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04/05/2018 12:34:00

As histórias de horror dos parasitas que controlam a mente de suas vítimas


As histórias de horror dos parasitas que controlam a mente de suas vítimas

Na natureza que inspira os filmes de Disney podem ser encontrado também os mais espeluznantes relatos de terror. Uma das melhores fontes desse tipo de histórias são as relações entre parasitas e hóspedes no mundo dos insetos. Milhões de anos de evoluçãopermitiram o aparecimento de sofisticados mecanismos de algo parecido ao controle mental no que as vítimas entregam suas vidas para benefício do organismo que lhes infetou. Animais que se suicidam para que os parasitas possam alcançar seu objetivo ou insetos que ficam velando pela segurança das crianças de seu assassino enquanto estas lhe devoram por dentro acordam o interesse da neuroparasitología, um ramo que trata de compreender as bases biológicas destas práticas despiadadas.

Em um artigo que se publicou em Frontiers in Psychology, um grupo de pesquisadores da Universidade Ben-Gurion do Negev, em Israel, oferece alguns exemplos de manipulação do sistema nervoso da vítima e os esforços que se estão realizando para os explicar.

Um dos usos que os parasitas fazem de suas vítimas é o dos empregar como médio para se reproduzir e se dispersar. É o caso do Dicrocoelium dendriticum, que começa seu ciclo no hígado de animais como as ovelhas. Ali põem ovos que depois são expulsos através das fezes e passam a infetar a caracoles que se alimentam delas. A seguir, os caracoles produzem umas mucosidades que atraem às formigas e acabam infetadas pelos parasitas. Enquanto a maioria dos parasitas fica no hemolinfo, o sangue das hormigas, um só dos parasitas migra até a cabeça do inseto e, se acha, começa a segregar algum tipo de substância química que serve para controlar seu comportamento.

Um tipo de vespa utiliza o corpo de uma lagarta para incubar suas crias e depois faz com que cuide delas

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Uma vez infetada, a formiga segue comportando-se como uma mais de sua colônia, mas quando cai a tarde e o ar se enfría, abandona ao grupo e se sobe ao alto de uma brizna de erva. “Uma vez ali, sujeita-se mordendo com força e espera a que algum animal a devore”, explicam os autores do trabalho, liderado por Frederic Libersat. Se quando amanhece, a formiga salvou a vida, regressa a sua colônia e se comporta normalmente até que volta a anoitecer. Nesse momento, o parasita toma o controle de novo e regressa a uma brizna de erva à espera de acabar no hígado de um animal no que o parasita possa completar seu ciclo.

Outro tipo de manipulação mental entre insetos é o que permite controlar às vítimas para que cuidem das crianças que lhes têm inoculado. Isto se observou em várias relações entre vespas e lagartas. As vespas (Glyptapanteles), por exemplo, injetam com um picotazo seus ovos nas lagartas (Thyrinteina leucocerae). Já com os parasitas dentro, o animal se recupera rápido e continua se alimentando. Em seu interior, até 80 larvas crescem durante duas semanas antes de perfurar seu corpo e sair ao exterior. Uma ou duas larvas permanecem dentro da lagarta e, por um mecanismo desconhecido, convertem-no em uma espécie de espantalho. Tomando o controle de seu organismo, provocam-lhe uns espasmos que servem para manter afastados aos depredadores que poderiam atacar a suas irmãs. Segundo os autores, este tipo de comportamento supõe uma redução importante da mortalidade das pequenas vespas.

As interações parasitarias podem ser complicado ainda mais. Existe um tipo de lagarta (Maculinea rebeli) capaz de infiltrarse nas colônias das formigas Myrmica schencki. Imitando a química da superfície destes insetos o verme é capaz de evitar seus defesas. E não só isso. Sua imitação dos sons da formiga rainha, fazem-lhe ganhar-se as atenções que só esta tem dentro de sua colônia. De fato, parece que é a própria hormiga reina o única consciente da farsa e a única que trata à lagarta como se fosse o inimigo.

Mas estes astutos vermes não estão a salvo de outros parasitas com capacidades de controle mental. A abeja Ichneumon eumerus encontra a sua futura vítima buscando colônias de formigas. Quando encontra uma, se acerca e, de repente, azuzadas pelas substâncias químicas que recobrem o corpo da vespa, as formigas que deveriam defender seu lar da intrusa começam a se atacar entre elas. Aproveitando a confusão, a vespa interna-se na colônia e ataca à lagarta que se estava fazendo passar por rainha das hormigas.

Este tipo de comportamentos, frequente entre insetos, tem um exemplo bem estudado entre os mamíferos. A toxoplasmosis, provocada pelo parasita Toxoplasma gondii, produz um efeito nos ratos parecido ao dos Dicrocoelium dendriticum que fazem trepar às formigas ao alto de briznas de erva para esperar a ser devoradas. Os roedores infetados, a diferença do que têm por costume, se sentem atraídos pelo cheiro da urina dos gatos. Dessa forma, o parasita consegue passar de ratos a gatos para completar seu ciclo vital. Os parasitas produzem esta mudança de comportamento produzindo quistes no cérebro dos animais que produzem uma enzima que limita os níveis de dopamina. Com um excesso deste neurotransmisor no organismo, os roedores voltam-se temerarios, algo que se observou em alguns humanos infetados por toxoplasmosis. Embora a hipótese ainda propõe dúvidas, há quem propõe que esse efeito é a lembrança de uma época na que nossos ancestros também eram comida para grandes felinos e os parasitas tratavam de controlar nossa mente para satisfazer suas necessidades vitais.



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