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Universitários do curso de Medicina da Ufal [Universidade Federal de Alagoas] contestam a gradual perda de espaço para estágio em hospitais que atendem pelo SUS [Serviço Único de Saúde] no Estado. De acordo com os acadêmicos, as vagas estão sendo ocupadas por estudantes de faculdades privadas, que firmam "convênios de exclusividade" para atuação.
No entanto, os alunos alertam que está havendo um descumprimento constitucional, pois, de acordo com o artigo 13, inciso III - da Portaria Interministerial Nº 1.127, de 2015 - as instituições de ensino públicas têm prioridade no acesso às atividades do SUS.
A acadêmica de Medicina Wanderlyza Coutinho explica o motivo das contestações. "As áreas de prática do SUS estão sendo retiradas aos poucos das universidades públicas e cedidas às faculdades particulares. Mas, as faculdades deveriam ter seus hospitais escolas, existem muitos cursos de Medicina no estado, porém não existe campo de prática suficiente para todos", disse ela, que faz parte da coordenação de Políticas Públicas do Centro Acadêmico do curso de Medicina da Ufal.
Na segunda-feira (11), a coordenação de Internato da Ufal recebeu uma carta que informa as novas condições de plantões aos acadêmicos no Hospital Nossa Senhora da Guia, que a partir do segundo semestre de 2018 e o primeiro de 2019 terá os leitos distribuídos para alunos dos cursos de Medicina de instituições públicas e de uma faculdade particular.
A carta diz que os plantões dos alunos da Ufal durante o dia serão realizados somente no período noturno e os plantões do turno diurno serão feitos por acadêmicos da faculdade particular. Os estudantes alegam que o aprendizado no turno da noite é deficiente, já que os profissionais, geralmente, estão mais cansados pela rotina do dia e ficam indispostos a repassar o conhecimento.
Em entrevista à Gazetaweb, o coordenador de Internato da Ufal, João Klínio, informou que ainda deve se reunir com a direção do curso para tratar do assunto. "Nós recebemos o comunicado ontem, passamos para a direção e coordenação do curso de Medicina da Ufal para que sejam tomadas as devidas providências. Mas, certamente, vamos tentar negociar para manter os estágios".
O coordenador de Internato afirma que o problema seria resolvido se as faculdades criassem hospitais escolas e seus próprios campos de atuação, assim como a universidade federal tem o seu hospital e compartilha as vagas com os demais cursos. Logo, isso ampliaria a possibilidade de práticas de atuação.
"Até o momento não perdemos nenhum campo de estágio, existe o afunilamento em algum setores, mas, constitucionalmente, as federais têm a prerrogativa de prioridade e vamos lutar por isso", ressalta o professor.
As vagas para atuação prática estão sendo preenchidas por alunos de faculdades privadas
FOTO: LARISSA BASTOS/ ARQUIVORaw Santos, aluno de Medicina da Uncisal, lembra que os acadêmicos da instituição já se manifestaram contra a perda de espaço.
O coordenador administração do Diretório Acadêmico da Uncisal indica que novas manifestações podem vir a ocorrer.
"Ano passado já perdemos espaço, a Ufal só está começando a perder agora e estamos preocupados com essa redução. Vamos nos reunir com a reitoria da Uncisal ainda essa semana para discutir a questão. Questionamos os contratos de exclusividade. Alguns hospitais fazem serviços específicos - únicos - então estamos correndo o risco de perder o aprendizado em determinadas áreas", acrescenta Cláudio Santos.
A universitária da Ufal Patrícia Soares enfatiza: "A maior vítima de tudo isso é a sociedade, que vai ter profissionais mal formados, tanto das universidades públicas quanto das particulares. Nós não teremos a quantidade de prática suficiente", conclui. Magerial gazetaweb
