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Trabalho
22/07/2018 13:00:00

Mercado de trabalho sente o impacto da greve dos caminhoneiros


Mercado de trabalho sente o impacto da greve dos caminhoneiros
Ilustração

Do correio braziliense

Sob o impacto da greve dos caminhoneiros, o mercado de trabalho estagnou em junho e registrou o fechamento de 661 vagas com carteira assinada, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho. O número é resultado das 1.167.531 contratações e das 1.168.192 demissões registradas no período. Esse é o primeiro resultado negativo do ano, após cinco meses de números positivos. A última queda no emprego havia ocorrido em dezembro de 2017, quando foram fechadas 339.625 vagas formais.
 
O resultado surpreendeu analistas do mercado financeiro. De acordo com Alex Agostini, economista-chefe da agência Austin Rating, a média histórica, em junho, é de geração de 40 mil empregos formais. “Nossa projeção, diante da conjuntura, já era de 18 mil novas vagas. Mas o resultado veio muito abaixo disso”, destacou. Ele discordou da maioria dos analistas, que atribuem o mau desempenho do mercado de trabalho à paralisação dos transportadores de carga, no final de maio.
 
“Pesou mais a preocupação dos investidores com o futuro da economia, tanto pelo cenário nacional quanto pelo internacional, com a guerra comercial entre Estados Unidos e China”, disse Agostini. Para ele, diante desses fatores, não se pode prever quando a queda vai parar. “Talvez, somente no segundo semestre de 2019, depois que o novo presidente da República assumir, e dependendo da força dele no Congresso para aprovar as reformas e concretizar o equilíbrio fiscal”, afirmou.
 
Newton Rosa, economista-chefe da SulAmérica Investimentos, ficou igualmente surpreso com o resultado do Caged em junho. Ele esperava que fossem criados de 35 mil a 40 mil postos. Porém, ao contrário de Agostini, atribuiu a queda ao impacto dos protestos de maio. “A desconfiança do empresariado, que já era grande, aumentou”, disse. A paralisação dos caminhoneiros, afirmou, fez mais pressão sobre a taxa de câmbio, que vinha derrubando o valor do real  diante da moeda norte-americana.
 
“Os empresários já estão com dificuldade de repassar os custos aos preços. Com a paralisação, deixaram de contratar”, assinalou Newton Rosa. Ele também citou o ambiente externo como um agravante das dificuldades. Para ele, é possível que a taxa de emprego melhore nos próximos meses. “Mas não pela criação de oportunidades. Com todo esse contexto desfavorável, muita gente vai deixar de procurar emprego, pelo desalento. Assim, o mercado ficará menos pressionado”, avaliou.

Atividades

Em junho, a atividade com melhor desempenho foi a agropecuária, com a criação de 40.917 empregos. O segundo melhor resultado foi o do setor de serviços industriais de utilidade pública, com saldo de 1.151 vagas. Nos serviços em geral, foram abertos 589 postos de trabalho. Os piores registros ocorreram no comércio, com retração de 20.971 postos, e na indústria de transformação, com saldo negativo de 20.470.
 
Quatro das cinco regiões apresentaram crescimento no emprego formal em junho: Centro-Oeste (8.366 vagas); Sudeste (3.612); Nordeste (3.581); e Norte (930). A Região Sul, porém, puxou o dado nacional para baixo, ao registrar a eliminação de 17.150 postos de trabalho.

No ano, ganho se mantém

Apesar do mau desempenho de junho, o saldo de empregos formais acumulado no ano continua positivo, com 392,5 mil novos empregos com carteira assinada. Nos últimos 12 meses, o resultado também é favorável, com a criação de 280,1 mil postos. Até agora, o ano de 2018 tem sido marcado pela melhoria, ainda que discreta, do mercado de trabalho. Em 2017, o Caged registrou o fechamento de 20.832 vagas. Nos dois anos anteriores, contudo, o resultado havia sido trágico:  1,33 milhão de vagas eliminadas em 2016 e 1,53 milhão suprimidas em 2015.


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