai custar?

Para os papais de primeira viagem - inexperientes nesse novo mundo -, pode custar muito. Afinal, a oferta de produtos é grande e o preço, nem sempre convidativo. Alguns alagoanos, porém, têm arrumado uma solução "estrangeira" para o problema: trazer itens como eletrônicos, roupinhas e até remédios de países onde tudo isso é mais barato. E, mesmo com o dólar em alta e os custos da viagem, eles garantem: ainda vale a pena.

"Valeu a pena demais. Meu marido e eu colocamos tudo na ponta do lápis para ter certeza de que viajar seria a melhor opção. A internet ajudou a compararmos os valores. Além disso, procuramos cupons de desconto das lojas e passagem aérea na baixa temporada. Também contabilizamos aluguel de carro, hospedagem e alimentação", diz a jornalista Renata Arruda, mãe da pequena Maria, de dois meses.

A opção pode ser explicada pela grande diferença de preços. Uma mamadeira com dispositivo anticólica, que no Brasil custa em média R$ 65, sai a $ 9 nos EUA. Já um termômetro auricular passa de 33 dólares para R$ 399, enquanto a bomba elétrica para extrair leite sai quase dez vez mais cara por aqui: $ 112,90 contra R$ 999,90. Itens simples, como absorventes para seios, caem de R$ 50 para $ 4,99.

Até itens maiores e que pesam mais na hora de transportar, como bebê conforto e carrinhos, acabam saindo vantajosos. O primeiro, por exemplo, custa em média 15 dólares na terra de Trump e vai para pelo menos R$ 110 nas lojas brasileiras. No carrinho de três rodas, a diferença é ainda maior: de $ 279 o objeto pula para R$ 3999, ou quase 15 vezes mais.

Além de produtos do tipo, Renata trouxe ainda utensílios para introdução alimentar, roupas de zero a dois anos e eletrônicos como a babá eletrônica e a bomba de tirar leite. Remédios também entraram na lista. "Vale a pena comprar remédios e itens de higiene pessoal tanto pelo valor quanto pela diversidade. Os Estados Unidos comercializa remédios que julgo essenciais e não são vendidos no Brasil, como o Colic Calm".

 

Renata conta que economizou 70% no enxoval da filhinha, Maria

FOTO: ARQUIVO PESSOAL

Segundo ela, a economia fazendo o enxoval no exterior foi de cerca de 70%. A jornalista acrescenta que todos os itens, sem exceção, foram mais baratos lá fora. "O carrinho que escolhi custou 500 dólares. Na época, o valor saiu em torno de R$1.500. No Brasil, o mesmo carrinho custa cerca de R$ 5 mil. Por causa disso, aproveitei a oportunidade para escolher os melhores produtos pagando um valor acessível".

Outro aspecto que impressionou a mamãe foi a qualidade das mercadorias, ponto que faz da América do Norte destino certo."É gritante a diferença na qualidade. Neste quesito, os americanos nos superam, os itens realmente são de alto padrão", conta ela, que aproveitou a oportunidade para também passear com o marido. "Além do enxoval, aproveitamos para passear e conhecer lugares novos", relata.

MUDANÇA DE DESTINO

Enquanto para Renata a ideia de ir aos Estados Unidos surgiu após o descobrimento da gravidez e também de uma extensa pesquisa sobre as possibilidades de economia, para a publicitária Camila Alves ela veio com uma ajudinha do destino. Mãe de Joaquim, de 1 mês e 15 dias, ela já tinha passagem comprada quando soube que esperava o primeiro filho e decidiu apenas mudar o destino.

Itens como a bomba de leite custam bem menos nos EUA

FOTO: ARQUIVO PESSOAL

"Já tínhamos uma viagem marcada com passagem comprada quando descobri que estava grávida. Como o lugar não era tão proveitoso para mim estando grávida, decidimos mudar a passagem para os EUA. Já tínhamos o exemplo de amigos próximos que viajaram para fazer enxoval, então não foi difícil decidir. Foi bem automátic!", lembra ela, que comprou de tudo por lá.

Na relação dela, entraram também carrinho, bebê conforto e itens de higiene e alimentação, como mamadeiras, pratinhos, garrafinhas térmicas, potinhos para lanche, banheira, pomada para prevenir assaduras. E Camila trouxe ainda babá eletrônica, brinquedos e roupinhas até dois anos de idade, artigos que, aponta ela, apresentam uma das maiores variações de preço. 

Assim como aconteceu com Renata, a qualidade de algumas das mercadorias foi outro ponto analisado. "Muitos dos itens que compramos já são encontrados no Brasil e a diferença de preço é absurda. Alguns produtos sentimos diferença de qualidade, outros são mais uma questão de marca", expõe a publicitária, que não sabe ao certo quanto gastou, mas garante que o valor economizado compensou os custos do deslocamento.

"Posso afirmar que apenas o carrinho, a babá eletrônica e algumas roupinhas compensaram o valor da passagem e trouxemos muitos itens além desses. Por coincidência, nos questionamos esses dias que, com o dólar no atual valor, não viajaríamos com a intenção exclusiva de fazer enxoval", afirma ela, lembrando a flutuação da moeda americana, que chegou a R$ 4,13 essa semana.

AINDA VALE A PENA?

Parte dos produtos que Renata trouxe dos Estados Unidos

FOTO: ARQUIVO PESSOAL

Segundo consultoras especializadas em enxoval - que trabalham nos Estados Unidos atendendo brasileiras que viajam com esse fim -, mesmo com o dólar em alta ainda vale a pena adquirir alguns produtos por lá. Morando em Miami há 10 anos, Priscila Goldenberg é uma das que oferece o serviço e diz que a economia ainda é grande. Ela comanda uma equipe com 21 profissionais, todas mães e brasileiras.

 

"A diferença dos preços dos produtos nos EUA para o Brasil, comparando as mesmas marcas, é de duas, três ou até quatro vezes mais barato. O dólar pode ir a R$ 5 que nos EUA ainda é muito mais barato. No Brasil são poucos produtos com preços similares", aponta, em entrevista ao Diário do Nordeste, a consultora, que orienta os clientes sobre o que vale ou não a pena trazer.

Os valores sobrados por serviços de enxoval com consultoria variam de acordo com o pacote escolhido. O Personal Shopper Presencial de Priscila, que inclui dois dias de compras, custa $ 550. Já outra brasileira, Bruna Knijnik, cobra R$ 29,90 para gerar uma lista de enxoval premium no site dela. A lista personalizada, com fotos, tradução e dicas de loja, sai por 100 dólares.

Outra opção é fazer o enxoval remoto, tendo os produtos entregues em casa.  "Também faço enxoval à distância, no qual envio os produtos para as clientes no Brasil. A solução do enxoval remoto está sendo bem procurada por casais que querem comprar os produtos nos Estados Unidos, mas, com o dólar alto, preferem economizar em passagem, hotel, táxi e alimentação", comenta Knijnik.  

Para Renata Arruda, a experiência valeu a pena. "Mesmo com a alta do dólar, vale a pena viajar. Pra quem tem dúvida, o ideal é pesquisar e assim decidir se a viagem é viável ou não", recomenda.

 

 

 

 

 



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