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Especial
20/06/2018 07:33:00

Bebê morre após peregrinação de mãe por hospitais em Alagoas


Bebê morre após peregrinação de mãe por hospitais em Alagoas
Ilustração

A foto de um bebê morto e o desabafo de um pai desesperado, no Facebook, chamaram a atenção dos alagoanos nesta terça-feira, 19, para um problema antigo: a falta de estrutura em hospitais municipais.

O vigilante, José Elias da Silva, relata em seu perfil, que desde quinta-feira (14) levava sua esposa, grávida de 9 meses completos, ao hospital Nossa Senhora da Graças, em Teotônio Vilela e sempre era orientado a retornar para casa. “Perdendo líquido e a resposta era esperar e ir para casa. Resultado, taí meu filho morto” (sic).

Na postagem o vigilante, que também trabalha como motorista, desabafa: “Não consigo aceitar que isso ainda ocorra na saúde pública” (sic). A esposa de José Elias, Maria Quitéria de Oliveira Moreira, 42 anos, teria peregrinado por outras três unidades de saúde, depois de Teotônio Vilela.

A família conta que a parturiente teria solicitado uma cesariana, já que a bolsa havia estourado e estava com muitas dores, mas não foi atendida porque os hospitais queriam que ela esperasse para ter parto natural. Somente na madrugada de hoje, depois de chegar na Maternidade Santa Mônica, o parto foi realizado, mas o bebê estava sem vida.

Em nota, a secretária de Saúde de Teotônio Vilela, Izabelle Monteiro Alcântara Pereira, disse que não houve negligência por parte do hospital municipal e explicou que a paciente foi devidamente acompanhada por profissionais até o momento da transferência para a Santa Mônica. Ainda segundo a secretária, o atendimento foi realizado de acordo com os protocolos estabelecidos pelo Ministério da Saúde e OMS, por isso não justificaria o “bombardeio de críticas à gestão hospitalar”.

Já a Maternidade Escola Santa Mônica, informou que quando a paciente chegou à unidade o bebê já se encontrava sem batimentos cardíacos e que a paciente só foi encaminhada à Santa Mônica devido a hipertensão arterial e possível necessidade de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) materna.

Segue as notas na íntegra:

Nota da Santa Mônica

“A Maternidade Escola Santa Mônica, informa que a paciente Maria Quitéria de Oliveira Moreira advinda do município de Teotônio Vilela encontra-se na unidade. A paciente veio para a MESM após passar pela Maternidade Nossa Senhora de Fátima, quando, de acordo com informações do encaminhamento no prontuário, o bebê já se encontrava sem batimentos cardíacos. Maria Quitéria deu entrada na Santa Mônica, encaminhada pelo CORA, já em trabalho de parto. A paciente foi encaminhada para a unidade devido a hipertensão arterial e possível necessidade de UTI Materna. A equipe da MESM realizou todos os procedimentos necessários,  mas infelizmente o bebê já se encontrava em óbito.”

Nota da Secretaria de Saúde de Teotônio Vilela

“A respeito do evento Noticiado nos Meios de Comunicação locais e redes sociais nos dias 18 e 19 de junho de 2018, segundo o qual a gestante de iniciais M.Q.O.M teria recebido atendimento médico inadequado no Hospital Municipal Nossa Senhora das Graças, culminando com a morte de seu bebê, cumprimos o dever de prestar os seguintes esclarecimentos à comunidade:

A Gestante acima citada procurou o Hospital Municipal em trabalho de parto queixando-se de “perda de líquido”, sendo prontamente atendida pela equipe plantonista, que a manteve sob observação e tomou todas as condutas indicadas para o quadro clínico. Durante a evolução do trabalho de parto a equipe evidenciou necessidade de encaminhamento da gestante a Santa Casa de Misericórdia de São Miguel dos Campos, Hospital de Referencia na Região para o atendimento. Neste momento, a Gestante Sra. M.Q.O.M deixou a maternidade estável, com movimento e batimentos fetais sem alterações, mantida sob cuidado supervisionado, através de ambulância do município com suporte adequado e devidamente acompanhada por uma profissional da saúde, conforme protocolo de rotina.

Ocorre, que o hospital referência para a Cidade de Teotônio Vilela/AL, ou seja, a Santa Casa de Misericórdia de São Miguel dos Campos, não estava recebendo novas gestantes, alegando ausência de material para procedimentos, o que tornou a transferência mal sucedida. Após sua negativa na Santa Casa de Misericórdia de São Miguel dos Campos, a gestante fora orientada a seguir viagem a cidade de Maceió, especificamente Casa de Saúde e Maternidade Nossa Senhora de Fátima, sendo avaliada e encaminhada para a maternidade Santa Mônica, também na cidade de Maceió, onde ocorreu o parto. Todo o transporte foi feito em ambulância oficial, acompanhada por profissional de saúde e familiar da paciente, bem como toda a história clínica devidamente documentada.

Assim, vale salientar que nas dependências do Hospital Municipal Nossa Senhora das Graças em Teotônio Vilela, Estado de Alagoas, a paciente recebeu todos os cuidados necessários e possíveis, em tempo oportuno e de acordo com os protocolos estabelecidos pelo Ministério da Saúde e OMS. Diferente do noticiado nas redes sociais, não houve negligência, imperícia, imprudência, omissão ou qualquer outra conduta que possa justificar o bombardeio de informações e críticas a Gestão Hospitalar. Pelo contrário, diariamente o hospital atende cerca de 300 pacientes e realiza uma média de 30 partos, o que significa que ele cumpre fielmente seu papel de salvar vidas e atender dignamente a população Vilelense.

Ocorre que a ausência de leitos para tratamento especializado é um problema enfrentado por todos os municípios de Alagoas, não sendo exclusivo de Teotônio Vilela, carecendo de investimentos dos Governos Estadual e Federal. Aos municípios, como é o nosso caso, cabe solicitar a vaga aos Hospitais de Referência (Santa Casa de Misericórdia de São Miguel dos Campos) e acompanhar o processo, o que fielmente foi realizado. A Secretaria Municipal de Saúde, Direção do Hospital e os profissionais envolvidos no atendimento à paciente, nos solidarizamos profundamente com a dor da família em luto e afirmamos que nunca omitimos ou omitiremos socorro e que lamentamos imensamente não poder salvar as vidas que chegam até nós de forma irremediável, lamentando profundamente o ocorrido e se prontificando a ficar à disposição para prestar os esclarecimentos que se fizerem necessários, inclusive com a devida abertura de inquérito administrativo para apuração dos fatos e aplicação de possíveis penalidades.”

Em Teotônio Vilela, aos 19 dias do mês de junho de 2018.
Izabelle Monteiro Alcântara Pereira
Secretária Municipal de Saúde



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