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Economia
09/09/2018 10:00:00

Ações brasileiras na Bolsa de NY valorizam após atentado a Bolsonaro


Ações brasileiras na Bolsa de NY valorizam após atentado a Bolsonaro
Ilustração

O mercado aposta que o atentado contra o candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro, dará nova direção às eleições, enfraquecendo a possibilidade de a esquerda marcar presença no segundo turno. Após uma reação imediata de euforia na quinta-feira, com alta da Bolsa de Valores de São Paulo e queda do dólar, o feriado da Independência refreou o movimento no Brasil. Lá fora, no entanto, os recibos das ações de empresas brasileiras negociadas em Nova York, as chamadas ADRs, operaram em alta ontem.

A leitura do mercado é de que Bolsonaro passou a ser vítima e vai ocupar o noticiário, tomando lugar de Lula. Além disso, as candidaturas dos adversários, como a de Geraldo Alckmin (PSDB), vão ter que repensar as estratégias de bater em Bolsonaro, pelo menos enquanto ele convalesce, avaliou a XP Investimentos, em relatório. “A campanha tucana reconhece que o tempo perdido pela trégua é o pior dos efeitos. O partido conseguiu alterar o planejamento de mídia e suspendeu os ataques na televisão a Jair Bolsonaro até segunda-feira”, informou.

Na opinião de Ivo Chermont economista-chefe da Quantitas, a eleição recomeçou agora. “O mercado estava comprando a ideia de que Bolsonaro estava ficando fragilizado e que perderia a chance de ir para o segundo turno”, disse. Com isso, havia o temor de que a esquerda poderia ganhar de novo. “A impressão que o mercado teve ontem é de que Bolsonaro pode se fortalecer no segundo turno. Portanto, a eleição recomeçou com estratégias diferentes”, ressaltou.Para Chermont, Bolsonaro e Geraldo Alckmin no segundo turno é o cenário ideal para o mercado, porque elimina a possibilidade da esquerda. “As pesquisas da próxima semana serão decisivas para ver a repercussão, porque o fato é sem precedentes” comentou. Segundo Chermont, há quem aposte que Bolsonaro vai crescer de 20 para 30 pontos, enquanto outros estimam que ele vai perder tempo de fazer campanha.

No entender de Sidnei Nehme, diretor da NGO Corretora de Câmbio, o mercado teve um reflexo contrário à expectativa. “O normal teria sido o dólar disparar em momento de tensão. Acredito que o mercado entendeu que diminuiu as possibilidades de entrar um partido de esquerda, com mais chances para o centro e a direita”, ressaltou.

Nehme destacou, no entanto, que saíram dados fortes no emprego dos Estados Unidos, o que fortalece a moeda norte-americana perante outras divisas e também reforça o aumento dos juros nos EUA. “Isso atrai o capital para os Estados Unidos, aí o dólar pode se valorizar ainda mais”, afirmou.

Pedro Galdi, analista da Mirae Corretora, assinalou que as ADRs abriram e fecharam em alta — os recibos da Petrobras subiram 3,86%, os da Vale, 0,15%, os da Eletrobras, 1,97%, e os do Itaú, 2,03%. “Foi um pregão de alta volatilidade no mundo todo. As bolsas perderam força por conta do cenário externo, que repercutiu a tuitada de Donald Trump (presidente dos EUA) ameaçando retaliar a China e intensificar a guerra comercial, o que pode representar uma queda do PIB (Produto Interno Bruto) mundial”, explicou Galdi.

Fim de feira


Para o economista Roberto Luiz Troster, o efeito no mercado na quinta-feira foi de “fim de feira”. “Os últimos negócios sempre fazem a diferença. Era véspera de feriado e o fim de feira pode dar em qualquer coisa”, avaliou. O especialista aposta em muita volatilidade daqui para frente. “Serão quatro semanas emocionantes. Para o investidor, fica o risco. Qualquer coisa que faça tem risco para os dois lados, de queda ou de alta. Não tem direção”, estimou.

Já para Tony Volpon, economista-chefe do UBS no Brasil, o que pode ter ocorrido, com a euforia do mercado após o atentado a Bolsonaro, foi um efeito de “manada”. “Há uma percepção de que ele sai fortalecido. O problema dessa tese é que houve um reflexo, algo como movimento de manada. Então está subindo, também vou comprar. Temos que esperar a semana que vem para realmente fazer algum tipo de julgamento”, disse.

  • Em expansão

    A economia dos Estados Unidos gerou 201 mil vagas em agosto, ante 147 mil postos em julho, superando as previsões de analistas. Os números, divulgados ontem pelo Departamento do Trabalho, indicam que a atividade econômica no país está em aceleração.  Ao longo dos três últimos meses, a economia norte-americana criou, em média, 185 mil vagas por mês, superando a média de 2017, de 182 mil. O salário médio também ganhou força e aumentou 0,37%. Apesar dos dados positivos, a taxa de desemprego manteve-se em 3,9% no mês passado.


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