De olho no apoio de parte dos brasileiros à Operação Lava Jato, policiais federais irão apresentar pelo menos 26 candidaturas nas eleições gerais. Com presença de 2 policiais já eleitos, os deputados Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e Aluísio Mendes (Podemos-MA), a Frente da Lava Jato será lançada nesta terça-feira (22).
Do grupo, 4 trabalharam em investigações que de alguma maneira contribuíram com a operação que apura desvios na Petrobras. A iniciativa é suprapartidária, com filiados a partidos como PHS, PSL, Rede, Pros e Podemos, mas não conta com integrantes do PT, MDB e PP, 3 das legendas mais atingidas pelo escândalo de corrupção.
"A ideia inicial era de que todos saíssem com candidaturas avulsas, mas o Supremo não julgou a ADIN [ação direta de inconstitucionalidade], então a gente acabou migrando para as candidaturas de acordo com as características de cada região", afirmou ao HuffPost Brasil Flávio Werneck, presidente do Sindipol-DF e pré-candidato a deputado federal pelo PHS.
Também vice-presidente da Fenapef (Federação Nacional dos Policiais Federais), Werneck se envolveu em uma controvérsia ao ser acusado de participar da elaboração de um dossiê contra o juiz Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato na 1ª instância.
De acordo com o aspirante a deputado, o caso trata de "fraude news". "O parecer do Ministério Público Federal é pelo arquivamento. No caso disciplinar, eu fui absolvido do caso específico desse dossiê até porque um repórter falou que fez toda a documentação", afirmou.
O policial foi punido administrativa com um afastamento, mas a motivação foi outra, de acordo com Werneck. "Eu fui punido por motivo totalmente diverso, que foi falar mal de 30 delegados cedidos, à época, ao gabinete do (então) ministro da Justiça, Eduardo Cardozo, (...) e afirmar que existiam alguns vazamentos seletivos não apurados", completou.
Entre os aspirantes a deputados federais e senadores estão agentes, escrivães e papiloscopistas, inspirados pelo bom desempenho dos representantes da categoria nas eleições municipais de 2016.
A imagem de outsiders, a defesa do combate à corrupção e mudanças no sistema de segurança pública alto no momento de altos índices de violência no País são as apostas da frente para conquistar as urnas.
Entre as propostas defendidas estão o fim do foro privilegiado, a desburocratização do modelo de investigação e a modernização da segurança pública, incluindo o ciclo completo da polícia, com ingresso único pela base. "Todo e qualquer policial, seja guarda municipal, policial militar, civil, rodoviário federal, federal, seja ele quem for, deve ter a possibilidade de fazer as investigações", afirma Werneck.
O grupo é crítico à proposta do novo Código de Processo Penal (CPP), em discussão na Câmara dos Deputados. De acordo com os policiais, as novas regras acabaram com o poder de investigar do Ministério Público e com a autonomia das autoridades policiais.
Um dos temas do novo CPP, a prisão após condenação em 2ª instância, por sua vez, é defendida pela categoria, que também apoia as 10 Medidas contra a Corrupção, proposta parada no Senado Federal.
O grupo organiza um financiamento coletivo. As doações para campanha de crowdfunding que será lançada pela Frente nesta terça poderão ser feitas a partir da próxima segunda-feira (28).
Por enquanto, o único estado sem pré-candidato é o Rio Grande do Norte, mas a expectativa é que até agosto, limite para registro das candidaturas, surjam novos nomes.
Confira a lista de pré-candidatos da Frente da Lava Jato:
Rio Grande do Sul: Ubiratan Sanderson e Marco Monteiro;
Santa Catarina: Edgard Lopes,
Paraná: Bibiana Orsi e Márcio Pacheco;
São Paulo: Eduardo Bolsonaro e Danilo Balas;
Rio de Janeiro: Sandro Araújo e Plínio Ricciardi;
Minas Gerais: Cláudio Prates;
Espírito Santo: Edmar Camata;
Bahia: Anderson Muniz;
Alagoas: Flávio Moreno;
Pernambuco: Jorge Federal;
Ceará: Odécio Carneiro;
Maranhão: Aluísio Mendes;
Pará: Marinho Cunha;
Roraima: Barroso;
Acre: Jamyl Asfury;
Amazonas: Aldenir Araújo;
Amapá: Jorielson;
Rondônia: Bosco da Federal;
Mato Grosso: Rafael Ranalli;
Mato Grosso do Sul: Renée Venâncio e André Salineiro;
Goiás: Suender;
Tocantins: Farley;
Distrito Federal: Flávio Werneck e Santiago da Federal.