19/04/2024 21:02:57

Saúde
07/09/2018 07:44:00

Câncer é sintoma do sucesso da humanidade, afirma Siddhartha Mukherjee


Câncer é sintoma do sucesso da humanidade, afirma Siddhartha Mukherjee
Ilustração

Entender as razões pelas quais algumas pessoas têm câncer e outras não é o maior desafio da pesquisa oncológica hoje, afirma um dos maiores especialistas na área, o pesquisador da Universidade Columbia Siddhartha Mukherjee (pronuncia-se muquérdi).

A razão, diz o médico, é que há uma boa compreensão sobre as causas da doença, mas pouco se sabe o que, de fato, protege uma parte da população. "Quando começarmos a responder o porquê, será um momento realmente transformador."

Autor do livro "O Imperador de todos os Males", pelo qual recebeu o prêmio Pulitzer em 2011, Mukherjee fez nesta quinta (6) a abertura do seminário Tecnologia Contra o Câncer, realizado pela Folha, com patrocínio da Roche e apoio do Hospital Sírio-Libanês e da farmacêutica Abbvie.

Jovem tem dedo amputado após ter câncer por roer unhas

O aumento no número de casos da doença se deve à maior expectativa de vida, afirma o indiano radicado nos Estados Unidos. "O câncer é, ironicamente, um sintoma do nosso sucesso como seres humanos."

Entre os desafios para o tratamento da doença, Mukherjee destacou a variedade do que chama de "impressão digital genética" de cada câncer. "Podemos olhar para duas mulheres com câncer de mama, dois tumores aparentemente iguais, com as mesmas características, e eles podem ser duas doenças completamente diferentes."

O papel da medicina personalizada é entender, entre as características genéticas iguais e distintas de cada câncer, quais são as mais importantes e devem ser atacadas pela medicação.

Apesar de discutir profundamente o tratamento, o pesquisador defende que se concentre esforços para prevenir a doença. Na divisão de recursos, a maior parte deve ser gasta na prevenção, uma parte intermediária com o tratamento precoce e a menor com o tratamento da doença desenvolvida.

Entre os fatores de risco, Mukherjee destacou o tabagismo e a obesidade. Iniciativas que reduziram o número de fumantes nos EUA, por exemplo, são ligadas à queda nos casos de câncer de pulmão e laringe.

"Precisamos pensar o que pode ser modificado. O comportamento humano é complexo. Se você falar para uma pessoa que o cigarro aumenta 200% a chance de ter câncer, ela vai te agradecer, sair do consultório e acender um cigarro."

Os efeitos da alimentação também precisam ser melhor compreendidos, afirmou Mukherjee, contando que, após passar por uma cirurgia, perguntou ao seu médico o que deveria comer.

"Ele respondeu 'não sei'. "As duas coisas são moléculas: uma se chama morfina e a outra, carboidrato. Por que confiamos tanto em um grupo e não temos nada a dizer sobre o outro?"

E o que dizer aos que sobrevivem à doença? Que fiquem atentos à possibilidade de reincidência, mas não se privem de uma vida normal, declara o pesquisador.

"As pessoas curadas tendem a sofrer restrições de comportamento, o que, na maior parte das vezes, não faz sentido. Parte do luxo de se curar de um câncer é poder voltar a uma vida normal."

Ele também destacou o erro comum de atribuir a doença a um único comportamento, enquanto os especialistas acreditam em uma combinação complexa de causas.

"Não culpem os sobreviventes. Não digam a uma pessoa que venceu o câncer que a doença foi culpa dela. Nós não podemos afirmar que foi." Com informações da Folhapress. 



Enquete
Na Eleição de outubro, você votaria nos candidatos da situação ou da oposição?
Total de votos: 32
Notícias Agora
Google News