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Comportamento
28/08/2018 11:05:00

Por que o seu nome influencia a sua vida mais do que você imagina


Por que o seu nome influencia a sua vida mais do que você imagina
Ilustração

Revista Galileu

Durante muitos anos da minha infância, não fui muito feliz com meu nome. Em meio a Fernandas e Julianas, me questionava por que meus pais não podiam simplesmente ter me dado um nome mais comum (segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, existem somente 87 mil Marílias no Brasil, a maioria delas em Pernambuco — bem longe de Santa Catarina, onde cresci). Mas hoje, embora o fantasma do “lh” ainda me assombre, fiz as pazes com meu nome e acho que ele combina comigo.

Para muita gente, porém, não é bem assim. Recentemente, um tópico chamou a atenção no Twitter por destacar o problema: algumas pessoas não se identificam com o nome que foi atribuído a elas. E, se você parar para pensar, faz sentido. É meio louco pensar que uma combinação de letras qualquer, escolhida por outras pessoas, pode ter uma influência bem grande na sua vida.

É o que sugere a psicologia e uma área de estudo chamada “determinismo nominativo”. Em diversas pesquisas, o professor Adam Alter, da Universidade Nova York, mostra que nós damos bastante importância aos nomes quando formamos primeiras impressões. As palavras, conforme ele explica, evocam imagens, e por isso podem moldar a percepção das pessoas. E isso, por sua vez, pode mudar drasticamente a forma como elas interagem com as outras — os nomes, nesse caso, passam a funcionar quase como um estereótipo. 

Há mais estudos que comprovam a teoria, como o que foi feito nos Estados Unidos para investigar se advogadas teriam mais chances de se tornar juízas se tivessem nomes mais masculinos. Como você já deve imaginar, a resposta é sim, e virou a “Hipótese de Portia”, em homenagem à personagem na peça O Mercador de Veneza, de Shakespeare, que se disfarça de homem para poder aparecer em uma corte.

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Finalmente, uma pesquisa feita pela Universidade Hebraica de Jerusalém mostrou que os nomes, de fato, influenciam nossa aparência. Ao que tudo indica, inconscientemente buscamos nos adaptar para parecermos com o que é esperado de nosso nome, adotando determinados cortes de cabelo ou expressões faciais, por exemplo.

Mas o que acontece se, não bastassem todas as implicações que um nome pode trazer, a pessoa não sente que ele representa a sua essência? Ela pode acabar se sentindo presa aos "determinismos" que o nome traz ou passar uma vida se esforçando para contradizer essas expectativas. Qualquer que seja a alternativa, é uma situação que pode criar uma espécie de síndrome de impostor permanente. Outro conceito da psicologia, é a condição na qual uma pessoa sente que é uma fraude e não merece o sucesso que obtém, não importa suas qualidades.

Tudo isso serve para comprovar que, ao contrário do que muita gente por aí pode pensar, um nome não é “só um nome”, e pode significar uma sentença de vida. A boa notícia é que as normas e estereótipos estão constantemente se transformando e, pelo menos quando o assunto são nomes, sempre existe a opção de mudar.



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