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09/09/2018 09:30:00

São José da Laje, a Princesa das Fronteiras, e suas atrações


São José da Laje, a Princesa das Fronteiras, e suas atrações
São José da Laje reserva ecologica Osvaldo Timoteo

Em continuidade ao roteiro Caminhos da Liberdade, encontramos São José da Laje, município na região Serrana dos Quilombos, a cerca de 100 quilômetros de Maceió. Tendo como divisas as cidades de Canhotinho, em Pernambuco, ao norte, União dos Palmares ao sul, Ibateguara a leste e Santana do Mundaú a oeste, é uma das principais cidades da zona da mata Alagoana. Considerada a “Princesa das Fronteiras” por ser uma cidade organizada e acolhedora e também fazer divisa com o estado de Pernambuco.

A origem da cidade está ligada às primeiras expedições comerciais feitas entre Porto Calvo, Porto de Pedras e outros municípios situados no Litoral Norte, além de algumas cidades de Pernambuco como Rio Formoso, Cabo de Santo Agostinho e Serinhaém. Sua expansão, no entanto, deveu-se realmente a motivos religiosos.

Em 1828, já havia uma doação feita por José Vicente de Lima e sua mulher, Angélica de Mendonça, a São José. O casal era dono de um antigo engenho de açúcar onde mais tarde se instalou a fazenda Boa Esperança. O contorno das terras doadas não era bem definido, mas citava o Rio Canhoto, no ponto onde está hoje a cidade. Em 28 de julho de 1876, o povoado era desenvolvido e se chamava Laje do Canhoto. A Assembleia Provincial o elevou à categoria de vila, com o título de São José da Laje.

São José da Laje tem grande potencial turístico, ainda a ser explorado. Podemos citar a Usina Serra Grande, fundada em 1894 no engenho Serra Grande, pelo coronel Carlos Benigno Pereira de Lyra, que é o marco maior da economia; a Casa dos Signos, conhecida também como Solar dos Pinheiros, teve sua construção iniciada em 1952, e concluída em junho de 1954 em estilo greco-romano, a Igreja Matriz de São Carlos/São José, em estilo barroco, construída em 1923, pelo coronel Carlos Lyra, que veio a falecer um ano depois, deixando os trabalhos já bastante adiantados e o Museu Maria Fumaça, composto por um rico acervo com registros fotográficos, mobiliário e maquinário permitindo ao público o acesso aos registros de toda a sua história.

Usina fundada no município em 1894 abriga o Museu Maria Fumaça (Foto: Prefeitura de São José da Laje)

Seu maior atrativo, no entanto, é a Reserva Ecológica Osvaldo Timóteo, uma área voltada para o reflorestamento e conservação da Mata Atlântica. Moldada para amantes da ecologia, oferecendo um diferencial inédito da região com seu perímetro preservado da Mata Atlântica, corredor de bambuzais, nascentes de água potável, lagos, espaço de preservação de aves e pássaros em extinção, o visitante pode optar por passar um dia ecológico (com café da manhã, trilhas e almoço) ou então ficar na pousada (localizada dentro da reserva) e respirar ares diferentes, o que é sempre legal.

Reserva ecológica substitui cana-de-açúcar

Um sonho de infância fez com que o produtor de cana de açúcar, Osvaldo Timóteo da Silva, desistisse dos negócios com a exploração agrícola para cultivar um espaço onde pudesse viver em sintonia com a natureza. Foi com persistência e amor pela natureza que ele implantou em São José da Laje, uma fazenda para poder criar animais e cultivar diferenciados tipos de plantas. Nascia assim a reserva ecológica Osvaldo Timóteo.

Um empresário e produtor rural que vivia da exploração natural para sua sobrevivência, finalmente viu seu sonho realizado. Sua propriedade foi considerada como Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), confirmado pelo Governo Federal em 2007, ou seja, é uma área integrante das Reservas Particulares do Patrimônio Natural do Brasil. Isso quer dizer que são áreas de conservação da natureza em terras privadas. Este tipo de reserva tem como objetivo promover a educação ambiental, atividades científicas, culturais, recreativas e de lazer. Lá também se desenvolvem atividades econômicas que não comprometem o equilíbrio ecológico como o ecoturismo.

O local era coberto por cana-de-açúcar, de onde provinha a renda familiar e na qual ele explorou por uma década. Em 1986 Osvaldo Timóteo colheu sua última safra, deixou de lado o cultivo e passou a projetar seu sonho de preservação. Foi então que começou a trocar a lavoura pelo reflorestamento, um processo árduo que foi sendo implantado ao poucos com ajuda e dedicação integral de toda a família compostas por ele, a esposa, dez filhos e doze netos.

O sonho do produtor era de ver animais, plantas e recursos hídricos vivos e preservados para o bem estar das pessoas. Foi com essa perspectiva de vida e pelo amor a natureza que ele comprou a fazenda, parou as atividades agrícolas e pôs em prática o processo de preservação do meio ambiente. O canavial foi substituído pela mata, que foi rebrotando com o tempo e pelo reflorestamento através de um projeto próprio de plantar 50 mil árvores.

Na reserva, as pessoas estão em contato permanente com a fauna e a flora, onde animais andam em liberdade sem medo da ação predatória do homem, plantas que crescem e se reproduzem sem o temor das queimadas e da retirada ilegal de madeira. As nascentes de rios são protegidas e as margens cultivadas para não ocorrer degradação, assim os peixes e os anfíbios conseguem sobreviver em um ambiente hospitaleiro.

Até agora foram catalogadas mais de sessenta espécies de aves, centenas de tipos diferentes de espécies de plantas e uma grande variedade de animais e répteis, como: tatu, teju, raposas, preguiças, camaleões, cobras de várias espécies, entre outros animais vivendo livremente pela reserva.

A reserva possui atualmente todo suporte técnico e cientifico para garantir o manejo correto do solo, o uso controlado da água e da energia, além de servir para pesquisadores que se interessam em realizar trabalhos e pesquisas de cunho ambiental.  Conta ainda com apoio logístico e de infraestrutura para receber visitantes e amantes da ecologia que queiram conhecer e aproveitar com responsabilidade os recursos naturais.



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