(FOLHAPRESS) - Parte da magistratura do país se indignou com a publicação, pela Corregedoria Nacional de Justiça, órgão do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), de uma norma que restringe manifestações de juízes em redes sociais e por meio de emails funcionais.
A regra afirma que a vedação de atividade político-partidária a magistrados, prevista na Constituição, ?não se restringe à prática de atos de filiação partidária, abrangendo a participação em situações que evidenciem apoio público a candidato ou a partido político?.
O texto afirma que juízes podem expressar convicções pessoais sobre assuntos político-partidários, desde que isso não seja ?objeto de manifestação pública que caracterize, ainda que de modo informal, atividade com viés político-partidário?.
A Associação Nacional dos Magistrados Estaduais (Anamages) publicou uma nota de repúdio contra a medida, que chamou de ?provimento da mordaça?. O texto afirma que o ato ?pretende claramente cercear a liberdade de expressão dos magistrados, direito garantido pela Constituição Federal?.
A Anamages afirma, na nota, que a medida seria ?desnecessária?, uma vez que os Tribunais de Justiça dos estados já realizam correições regulares. E diz que ?tomará todas as providências cabíveis? para a anulação do ato.
A nova regra determina ainda que o magistrado ?deve agir com reserva, cautela e discrição ao publicar seus pontos de vista nos perfis pessoais nas redes sociais, evitando a violação de deveres funcionais e a exposição negativa do Poder Judiciário?. Diz também que o email funcional deve ser utilizado ?exclusivamente para a execução de atividades institucionais?.
Alguns magistrados entenderam que a norma seria uma reação ao caso da desembargadora Marilia Castro Neves, do Rio de Janeiro, que escreveu no Facebook, após o assassinato da vereadora Marielle Franco, que a parlamentar estava ?engajada com bandidos? e era um ?cadáver comum?. Depois, a juíza se desculpou. Segundo essa ideia, a medida seria uma reação desnecessária a um ?mau exemplo?.
Associações da classe também se queixam porque não teriam sido ouvidas pelo CNJ antes da publicação da medida. E alguns juízes têm dito que não precisam de tutor algo que entendem que a norma cria.
O CNJ não comentou a reação da magistratura até as 18h30 desta quinta.