Ainda na condição de candidato a vice-presidente na chapa encabeçada por Lula (PT), o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), concedeu entrevista coletiva à imprensa neste domingo (02), em Maceió. Durante o encontro, ficou claro que qualquer mudança na composição só deve ocorrer a partir de amanhã, depois da reunião entre o próprio Haddad e o ex-presidente, preso em Curitiba.
“Na reunião que tivemos na quinta-feira passada, não tratamos do registro da candidatura, mas na segunda-feira vamos levar a ele esse novo cenário, não previsto. Se houver novidades será amanhã”, afirmou durante a coletiva, acompanhado do governador Renan Filho (MDB), do senador Renan Calheiros (MDB) e do deputado federal Paulão (PT).
Questionado se a demora em uma possível mudança na chapa não prejudicaria a “transferência” de votos, Haddad disse acreditar que a população está acompanhando atentamente essas movimentações. “Não posso antecipar nada. O que sei, como cientista político, é que se Lula for candidato, será eleito no primeiro turno. Não é por outra razão que, desde o dia 7 de abril, quando foi preso inconstitucionalmente, ele só cresce nas pesquisas”.
Perguntado pelo CadaMinuto se voltaria a Alagoas e ao Nordeste como candidato a presidente, Haddad respondeu de forma genérica, citando um “pacto interno” do partido para manter a democracia em primeiro lugar: “Estarei no Nordeste em qualquer situação. Tenho apreço demais em ver os investimentos que foram feitos na época do Lula. Tudo mudou muito no Nordeste e vir aqui é me reenergizar, ganhar fôlego novo”.
Recados
O candidato a vice-presidente elogiou o trabalho de Renan Filho à frente do Estado e transmitiu a ele um recado de Lula: “O presidente manifesta seu apoio à reeleição do governador de Alagoas. Ele vê em Renan Filho uma liderança que representa essa safra boa de governadores do Nordeste, que há algum tempo em mudando a região”.
O porta-voz trouxe os agradecimentos do ex-presidente para Renan Calheiros, pela tarefa difícil que o senador vem assumindo de defendê-lo, muitas vezes “sob pressão dos meios de comunicação”, quando outros poderiam recuar: “Renan conhece Lula há décadas, sabe quem ele é. Lula sabe o valor que tem, para ele, um correligionário que o defende publicamente. Trago de Lula esse reconhecimento”.
Apoios
Ao hipotecar apoio ao petista, o governador afirmou que o Nordeste precisa voltar a crescer mais rápido, frisando sua ligação estreita com o pensamento de Lula de desenvolver a região. “Nós acreditamos que Haddad pode melhorar a região e fazer o Nordeste voltar a crescer mais do que o restante do Brasil. Acho que esse é o maior desafio enfrentado: só crescemos assim quando Lula foi presidente. Isso é importante para equilibrar o país e nos desenvolver”.
Lembrando sua posição nacionalmente conhecida em defesa da candidatura de Lula e a indignação pelo que classificou de perseguição contra o ex-presidente, Renan Calheiros disse que o TSE repetiu o TRF4 e, diferentemente de como agiu com mais de 1.500 pessoas, "muitas condenadas até em última instância, que tiveram a suspensão da sentença para serem candidatas", indeferiu o registro da candidatura de Lula, com base na Lei da Ficha Limpa.
“Em Alagoas mesmo, nessas eleições, tem inúmeros exemplos. É inaceitável o eu ocorre com Lula. Contem com nosso apoio e dedicação”, concluiu, sem citar nomes, se referindo ao fato de outros “ficha sujas” seguirem na disputa.
Em conversa com a reportagem, antes da coletiva, Paulão confirmou que, até o momento, está mantido o plano "A", com Lula encabeçando a chapa. A ideia, segundo ele, é recorrer a todas as instâncias possíveis jurídicas no país e até a organismos internacionais na tentativa de manter a candidatura.
Após o encontro no Hotel Best Western, na Pajuçara, o grupo segue para ações de campanha no litoral Norte de Alagoas, em Maragogi, Japaratinga, Porto Calvo e Matriz do Camaragibe. Ontem (01) à noite, assim que desembarcou na capital alagoana, o ex-ministro de Lula participou de um encontro com os movimentos sociais, na sede do Sindicato dos Bancários, no Centro.