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Cultura
17/09/2018 15:00:00

Denise Milan, a artista que quer valorizar a história e a força da natureza


Denise Milan, a artista que quer valorizar a história e a força da natureza
Denise Fraga

A grande questão é decodificar. Para ela é isso. Não só decifrar a história do que vê, mas conseguir encontrar o que tem uma história para contar. Talvez esse seja o grande desafio de seu trabalho. Há mais de 30 anos busca isso nas pedras. Mas, na verdade, essa relação começou antes disso - como tudo na vida, aliás. Ao olhar com atenção, sempre vamos encontrar um significado lá atrás para o que acontece hoje. Aos cinco anos de idade, ela fez seu primeiro desenho. Um sol. Nessa mesma época ganhou do pai uma caixa com pedras brasileiras. Foram as duas primeira referências de natureza de que se lembra. "Foram me guiando. Já estava ali dado".

Nessa mesma época, brincava de construir caixas, entrava em um quartinho verde que tinha e ali despertava para seu imaginário e construía universos. "Sempre via eles na minha frente". Denise Milan, 64 anos, continua vendo. Hoje, com 40 anos de carreira como artista, está tudo ali na sua frente. E comemora a fase em que está. Neste ano, Denise lança dois livros sobre seu trabalho, é uma das artistas convidadas da 33a Bienal de São Paulo e apresenta uma exposição individual na galeria Lume. Além disso, há quase dez anos desenvolve um projeto de arte educação com crianças e adolescentes na comunidade de Heliópolis. Tudo com a pedra como protagonista.

Em sua casa, são muitas. Chega descalça para receber a reportagem, contato direto com a pedra do chão de sua sala. Como deve ser. Ela e o que está no subsolo. Ela e toda essa pedra. Próximo a janela, um livro de meditação repousa entre outras amostras que têm, quase como se estivesse protegido e energizado por elas. No estúdio quem tem em casa, também quem domina são as pedras. E é justamente isso que Denise quer. "Estou trabalhando com uma nova percepção daquilo que todo mundo conhece e não viu. A pedra sempre foi um objeto e aqui [no meu trabalho] entra como protagonista. Ao possibilitar trazer sua narrativa e contar o processo de criação no qual está envolvida, ela deixa de ser um objeto de decoração para virar um portador de história, um portador de narrativa e quando percebemos que as narrativas antecedem a nossa própria existência a gente percebe que faz parte de uma narrativa mais antiga, um trajeto maior, uma criação maior".



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