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Esportes
04/07/2018 20:34:00

Copa do Mundo: Por que a Inglaterra tem tanto medo de cobrar pênaltis?


Copa do Mundo: Por que a Inglaterra tem tanto medo de cobrar pênaltis?
Seleção inglesa

Pênaltis.

Essa palavra de três sílabas causa medo, pânico e um sentimento geral de desesperança em qualquer inglês.

Afinal, quando se trata de ser o melhor do mundo em alguma coisa, ninguém é superior à Inglaterra na arte de perder decisões por pênaltis em campeonatos como a Copa do Mundo e a Eurocopa.

E nesta terça-feira, contra a Colômbia, em Moscou, pelas oitavas de final do Mundial 2018, contra a Colômbia, às 15h (de Brasília), o maior temor de cada inglês pode voltar à tona.

O único ânimo até agora é que a Espanha, uma das grandes favoritas a vencer a Copa, caiu para a Rússia nos pênaltis, e a Dinamarca também foi eliminada na marca da cal pela Croácia. Ou seja: se a Inglaterra for derrotada novamente nas penalidades, ao menos não terá sido o primeiro time do torneio...

No entanto, há determinação geral no elenco comandado por Gareth Southgate para que o maior pesadelo de todo inglês não volte a se repetir neste ano.

Southgate, é claro, tem sua própria história de terror com pênaltis. A imagem do hoje treinador sendo consolado por Terry Venables após perder sua cobrança decisiva na semifinal da Euro-1996, quando ele ainda era zagueiro e seu time aparecia como favorito para vencer a competição, não sai da cabeça dos torcedores até hoje. Na verdade, há muitas imagens do gênero que jamais desaparecem da mente dos ingleses...

Nenhuma nação tem um recorde pior nos pênaltis em Copas do Mundo do que a Inglaterra. México e Romênia perderam nas duas vezes em que estiveram nessa situação, mas o English Team conseguiu cair em suas três oportunidades: contra a Alemanha, em 1990; Argentina, em 1998; e Portugal, em 2006.

Além disso, a equipe inglesa foi derrotada em três das quatro decisões em Eurocopas. A única vez que houve vitória foi contra a Espanha, na semi da Euro-96. O retrospecto: 1 vitória, 6 derrotas.

A Holanda é outro país que ostenta desempenho ruim em pênaltis, e a Itália também já caiu três vezes na marca da cal. No entando, a Azzurra pode se orgulhar de ter vencido a Copa do Mundo 2006 contra a França justamente nas penalidades, em Berlim.

E, com a possibilidade de pênaltis nesta terça-feira, contra a Colômbia, no estádio do Spartak, em Moscou, é claro que o assunto voltou à tona.

Antes do torneio, a ESPN conversou com diversos jogadores e os questionou sobre a maneira como vão encarar o desafio mais temido pelos ingleses.

Harry Kane já mostrou ser um ótimo batedor, e Jamie Vardy também tem um ótimo retrospecto, mas disputas de pênaltis raramente são vencidas ou perdidas pelos especialistas. Geralmente, quem decide as coisas são os “marinheiros de primeira viagem”, que sofrem as consequências – para o bem e para o mal. O próprio Southgate foi um ótimo exemplo disso em seus tempos de jogador.

Então, se houver pênaltis contra a Colômbia, quem bate?

“Eu sempre fui um dos cobradores oficiais no time sub-18 do Manchester United”, lembrou o atacante Marcus Rashford. “Na verdade, os pênaltis não me assustam tanto. Nós praticamos muito nos treinos, todos os dias. Então, em situação de jogo, tudo fica mais fácil”, explicou.

“Com certeza bater pênaltis é uma habilidade, e é preciso tempo para se tornar bom nisso. Quando você vê os melhores cobradores do mundo, você sabe exatamente o que eles vão fazer”, complementou.

Então, Marcus, diga-me uma coisa: você já bateu um pênalti em uma partida profissional?

“Não...”, admitiu.

E está disposto a ser um dos cobradores em uma possível decisão na Copa do Mundo?

“100%. Conte comigo. Estarei lá”, garantiu.

