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02/05/2018 10:05:00

'As pessoas acreditam que quem defende o Lula tem que morrer', diz advogada salva por banheiro químico


'As pessoas acreditam que quem defende o Lula tem que morrer', diz advogada salva por banheiro químico

SAMUEL NUNES

CURITIBA, PR (FOLHAPRESS) - A advogada gaúcha Márcia Koakoski, 42, estava em um dos banheiros químicos do acampamento de apoiadores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em Curitiba, quando foi atingida no ataque a tiros contra os militantes na madrugada de sábado (28). 

Em entrevista neste domingo (29), afirmou que uma bala só não a perfurou porque, antes de acertá-la, atravessou as estruturas de fibra de vidro dos banheiros. As barreiras reduziram a velocidade do projétil, que acabou deixando apenas uma marca no seu ombro, como se fosse uma bala de borracha.

Antes do exame de corpo de delito, no IML (Instituto Médico Legal) de Curitiba, Koakoski acreditava ter sido atingida apenas por estilhaços. "Fui encaminhada ao legista ao fim do dia, o médico me examinou e disse que foi a bala que causou a lesão", conta. 

Além dela, o sindicalista Jefferson Lima de Menezes, 38, que atuava como vigia, foi atingido de raspão no pescoço. Ele segue internado no Hospital do Trabalhador e não corre risco de morte. Até a última atualização da Secretaria de Saúde do Paraná, Menezes estava consciente e conversando, mas sem previsão de alta.

Para Koakoski, o tiroteio era uma tragédia anunciada, não só pelas constantes ameaças sofridas pelos acampados, como também pelo discurso de ódio e acirramento político que ela vê propagado. "As pessoas consideram que o Lula é ladrão e quem defende o Lula é ladrão; o Lula tem que morrer, então quem defende o Lula também tem que morrer", diz.

Ainda no sábado, Koakoski voltou para Porto Alegre, onde tem um escritório de advocacia civil. Ela havia chegado ao acampamento na quinta (26). Viajou com uma amiga em um ônibus fretado pelo PT. Ela afirma que não é filiada atualmente a nenhum partido político, mas que decidiu sair do Rio Grande do Sul para ir ao acampamento para entender e apoiar uma causa que acredita: de que a prisão de Lula foi injusta.

"Nós vivemos em um país em que ninguém está livre. Eu não sou uma ameaça para ninguém, não estou criticando ninguém, tenho uma vida comum. Quando eu resolvo apoiar uma situação que me é de direito, eu viro alvo de um atirador."

AMEAÇAS

Koakoski conta que, antes que um homem realizasse os disparos por volta de 3h45 da madrugada, um grupo de pessoas passou pelo acampamento e ameaçou as pessoas que estavam lá.

Os acampados, então, usaram rojões e foguetes, para fazer barulho e tentar dispersar o grupo. "As pessoas ficaram ali dentro, numa discussão sobre o que fosse feito. Entraram em consenso que essa seria mais uma dessas agressões constantes", lembra a advogada.

Segundo ela, várias pessoas que passam pelo local fazem atos de repúdio ao grupo. Além de xingamentos, há quem jogue ovos e pedras, afirma. Por essa razão, os acampados decidiram não chamar a polícia. 

De acordo com a investigação da polícia, o suspeito chegou em um carro sedan preto, estacionou, caminhou até o acampamento e atirou. Depois fugiu. Foram encontradas seis cápsulas de pistola 9 mm. 

"A pessoa não atirou em direção aos vigilantes, ela atirou em quem estivesse na frente", afirma. Somente a advogada e as pessoas designadas para fazer a vigilância do local estavam do lado de fora do acampamento no momento do ataque.

Neste domingo, a presença da polícia próximo ao local onde os militantes se concentram era constante. Após o ataque, lideranças do acampamento e a Secretaria de Segurança Pública concordaram em reforçar o policiamento.

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