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Saúde
20/05/2018 10:58:00

Mais de 1.500 pessoas foram vítimas de hanseníase nos últimos 5 anos em AL


Mais de 1.500 pessoas foram vítimas de hanseníase nos últimos 5 anos em AL

Manchas esbranquiçadas, formigamentos, nódulos, queda de pelos e pele avermelhada são alguns dos sintomas da doença chamada Hanseníase ou lepra, como era conhecida antigamente. Enfermidade que não escolhe nem nunca escolheu classe social, atingindo também pessoas de toda e qualquer faixa etária. Para a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), os casos continuam a ocorrer em uma escala de oscilação, sendo necessário monitoramento constante em prol do diagnóstico precoce. Em Alagoas, os últimos dados datam de 2017, quando houve um aumento de 32 ocorrências em relação ao ano anterior. 

 

 

Segundo tabela apresentada pela Sesau, as cidades onde foram registradas as maiores incidências da doença são Anadia, Arapiraca, Cacimbinhas, Cajueiro, Carneiros, Coruripe, Delmiro Gouveia, Dois Riachos, Inhapi, Jacuípe, Maceió, Major Isidoro, Maragogi, Maribondo, Monteirópolis, Murici, Olho d'Água das Flores, Ouro Branco, Palestina, Palmeira dos Índios, Pariconha, Penedo, Piaçabuçu, Pilar, Piranhas, Rio Largo, Santa Luzia do Norte, Santana do Ipanema, São Brás, São José da Tapera, Satuba, Taquarana, Teotônio Vilela e União dos Palmares. 

Os municípios, por sua vez, que lideram o número de casos são Maceió (95 casos com grau de detecção considerado alto), Arapiraca (25 com grau de detecção considerado alto) e Santana do Ipanema (15 com grau de detecção considerado muito alto). Entretanto, a interpretação muda quando há proporção com o número de habitantes e, neste cenário, Cajueiro, Ouro Branco e Palestina apresentam maior gravidade, uma vez que o grau de detecção é hiperendêmico, revelando uma taxa de incidência maior do que 40 por 100 mil habitantes. 

A Secretaria da Saúde explica que, nos últimos 5 anos (de 2013 a 2017), 1.574 pessoas foram vitimadas pela doença, sendo 329 em 2013, 322 em 2014, 314 no ano seguinte, 273 em 2016 e 305 no ano passado, o que revela uma leve oscilação no quantitativo de casos. Um comparativo entre os anos de 2016 e 2017 revela um aumento de 32 casos. 

"Os casos continuam ao longo dos anos numa constante, sendo então necessário implementar a busca ativa de casos novos, e exame dos contatos para que se tenha um diagnóstico precoce e a quebra da cadeia de transmissão da doença", explica a assessoria de comunicação, admitindo que o Estado ainda enfrenta a descoberta tardia, o abandono do tratamento, além da subnotificação no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). 

Já em nível nacional, entre os anos de 2012 a 2016, foram diagnosticados cerca de 151.764 casos novos de hanseníase no Brasil, equivalendo a uma taxa média de detecção de 14,97 casos novos para cada 100 mil habitantes; desse total, cerca de 55,6% acometeram homens na idade produtiva. 

As maiores taxas de detecção nesse período estiveram na região Centro-Oeste (37,27/100 mil hab) e Norte (34,26/100 mil hab). As menores taxas foram observadas nas regiões Sul (3,75/100 mil hab) e Sudeste (5,31/100 mil hab).

A Organização Mundial da Saúde (OMS) informou que 136 países e territórios reportaram ocorrências de hanseníase em 2015, mostrando uma prevalência mundial da doença de 174.608 casos em tratamento. O número de casos novos detectados em todo o mundo em 2015 foi de 210.758. Neste ano de 2017, o Brasil ocupou a segunda posição em número de casos novos de hanseníase, com 28.761, correspondendo a 13,6% do número de casos novos no mundo. A primeira posição está com a Índia, com 127.326 registros. 

 

Doença infecciosa pode atingir qualquer área da pele

FOTO: DIVULGAÇÃO

 

 

A HANSENÍASE

A hanseníase, conhecida como lepra, é uma doença infecciosa causada pela bactéria Mycobacterium leprae, conhecida como Bacilo de Hansen, que acomete principalmente os nervos superficiais da pele e troncos nervosos periféricos (localizados na face, pescoço, terço médio do braço e abaixo do cotovelo e dos joelhos) e ocasiona a diminuição da sensibilidade da pele. Se não tratada na forma inicial, a doença quase sempre evolui, torna-se transmissível e pode atingir pessoas de qualquer sexo ou idade, inclusive, crianças e idosos. Essa evolução ocorre, em geral, de forma lenta e progressiva, podendo levar a incapacidades físicas.

