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Vida e Estilo
19/05/2018 10:16:00

5 estereótipos sobre saúde mental que você deveria evitar


5 estereótipos sobre saúde mental que você deveria evitar

www.huffpostbrasil.com 

A estigmatização da doença mental é mais comum do que a gente pensa e tem consequências profundas. Ela faz com que uma doença mental pareça ser um defeito de caráter da pessoa, algo que é totalmente sem fundamento. Isso poode até impedir que alguém procure assistência médica para administrar a sua condição.

 

O pior disso é que muitas pessoas contribuem para essa estigmatização mais do que elas imaginam.

A maioria das pessoas bem intencionadas não age propositalmente. Mesmo assim, certos comportamentos cotidianos contribuem para os estereótipos negativos.

 

Veja alguns comportamentos que você faria bem em evitar, segundo especialistas.

Usar casualmente termos como "deprimido" ou "TOC"

É claro que é uma pena se o programa de TV que você mais curte sai do ar. Você pode passar a impressão de ser excêntrico se gosta de organizar suas coisas de determinada maneira. Mas dizer que essas coisas deixam você "deprimido" ou "com TOC" é falso – e, além disso, trivializa transtornos reais de saúde mental.

 

"É fundamental tomar consciência da linguagem que utilizamos", recomendou Shari Harding, especialista em saúde mental e professora de enfermagem no Regis College, no Massachusetts. "Todos nós às vezes pecamos por falta de precisão ou uso de hipérboles, mas é importante evitar o uso equivocado de termos."

 

Atribuir cada caso de massacre a tiros a doenças mentais

Traçar uma ligação supersimplificada entre saúde mental e incidentes de chacinas transmite uma mensagem incorreta sobre os transtornos de saúde mental.

É mais provável que pessoas que vivem com transtornos de doença mental sejam vítimas de crimes violentos que perpetradoras desses crimes. De acordo com um estudo de 2015, menos de 5% das chacinas são cometidas por uma pessoa com diagnóstico de uma doença mental.

Elas pensam que esses comentários impensados são inofensivos, mas a realidade é que prejudicam as pessoas que vivem com uma doença mental, além de suas famílias, e aumentam as percepções equivocadas sobre as doenças.Dan Reidenberg, diretor executivo da Suicide Awareness Voices of Education

Descrever uma pessoa como "louca" ou "psicótica"

É muito comum as pessoas utilizarem termos como esses para insultar alguém que consideram ter feito algo de errado. Mas termos pejorativos como esses perpetuam ainda mais a ideia incorreta de que as pessoas com doenças mentais deveriam se envergonhar ou que deveríamos sentir medo delas. Quem diz isso é Dan Reidenberg, diretor executivo da Suicide Awareness Voices of Education (SAVE, uma ONG dedicada à prevenção do suicídio).

"As pessoas estigmatizam a doença mental quando fazem comentários inapropriados sobre as doenças que devastam a mente", disse Reidenberg. "Muitas vezes elas pensam que esses comentários impensados são inofensivos, mas a realidade é que prejudicam as pessoas que vivem com uma doença mental, além de suas famílias, e aumentam as percepções equivocadas sobre as doenças. Assistimos a isso com frequencia na política, nos esportes e até entre crianças."

Rotular uma pessoa com base em sua doença

Pense assim: você não descreveria uma pessoa com câncer como "pessoa cancerosa". A mesma regra se aplica a uma pessoa que esteja passando por um problema de saúde mental.

"Um dos equívocos mais comuns ocorre quando se usam termos como 'esquizofrênico' ou 'borderline', em vez de 'pessoa com esquizofrenia' ou 'pessoa com transtorno de personalidade borderline'", falou Shari Harding. "Os primeiros termos estigmatizam a pessoa, porque reduzem a pessoa inteira a um rótulo diagnóstico."

Julgar alguém ou zombar de alguém que exibe comportamento anormal

Vemos isso com frequência quando as pessoas falam em celebridades. Quando uma pessoa famosa age de maneira anormal – nas redes sociais ou na vida real --, isso muitas vezes é visto como algo que merece virar notícia, mas esse comportamento pode ser indício de um problema de saúde mental.

Tome-se o caso do ex-jogador da NBA Delonte West. Um fã viu West andando descalço em frente de um restaurante de fast food de Houston em 2016 e documentou o que viu nas redes sociais. Várias pessoas imediatamente fizeram piadas e premissas sobre a saúde mental de West. Algo assim pode transmitir a qualquer pessoa que esteja passando por um problema de saúde mental que sua doença é motivo de piada ou não merece compaixão.

A mesma reação foi vista quando saiu a notícia de que o ex-jogador da NFL Aaron Hernandez tinha se suicidado na cadeia, onde cumpria pena de prisão vitalícia depois de ser condenado por homicídio. As pessoas zombaram de sua morte nas redes sociais, convertendo um problema muito real de saúde mental em piada, compartilhando memes e comentários grosseiros sobre o suicídio.

Precisamos analisar nossos próprios preconceitos e vieses. A doença mental é algo muito comum.Laura Nitzberg, diretora assistente de trabalho social psiquiátrico no Centro Médico da Universidade do Michigan

Mesmo que a intenção seja fazer uma brincadeira, esse tipo de comportamento contribui muito para as atitudes negativas em torno da saúde mental, diz Laura Nitzberg, diretora assistente de trabalho social psiquiátrico no Centro Médico da Universidade do Michigan.

"Precisamos ficar atentos ao que dizemos e fazemos quando estamos na presença de uma pessoa que manifesta uma doença mental", disse Nitzberg. "Precisamos analisar nossos próprios preconceitos e vieses. A doença mental é algo muito comum."

Em última análise, doenças mentais merecem ser tratadas com a mesma sensibilidade e compreensão que qualquer doença física. Todo o mundo é responsável por ter consciência de como pode estar reforçando um estigma – e por corrigir seu comportamento.

"Todos nós temos um papel a exercer na redução e eliminação do estigma em torno da doença mental", diz Reidenberg. "Se você ouve uma fala que estigmatiza, corrija-a. Se você a lê, mostre isso a outras pessoas e explique por que está errado. Se você pensa algo assim, olhe-se no espelho e se pergunte: 'Quero realmente ser uma pessoa que discrimina outra pessoa que convive com uma doença cerebral?'."

*Este texto foi originalmente publicado no HuffPost US e traduzido do inglês.



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