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Eleição 2018
24/07/2018 07:37:00

Por que partidos vão lançar candidatos à Presidência com baixa intenção de voto


Por que partidos vão lançar candidatos à Presidência com baixa intenção de voto
Ilustração

www.huffpostbrasil.com

Em meio às convenções partidárias, período de definição do jogo eleitoral, pelo menos 14 legendas devem lançar candidatos a Presidente da República. Apesar de serem possíveis mudanças até 15 de agosto, limite para o registro das candidaturas na Justiça Eleitoral, algumas siglas resolveram apostar em nomes que têm apresentado baixa intenção de voto nas pesquisas.

Indefinições geradas pela situação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, perda de poder do PT e do PSDB desde 2014, cláusula de barreira, estrutura do comando partidário e questões específicas das legendas são alguns dos fatores que ajudam a explicar a fragmentação tanto na esquerda quanto na direita.

Em 2014, foram 11 candidatos registrados. Cinco partidos que não lançaram nomes próprios há 4 anos mudaram de posição na disputa atual. O PDT e o PCdoB que apoiaram Dilma Rousseff (PT) lançaram como presidenciáveis Ciro Gomes e Manuela D'Ávila, respectivamente. O MDB que indiciou o vice da petista optou agora por Henrique Meirelles.

O Podemos, que na última corrida presidencial se chamava PTN, trocou o apoio a Aécio Neves (PSDB) pela candidatura de Alvaro Dias. Já o PSL resolveu lançar Jair Bolsonaro. Há 4 anos, a legenda fez parte da coligação de Marina Silva, então candidata do PSB e hoje presidenciável pela Rede.

Pré-candidatos à Presidência em 2018

PT: Lula

PSDB: Geraldo Alckmin

PDT: Ciro Gomes

PSL: Jair Bolsonaro

PSol: Guilherme Boulos

PCdoB: Manuela D'Ávila

Podemos: Alvaro Dias

Rede: Marina Silva

Novo: João Amoedo

PSC: Paulo Rabello de Castro

MDB: Henrique Meirelles

PSTU: Vera Lúcia

PRTB: Levy Fidelix

PSDC: José Maria Eymael

 

Candidatos à Presidência em 2014

PT: Dilma Rousseff

PSDB: Aecio Neves

PSB: Marina Silva

PSol: Luciana Genro

PSC: Pastor Everaldo

PV: Eduardo Jorge

PRTB: Levy Fidelix

PSTU: José Maria de Almeida

PSDC: José Maria Eymael

PCB: Mauro Iasi

PCO: Rui Costa Pimenta

Ataques à imagem tanto do PT quanto do PSDB devido ao envolvimento com esquemas de corrupção e ao processo do impeachment e a falta de novas lideranças para ocupar esse espaço de polarização explicam parte da fragmentação. "A perda de poder dos dois partidos e a inexistência de um partido que ocupe esse lugar faz com que a eleição se pulverize", afirma o cientista político Carlos Ranulfo, coordenador do Centro de Estudos Legislativos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

 

MIGUEL SCHINCARIOL VIA GETTY IMAGES
Indefinição do PT, diante da possibilidade de Lula ser declarado inelegível, paralisa articulações eleitorais, avalia cientista político.

 

Na avaliação do especialista, a atuação do PT tem sido um fator desestabilizador no atual jogo eleitoral. "O principal problema da pulverização é porque tem muita incerteza. Não há indicadores claros. A primeira incerteza é o PT (...) É uma estratégia que tem um efeito paralisante nas eleições porque trata-se do nome mais forte em qualquer pesquisa que se faça" afirmou, em referência a Lula, que tem liderado as intenções de voto.

Apesar de o ex-presidente estar condenado em 2ª instância e preso desde 7 de abril, o partido insiste que ele será candidato. Caberá ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) decidir sobre a elegibilidade. Nos bastidores, há uma expectativa de que o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad será lançado como plano B, se a candidatura do ex-presidente for barrada. Ele tem atuado como coordenador do programa de governo.

