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Especial
27/08/2018 00:00:00

Analfabetos buscam ‘um favorzinho’ na porta dos comitês


Analfabetos buscam ‘um favorzinho’ na porta dos comitês
Ilustração

Entre os 76 países do mundo estudados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em 2015, o Brasil aparece em 60º lugar quando o assunto é educação.

Entre todos os estados brasileiros, Alagoas é o que mais acumula analfabetos: 18,2% não sabem ler nem escrever.

Mais de meio milhão (560.874) de alagoanos analfabetos vai às urnas este ano. Equivale a 25,6% dos nossos votantes.

É uma massa que se acumula historicamente, convencida a ter baixa estima, a exigir pouco (de si e dos outros). Gente na rabeira do mercado. Muitos cortam cana de açúcar; muitos destes muitos se despejam no final do dia pelos bares atrás de cachaça. Outros tantos destes muitos se entregam ao evagelismo salvacionista das igrejas neopentecostais, reforçando o ódio à política, ao conhecimento para além da Bíblia, o desejo de se armar, de vestir o terno para encontrar o Senhor no dia do juízo.

Nesta segunda-feira, 27, comitês de campanha eleitoral estão topados de gente. O perfil não engana: são analfabetos ou semi-alfabetizados (menos de 9 anos de estudo) em busca de dinheiro para balançar uma bandeirinha, distribuir um adesivo, pedir um favor, “atrás de ajuda”.

Diz a OCDE que o Produto Interno Bruto (PIB) cresceria 7 vezes se houvesse educação para todos…

… mas quase todas as crianças no ensino fundamental frequenta a escola.

Qual o problema, então? Prioridade da classe política?

Vanderlan Bolzani, vice-presidente da SBPC, entrevistada pelo UOL diz que uma oligarquia milionária no Brasil parece querer um país de analfabetos.

Creio que isso é pior em Alagoas: não somente a elite do açúcar, mas uma casta de milionários (ou em busca do seu milhão) na nossa classe política deseja os analfabetos na fila das portas das usinas ou dos comitês, esperando um favorzinho.

Isso mostra muito de quem somos: uma sociedade convencida a não ter um sentido, um caminho, sobrevivendo “com o que Deus me der ou mandar”.

Sim, isto é um crime. Um crime não identificado por nosso Direito tão cheio de castigos aos castigados e blindagens aos impunes.

São os gritos direcionados aos ouvidos de mercador, mesmo de gente falando mais que o homem da cobra.

O vazio da frustração.



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