Os principais sinais e sintomas da doença são manchas esbranquiçadas na pele, acastanhadas ou avermelhadas, com alterações de sensibilidade ao calor; formigamentos, choques e cãimbras nos braços e pernas que evoluem para dormência (a pessoa se queima ou se machuca sem perceber); surgimento de caroços; redução ou queda de pelos e ausência ou diminuição de suor na pele. 

O tratamento da hanseníase é realizado através da associação de medicamentos (poliquimioterapia - PQT). O tratamento é iniciado já na primeira consulta, após a definição do diagnóstico. O paciente receberá uma dose mensal (comprimido) supervisionada no serviço de saúde onde é acompanhado, e tomará também uma dose diária (comprimidos) em casa. 

O tempo de tratamento é de 6 a 24 meses, a depender da forma da doença e da resposta do paciente ao tratamento, e, mensalmente, ele retorna à unidade de saúde para consulta e administração da dose supervisionada. Na presença de intercorrências clínicas, reações adversas ao tratamento, reações hansênicas, além de dúvidas no diagnóstico e na conduta, o caso deve ser encaminhado para os serviços de referência. 

Aqui em Alagoas, o paciente tem as seguintes opções de tratamento: ambulatório de hanseníase localizado no II Centro de Saúde em Maceió, o Centro de Referência Integrado de Arapiraca (CRIA) e o ambulatório de Dermatologia do Hospital Universitário Professor Alberto Antunes (HUPAA). 

 

Mãos de paciente mostram avanço da doença 

FOTO: DIVULGAÇÃO

 

 

FORMAS DE PREVENÇÃO 

As principais vias de eliminação do bacilo pelo doente são as aéreas superiores (mucosa nasal e orofaringe), por meio de contato próximo e prolongado, muito frequente na convivência domiciliar. Estima-se que 90% da população tenha imunidade natural contra o M. leprae, e sabe-se que a suscetibilidade ao bacilo tem influência genética. Assim, familiares de pessoas com hanseníase possuem chances maiores de adoecer.

A forma mais indicada de prevenir a doença é mantendo o sistema imunológico eficiente, para que o organismo consiga combater a bactéria, caso haja contato com a mesma. Por isso, é indicado que os indivíduos assumam novos hábitos cotidianos, com boa alimentação, prática de atividades físicas e boa higiene.

 

Medicamentos indicados para o tratamento da Hanseníase 

FOTO: DIVULGAÇÃO

 

 

ORIGEM DA DOENÇA 

Acredita-se que a doença tenha surgido no Oriente e se espalhado pelo mundo por tribos nômades ou por navegadores, como os fenícios. Também conhecida como lepra ou mal de Lázaro, antigamente a enfermidade era associada ao pecado, à impureza, à desonra. Por falta de um conhecimento específico, a hanseníase era, muitas vezes, confundida com outras doenças, principalmente, as de pele e venéreas. Havia um preconceito em relação ao seu portador: a transmissão da doença pressupunha um contato corporal, muitas vezes de natureza sexual e, portanto, pecaminoso. 

Quando não eram enviados para leprosários e excluídos da sociedade, os doentes não podiam entrar em igrejas, tinham que usar luvas e roupas especiais, carregar sinetas ou matracas que anunciassem sua presença e, para pedir esmolas, precisavam colocar um saco amarrado na ponta de uma longa vara. Não havia cura e ninguém queria um leproso por perto. 

Somente em 1873, a bactéria causadora da moléstia foi identificada pelo norueguês Armauer Hansen, e as crenças de que a doença era hereditária, fruto do pecado ou castigo divino foram afastadas. Porém, o preconceito persistiu, e a exclusão social dos acometidos foi até mesmo reforçada pela teoria de que o confinamento dos doentes era o caminho para a extinção do mal. 

No Brasil, até meados do século XX, os doentes eram obrigados a se isolar em leprosários e tinham seus pertences queimados, uma política que visava muito mais ao afastamento dos portadores do que a um tratamento efetivo. 

Desde os anos 90, o tratamento é gratuitamente oferecido para os pacientes do mundo todo, e, nessa mesma década, no Brasil, o termo lepra e seus derivados foram proibidos de serem empregados nos documentos oficiais da Administração, em uma tentativa de reduzir o estigma da doença.

 

 
gazetaweb
 


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