Um grupo de cientistas espanhóis descobriu o mecanismo através do qual os poros celulares – estruturas proteicas que possibilitam a interação entre o material genético e o restante da célula – podem potencializar a ação de tumores na região da próstata, conforme estudo publicado pela revista científica Cell.
Segundo os especialistas, que conduziram a pesquisa na Universidade Thomas Jefferson, na Filadélfia (Estados Unidos), a descoberta pode auxiliar no desenvolvimento de terapias mais eficazes para o tratamento, a princípio, do câncer de próstata.
“Demonstramos que altos níveis da proteína POM121 tornam os tumores mais agressivos, já que ela aumenta o tráfego de moléculas no núcleo celular e, consequentemente, a atividade dos oncogenes”, explicou uma das pesquisadoras do grupo, Verónica Rodríguez-Bravo.
A análise dos pesquisadores mostrou, pela primeira vez, como os poros nucleares transportam moléculas para dentro do núcleo celular, onde se encontra o material genético, como DNA e RNA. A movimentação pode contribuir para potencializar os efeitos malignos de genes que formam tumores.
Um dos grandes problemas indicados pelo estudo é o de que a quantidade da proteína aumenta conforme a doença se desenvolve. Assim, ela atinge altos níveis quando o câncer está em estado avançado, favorecendo ainda mais o transporte de moléculas e a atividade tumoral.
Com a descoberta do mecanismo é possível traçar uma nova estratégia terapêutica para os pacientes com câncer de próstata, cujos tumores são alimentados por essa logística celular. A esperança é conseguir bloquear o transporte de moléculas até o interior do núcleo por meio de inibidores da ação proteica.
“Ainda estamos estudando se outros tipos de câncer, além do de próstata, também responderiam a esse tipo de tratamento”, disse outro pesquisador, Josep Domingo-Domenech.
O câncer de próstata é o segundo tipo de câncer que mais atinge homens no Brasil, com 31,7% dos casos, segundo o Instituto Nacional do Câncer, atrás apenas do de pele. Quando detectado em fases iniciais, a chance de cura chega a 85%.