 

O zagueiro Phil Jones é um que se encaixa perfeitamente no estereótipo do “inglês que vai bater o pênalti na hora mais importante”. Ele é corajoso o bastante para se apresentar como um dos cobradores – assim como o despreparado David Batty contra a Argentina, em 1998, que acabou errando. Mas ele considera estar pronto para isso? Ele já bateu um pênalti antes?

“Eu cobrei um, sim”, ele recordou, às gargalhadas.

“A última vez que bati um pênalti foi contra o Sunderland, na semifinal da Copa da Liga Inglesa, em 2014... Eu acho que aquela bola ainda está viajando por aí, na verdade”, brincou, relembrando sua cobrança que foi muito (mas muito!) longe do gol.

“Mas me sinto mais experiente agora, e sei que estou mais confiante para bater um pênalti agora do que há quatro anos”, acrescentou.

E Jesse Lingard? O meio-campista do Manchester United impressionou a todos na Rússia ao marcar um dos mais belos gols do torneio, na goleada por 6 a 1 sobre o Panamá. Ele é mais um dos que são corajosos o bastante para não se esconderem atrás de um companheiro se (ou quando) Southgate precisar de um cobrador na “hora H”.

“Se eu já bati um pênalti? Sim... Uma vez pelo Birmingham... Nesta última temporada do United, nós não tivemos muitos pênaltis. Eu tenho bastante confiança para bater”, assegurou.

“Não acredito que seja uma questão de habilidade ou sorte... Acho que é um pouco de ambos. Você precisa de uma pitada de cada para conseguir deslocar o goleiro”, observou.

Para Raheem Sterling, há um método claro em cobranças de pênalti. Mais simples impossível: a prática leva à perfeição.

“Eu sinto que é algo que, se praticado exaustivamente através de repetição, torna-se uma habilidade. É algo que você tem que praticar diariamente para chegar lá”, salientou.

No entanto, as coisas não podem ser colocadas de maneira tão simples.

Alguns dos maiores nomes do futebol erraram pênaltis em momentos decisivos de Copas do Mundo, como Diego Maradona, Michel Platini, Sócrates, Zico, Baggio, Gerrard, Lampard... E a lista não acaba.

Então, há mais do que técnica envolvida no processo. Controle dos nervos, boa tomada de decisão e a fase do goleiro adversário também são outros elementos cruciais.

No caso da Inglaterra atual, o jovem Jordan Pickford irá para o jogo contra a Colômbia sabendo exatamente o local preferido das cobranças de atletas como Falcao García e James Rodríguez, já que diz ter assistido exaustivamente a vídeos dos sul-americanos chutando. Para Pickford, um pênalti é um grande jogo mental entre cobrador e goleiro.

“Você tem que ter habilidade para bater um pênalti, mas também precisar escolher o lado certo. Par ao goleiro, você tem que estar mentalmente pronto e saber em qual lado a possibilidade é maior do adversário bater”, disserta.

“Se você for o batedor, tem que correr com confiança e colocar força na bola. Mas não pode ficar pensando demais antes de bater, senão você cai no jogo mental”, ensina.

Para goleiros, geralmente a vida é mais fácil nos pênaltis, já que raramente alguém culpa o jogador por não ter feito nenhuma defesa. Ou seja: você pode ser o herói ou o cara que será lembrado pela frase: “ele não teve nenhuma chance, os caras bateram muito bem”.

Quem carrega o fardo são os cobradores, e Phil Jones admite que a única maneira de estar preparado é praticar, praticar e praticar.

“É preciso muito treino. É como tudo no futebol: quanto mais você pratica, melhor fica. Pênaltis são parte do futebol, e você tem que estar pronto para a ocasião”, finaliza.

Quem certamente irá cobrar um pênalti se a ocasião exigir é o lateral Ashley Young. Em coletiva na última segunda-feira, ele já se candidatou a ser um possível herói (ou vilão) inglês.

“É claro que eu pediria para bater. Tenho confiança para fazer isso. Se chegarmos a esse ponto, com certeza vou levantar a mão e pedir para ser um dos cobradores. Eu pratico muito, tenho confiança e acredito que conseguiria marcar”, brada.

Agora, resta descobrir se a Inglaterra está pronta para afastar de vez o “fantasma” dos pênaltis ou se seguirá presa em seu pesadelo sem fim. Com espn // msn



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