A apreensão de malas com US$ 1,4 milhão e 20 relógios de luxo no Aeroporto de Viracopos não é a primeira notícia que liga Teodoro Obiang Mang, filho do ditador da Guiné Equatorial, ao Brasil e a dúvidas sobre o uso de sua fortuna pelo mundo.
Saiba mais sobre Teodorín - como ele é conhecido:
A ex-colônia espanhola na África Ocidental tem 1,2 milhão de habitantes. A Guiné Equatorial é a terceira maior produtora de petróleo da África, mas a população é extremamente pobre (138º lugar no Índice de Desenvolvimento Humano).
Enquanto isso, o ditador e seu filho não escondem sua fortuna pelo mundo.
A França é o país que mais aperta o cerco contra Teodorín, mas nunca conseguiu que ele cumprisse pena pelos alegados crimes financeiros.
Em 2012, a França já havia o condenado por corrupção e, no ano seguinte, chegou a pedir sua extradição ao Brasil quando ele passou pelo país no Carnaval, mas ele não foi pego.
Dois anos depois, uma mensagem interceptada pela Polícia Federal na Operação Lava Jato indicou que diretores da empreiteira brasileira OAS, que tinha relações comerciais com a Guiné Equatorial, teriam ajudado a advertir Teodorín a sair do Brasil antes de ser extraditado para a França em 2013.
Em 2017, a Justiça francesa voltou a pedir 3 anos de prisão por desvio de verbas públicas, enriquecimento ilícito, corrupção e lavagem de dinheiro.
As autoridades francesas desconfiaram dele após a aquisição de um palacete em Paris e carros de luxo. Um dos imóveis dele vale em 110 milhões de euros e fica perto do Arco do Triunfo.
Entre os carros, estão Ferraris, Bentley, Bugatti Veyron, Porsche Carrera, Maybach Mercedes, Aston Martin, Maserati e Rolls-Royce.
Em 2014, a Justiça dos EUA também decidiu que os bens dele em território norte-americano fossem confiscados.
Segundo o jornal O Globo, a investigação francesa também revelou que Teodorín tem vários imóveis no Brasil, que valem mais de US$ 200 milhões de dólares.
O ditador de Guiné Equatorial, Theodore Nguema Obiang, pai de Teodorín, acompanhou o desfile da Beija-Flor em um camarote na Sapucaí — Foto: Alexandre Durão/G1
A passagem mais polêmica de Teodorín pelo Brasil foi em 2015, quando a Beija-Flor fez um enredo campeão no Rio sobre a Guiné Equatorial. O desfile custou R$ 10 milhões, mas nunca ficou claro quem pagou.
O governo da Guiné Equatorial negou ter disponibilizado a verba em homenagem ao país africano e informou que apenas apoiou uma iniciativa idealizada por empresas brasileiras "que mantêm operações" por lá.
O presidente da Beija-Flor, Farid Abraão David, confirmou em que a agremiação recebeu ajuda de empresas brasileiras, mas não informou de onde vieram as doações e nem qual foi o valor recebido.
As funkeiras brasileiras Lexa e Ludmilla participaram da festa de aniversário de Teodorín neste ano. Também teriam se apresentado astros pop internacionais como Akon, Sean Kingston e Ludacris.
Foi o primeiro show de Lexa fora do Brasil. No Instagram, ela mostrou o quarto do hotel de luxo onde ficou hospedada no país.
Segundo a cantora, artistas do mundo todo se apresentaram na comemoração.
Lexa faz show na África — Foto: Reprodução/Instagram
Relógio cravejado de diamantes foi apreendido nas malas não diplomáticas do vice-presidente da Guiné Equatorial — Foto: Divulgação
A Delegação chegou em aeronave do governo ao aeroporto de Campinas (SP), mas não estava em missão oficial. Foram apreendidos em uma mala US$ 1,4 milhão e R$ 55 mil. Em outra mala, cerca de 20 relógios avaliados em US$ 15 milhões.
Em depoimento à Polícia Federal, o secretário da Embaixada da Guiné Equatorial explicou que o filho do ditador veio ao Brasil para tratamento médico, e que o US$ 1,4 milhão em uma das malas seria utilizado em missão oficial posterior, com destino a Singapura. Sobre os relógios, o secretário informou que seriam de uso pessoal de Teodoro Obiang Mang.
PF apreendeu US$ 1,4 milhão em uma das malas da comitiva da Guiné Equatorial — Foto: Divulgação