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11/01/2009 00:00:00

Especiais


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Até pouco tempo atrás, o livro era o maior detentor de conhecimento que se tinha notícia. Com a chegada dos computadores – e principalmente da internet – esta realidade começou a ser modificada. Em janeiro, mês de férias escolares, lan houses e livrarias de Maceió atraem um público diferente, mas que parece sintonizado numa idéia: a internet está aí e veio para ficar.

Quando Agnes Pitta, 8 anos, chega a uma livraria, busca logo a sessão dos gibis: “meus preferidos são os da Turma da Mônica”, declara. A menina diz gostar do gênero pelas histórias engraçadas e curtas, e reconhece que a leitura é incentivada pela mãe – tanto para ela quanto para os irmãos Samuel, 7, e Pérola, 10. Os três têm gostos diferentes, mas são unânimes ao tratar de uma questão. Se pudessem escolher entre um bom livro ou algumas horas “navegando” através do mundo virtual, a escolha seria a mesma: “a internet”, respondem simultaneamente, como um coro.

A psicóloga Adriana Pitta Ramos, que é mãe das crianças, assume a dificuldade de mostrar para elas a relevância de um livro diante dos tantos atrativos que a internet oferece além da leitura: “é uma verdadeira luta. Talvez pela facilidade da internet, eles acabam se tornando preguiçosos para a leitura dos livros, que não tem o dinamismo da leitura em tela”, opina. Adriana acredita que é fundamental permitir o contato dos filhos com o novo meio de comunicação e informação, mas procura manter regras: “estipulo o tempo necessário para que eles desenvolvam atividades no computador e não fiquem conectados a hora que querem”, afirma.

Nas lan houses – estabelecimentos em que se paga para ter acesso à internet – a situação é bem diferente: “a gente faz o limite de acordo com o que pode pagar”, revela Carlos Henrique, 17, completando que já chegou a ficar 24 horas em frente ao computador: “só parava para comer e beber água”, confessa. A lan house que o adolescente freqüenta quase todos os dias, no bairro do Feitosa, funciona das 8 às 22h e comporta um público predominantemente jovem. Alguns deles têm computador em casa – o que é o caso de Carlos Henrique: “tenho internet em casa, mas o ambiente da lan house é melhor, porque fazemos amigos e fica mais divertido para jogar em rede”, avalia.

Além de buscar formas de diversão, Eric John, freqüentador da mesma lan house, procura usar a rede de computadores em favor do seu futuro profissional. O jovem de 19 anos que vai prestar vestibular para música em 2009, garante que é possível estudar na internet: “pesquiso partituras, vejo vídeos com composições famosas, enfim, a internet proporciona algo além do que um livro comum poderia me trazer. Sem falar que as coisas são atualizadas a todo instante”, defende. Para Eric, se o usuário tem boas intenções, a internet só terá coisas boas a oferecer. Perguntado sobre o lado negativo da rede, o jovem também tem opinião formada: “a perda de tempo. Quando entramos para pesquisar algo, acabamos nos entretendo com outras coisas e isso faz com que passemos horas em frente ao computador”, assume.

Orkut e Msn

"Gostaria de ter um perfil no Orkut”, confessa Agnes, fazendo referência a uma das mais acessadas páginas de relacionamento da internet. O irmão dela, Samuel, até tem uma conta no site, mas não a utiliza: “minha prima fez, só que eu nunca entrei”, lamenta o garoto. A mãe dos dois diz ser contra o livre acesso deles ao Orkut, pela possibilidade que teriam de manter amizades virtuais com pessoas desconhecidas: “tudo é conversado. Falo a eles de pornografia na internet e dos perigos que ela pode trazer”, alerta Adriana. A preocupação dela tem fundamento, já que, pelas regras estipuladas pelo próprio site, apenas maiores de 18 anos podem abrir sua própria conta – embora crianças e adolescentes declarem, falsamente, maior idade para terem o cadastro aceito.

Já o MSN, programa de conversação na internet, é permitido na casa dos Pitta: “sempre converso com meus amigos da escola e parentes que estão distante”, comemora Agnes. Adriana diz se sentir mais segura quanto ao acesso dos filhos ao MSN, pelo controle que se pode ter dos “amigos” virtuais: “diferente do Orkut, no MSN o usuário só adiciona aquelas pessoas que ele conhece”, alivia-se a mãe.

No ambiente das lan houses, quase todos os usuários acessam as duas opções sem empecilhos: “tenho 101 amigos no MSN e mais de 200 no Orkut”, contabiliza Nayane Cedrins, 14, que freqüenta o ambiente há três anos. Questionada sobre os riscos de conversar com pessoas fora da sua área de convivência presencial, a adolescente mostra tranqüilidade: “nunca tive problemas quanto a isso”. Nayane, que, quando pode, fica a tarde inteira conectada à rede, prefere não usar a diversão ou o conhecimento como justificativa para as horas passadas na internet: “é vício”, pontua sem constrangimento.

De acordo com o pedagogo Elmar Robério é importante que livros e internet possam dividir espaço na esfera do saber: “as novas tecnologias não devem ser vistas como um empecilho para a construção do conhecimento, mas como uma ferramenta indispensável para se chegar até ele”, observa. Para Elmar, o ideal é que haja uma adequação de pais e professores, visando orientar os mais jovens sobre as verdadeiras potencialidades da rede mundial de computadores: “ter uma boa relação com a internet é o mínimo a se fazer num mundo em que o virtual está cada dia mais real”, conclui.

com gazetaweb // isolda herculano

 

 



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