Durante a leitura do voto na análise do Habeas Corpus do ex-presidente Lula, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luis Roberto Barroso, apontou como exemplo de "impunidade" o caso da deputada federal pelo estado de Alagoas, Ceci Cunha, morta em 1998, em uma chacina na Gruta. "O réu só foi preso 14 anos depois", lembrou o ministro no plenário, ao reforçar a necessidade de se prender o acusado após julgamento e a confirmação da sentença em segunda instância.
De acordo com Barroso, apesar de o responsável pelo crime estar preso após ter sido condenado a mais de 100 anos de prisão, o ex-deputado Talvane Albuquerque apresentou um recurso contra a prisão preventiva ao Superior Tribunal de Justiça (STF) e, até o momento, não foi julgado. "Ou seja, o réu poderia estar solto, mesmo tendo sido condenado a mais de 100 anos de prisão", pontuou o ministro aos colegas.
De acordo com a denúncia apresentada pelo Ministério Público, o ex-deputado Talvane Albuquerque "desejava a imunidade parlamentar a qualquer custo" e, para isso, teria "arquitetado um plano para assassinar a deputada eleita Ceci Cunha", da qual ele era o primeiro suplente.
Ceci Cunha foi morta a tiros no dia de sua diplomação como deputada ao lado do marido, Juvenal Cunha da Silva, e de outros dois familiares. Além de Talvane, outros quatro foram condenados pelas mortes. O ex-deputado, que desde 1998 respondia ao processo em liberdade, foi condenado em janeiro de 2012 e só então a prisão preventiva foi decretada.