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Eleição 2018
17/09/2018 17:00:00

Voto útil: Eleitores e campanhas antecipam estratégia para o primeiro turno


Voto útil: Eleitores e campanhas antecipam estratégia para o primeiro turno
Ilustração

A liderança de Jair Bolsonaro (PSL) na disputa pela Presidência da República e a disparada nas pesquisas de Fernando Haddad (PT), candidato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, anteciparam a defesa do chamado voto útilpelos eleitores e também pelas campanhas.

O primeiro a lançar a estratégia foi Geraldo Alckmin (PSDB). Estacionado na corrida com 9% das intenções de voto, conforme pesquisa Datafolha divulgada nesta sexta-feira (14), o tucano tem apelado à defesa do voto útil com foco no antipetismo, que já era marca de sua campanha, na busca por eleitores do centro e da direita que hoje estão alinhados com Bolsonaro.

Alckmin tem repetido em entrevistas e também nas redes sociais que votar em Bolsonaro é "abrir caminho para a volta do PT". "Basta ver a simulação de segundo turno para perceber que o Bolsonaro é um passaporte para a volta do PT. Você vota num, elege o outro", escreveu na quarta-feira (12), no Twitter.

"O que eu puder fazer para evitar isso [volta do PT], eu vou fazer. Acho que vai ter voto útil à medida que vai avançando a campanha", disse o tucano na quinta (13), em sabatina do jornal O Globo.

Também conhecido como voto estratégico, o voto útil é aquele em que o eleitor, a fim de evitar a vitória de determinado candidato, põe de lado a sua convicção política.

"É antecipar o voto naquele candidato que você acredita ser capaz de derrotar o seu adversário. O eleitor abre mão da sua preferência por uma estratégia, para evitar um mal maior, digamos assim", afirma o cientista político Vitor Marchetti, professor da Universidade Federal do ABC (UFABC).

 

DIEGO VARA/REUTERS
Bolsonaro (PSL), que agora se recupera de uma facada, arrastou multidões por onde passou.

 

Alckmin calcula que o plano do PT de transferir votos de Lula para Haddad será bem-sucedido, com chance de o ex-prefeito de São Paulo passar para o segundo turno.

A avaliação tucana em relação a Bolsonaro, por outro lado, é de que a candidatura do ex-capitão pode morrer na praia. Líder isolado com 26% das intenções de voto no primeiro turno, Bolsonaro tem dificuldade em vencer qualquer adversário nas simulações de segundo turno. Alckmin, por sua vez, venceria Haddad com certa folga (40% contra 32%, mas com 25% de indecisos), ainda de acordo com o último Datafolha.

O tucano também pode ser beneficiado pela ausência de Bolsonaro das ruas para crescer entre o eleitorado. Esfaqueado no último dia 7 durante ato de campanha, Bolsonaro continua internado em estado grave e deve passar por um processo lento de recuperação. Longe de seu comando, a campanha atravessa uma crise, e aliados admitem que não têm condições de "levar milhares às ruas" como faz o candidato.

Voto útil na esquerda

Enquanto Alckmin tenta abocanhar votos de Bolsonaro, os candidatos empatados no segundo lugar, Ciro Gomes (PDT) e Haddad – ambos ex-ministros de Lula – tentam conquistar os eleitores alinhados à esquerda para garantir uma vaga no segundo turno. Uma série de memes sobre essa possível divisão já circula nas redes sociais.

 

PILAR OLIVARES/REUTERS
Haddad (PT) dispara, e adversários já o veem como potencial candidato a uma vaga no segundo turno.

 

Com a credencial de "candidato do Lula", Haddad saltou de 4% das intenções de voto, no Datafolha de 22 de agosto, para 9% em 10 de setembro e 13% na pesquisa desta sexta. Ciro também cresceu, mas manteve os 13% do levantamento anterior.

Anti-Bolsonaro

Se na centro-direita o voto útil é aquele que pode derrubar o PT, na esquerda o objetivo é evitar a vitória de Bolsonaro escolhendo um candidato com potencial para derrotá-lo. Para os eleitores dispostos a fazer esse cálculo, a atenção às pesquisas eleitorais é essencial.

"Quanto mais pesquisas, melhor. Esse é o princípio. O cenário em que o cidadão está mais informado é aquele em que as pesquisas foram mais numerosas", diz o cientista político Bruno P. W. Reis, vice-diretor da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

"A ideia [do voto útil] é votar dentro de um parâmetro minimamente realista, informado pelas pesquisas. É legítimo, o eleitor tem o direito de fazer isso", conclui o professor.



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