Intenções de voto

De acordo com a última pesquisa Datafolha, publicada em 11 de junho, Lula tem 30% da preferência. Em seguida, aparecem Bolsonaro (17%), Marina (10%), Geraldo Alckmin (PSDB) e Ciro, ambos com 6%, seguidos por Dias, com 4%. Manuela e Meirelles registram 1%, percentual que não é atingido por Guilherme Boulos (PSol).

No cenário em que Haddad aparece no lugar de Lula, Bolsonaro lidera com 19% das intenções de voto, seguido por Marina (15%), Ciro (10%), Alckmin (7%), Dias (4%) e Manuela (2%). Haddad, Meirelles e Boulos têm 1%.

O desempenho de Ciro, Alckmin e Dias nas pesquisas também explica a pulverização."Está todo mundo abaixo de 10%", afirma Ranulfo.

Num cenário em que ninguém é forte o suficiente, todo mundo se acha na condição de bancar sua candidatura.Carlos Ranulfo, coordenador do Centro de Estudos Legislativos da UFMG

 

MIGUEL SCHINCARIOL VIA GETTY IMAGES
Incerteza de que alternativas tucanas, como o ex-prefeito de São Paulo João Doria, teriam sucesso nas urnas e controle do PSDB por Alckmin garantem candidatura do ex-governador.

 

Alckmin chegou a procurar Dias para oferecer a vaga de vice, mas o senador decidiu continuar como cabeça da chapa. Ambos são da centro-direita e têm entre as propostas uma maior eficiência do Estado e redução dos gastos públicos. Dias foi filiado ao PSDB entre 1994 e 2002 e entre 2003 e 2015.

Quanto à insistência no nome de Alckmin, pesam o fato de ele ser presidente do PSDB e de não haver certeza de que alternativas tucanas, como o ex-prefeito de São Paulo João Doria, teriam sucesso nas urnas. "Seria uma questão de atropelar o Alckmin. Ninguém tem poder para fazer isso no PSDB", afirma Ranulfo.

Questões internas do partido também foram decisivas para Meirelles. O fato de o ex-ministro da Fazenda bancar a própria campanha é determinante para o MDB, já que permite à sigla disponibilizar mais recursos a candidaturas estaduais na primeira eleição geral sem doações empresariais. Não ter uma aliança nacional também deixa a legenda livre para acordos locais, que vão desde coligações com petistas a tucanos.

 

EVARISTO SA VIA GETTY IMAGES
Sem apoio do centrão, Ciro Gomes aposta em discurso direcionado à esquerda.

 

Apesar da fragmentação, a tendência é de um afunilamento em parte das pré-candidaturas. Na semana passada, o PRB desistiu de lançar Flavio Rocha. DEM e o Solidariedade também vão abrir mão das candidaturas de Rodrigo Maia e Aldo Rebelo, respectivamente. Os 3 partidos do centrão, junto com PP e PR decidiram apoiar Alckmin em vez de Ciro.

Diante do afastamento de siglas apoiadoras do governo de Michel Temer, o pedetista tem apostado em uma aproximação com o campo progressistas. O PCdoB se dispôs a abrir mão da candidatura de Manuela se houvesse uma união dos 4 partidos, mas tanto o PT quanto o PSol insistem nos nomes próprios.

Neste domingo, a executiva do PCdoB aprovou uma resolução em que pede a união da esquerda no 1º turno, após a união do ceentrão com Alckmin. Por outro lado, questões internas dificultam uma candidatura única.

Tanto os socialistas quanto os comunistas apostam na visibilidade das campanhas presidenciais para atingir a cláusula de barreira na Câmara dos Deputados - número mínimo de eleitos para ter acesso ao Fundo Partidário e tempo de propaganda de rádio e televisão - mas há quem critique a estratégia. "Acho um erro de cálculo. Um candidato com 1%, 2% não puxa legenda. Eles vão ter que jogar dinheiro nessas candidaturas e vão ter de tirar das campanhas para deputado", avalia Ranulfo.



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