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Economia
05/04/2018 07:35:00

Produção da indústria cresce 0,2% em fevereiro após queda


Produção da indústria cresce 0,2% em fevereiro após queda

A recuperação econômica ainda caminha a passos lentos. Ontem, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que a produção industrial de fevereiro teve uma leve alta, de 0,2%, após queda de 2,2% em janeiro. Para o gerente executivo de Política Econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco, o setor ainda demonstra sinais de fraqueza porque há “incertezas políticas” e “ajustes ainda não realizados” no país.

No acumulado dos dois primeiros meses de 2018, no entanto, a indústria cresceu 4,3%, a maior alta desde o primeiro bimestre de 2011. Já na soma de 12 meses terminados em fevereiro, a produção industrial avançou 3%, o melhor resultado desde junho de 2011.

O resultado de fevereiro foi influenciado pelo setor de bens de consumo duráveis, que teve expansão de 1,2% em relação ao mês anterior. Também aumentou a produção de bens de capital, em 0,1%. Os setores que apresentaram dados mais positivos foram perfumaria e produtos de limpeza (alta de 4,4%), automotivo (0,9%), produtos de metal (3,1%) e produtos diversos (7,4%).A produção de bens intermediários e de semiduráveis caiu 0,7% e 0,6%, respectivamente. Os principais recuos ocorreram nas indústrias extrativas (-5,2%) e nos produtos  farmacêuticos (-8,1%).

O setor de automóveis é um dos que vêm se recuperando mais rapidamente. Segundo a Fenabrave, que representa as revendedoras, as vendas de veículos aumentaram 15% no primeiro trimestre em relação ao mesmo período do ano passado. Em março, a expansão foi de 9,6% na comparação anual.

“O processo de recuperação não é linear, ocorrem oscilações. Mas não há razões para temer um retrocesso”, disse Castelo Branco. “A economia e a indústria estão crescendo, só que em um ritmo aquém do desejável, em especial após uma recessão tão profunda. A CNI espera alta de 2,6% na produção industrial em 2018.

 

Empresas devem se readequar


As empresas industriais devem buscar ser melhores, não necessariamente maiores, na avaliação do presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). Ele foi o entrevistado de ontem do programa CB.Poder, parceria do Correio Braziliense e da TV Brasília.

O principal programa da ABDI hoje é a implantação da indústria 4.0 no país, conceito em que as empresas têm máquinas conectadas entre si, capazes de coletar informações, que são analisadas com o objetivo de melhorar a produtividade. O consumo de energia, por exemplo, pode ser reduzido em aproximadamente 70%.

Ferreira alerta, porém, para uma condição: não é possível melhorar só as máquinas. Os trabalhadores precisam ser mais qualificados, o que passa por educação de qualidade melhor do que a atual.


O que é a indústria 4.0?

É a quarta revolução industrial. Ela promove conectividade, interatividade e coloca a tecnologia no tecido industrial mundial, global. As cadeias de valor vão ser transformadas por meio desse conceito, em que teremos mais conectividade e inteligência de dados diferenciada, com nuvem e big data. Haverá máquinas conversando com máquinas e gerando mais dados.

Mas isso já chegou para os brasileiros?
Já. Hoje, 2% da nossa indústria trabalha com o conceito de 4.0. Ele é aplicado não em toda a cadeia produtiva, mas em alguns pontos. A ideia é que, com o lançamento da agenda para a indústria 4.0, possamos chegar a pelo menos 18% de toda a indústria em menos de 15 anos.

Estamos atrasados em relação a outros países?
Sim, por uma série de motivos, principalmente o cenário econômico e a legislação. No resto do mundo, por exemplo na Alemanha, há 20 bilhões de euros sendo aplicados em indústria 4.0 por ano. Existe um atraso aqui, mas agora também temos uma oportunidade de transformação.Uma dificuldade para isso é que a saída da recessão econômica está difícil. Isso não vai dificultar novos investimentos?
A saída da recessão está mais lenta, mas não deixa de ser uma saída. Costumamos dizer que, no privado, qualquer tipo de melhora é um ganho considerável. No ano passado, tivemos acréscimo de 1% no Produto Interno Bruto (PIB). A saída é mais lenta por diversos fatores, que vão desde a questão política até questão macroeconômica.

O que se deve fazer pra atingir esse conceito de indústria 4.0?
Se você for, por exemplo, para Petrolina, onde há um polo importante de exportação de frutas, encontrará empresários de porte médio ou pequeno que exportam. Eles podem ser beneficiados. A primeira coisa é conectividade, que permite melhorar a tecnologia do maquinário. A segunda é a reforma das máquinas mais antigas, ou mesmo a compra de novas máquinas. O terceiro ponto é analisar as informações disponíveis, gerar dados. Assim, vê-se onde a produção está mais eficiente e onde pode melhorar. Tudo isso faz com que você tenha o ciclo de 4.0.

Nós temos projetos da Rede Nacional de Produtividade e Inovação (Renapi), um deles em Petrolina. Na questão de frutas, eles precisam passar de exportadores de commodities para exportadores de produtos manufaturados. Essa é uma mudança conceitual que vai ajudar a implementação da indústria 4.0 no Brasil. Tem que ter uma transição, mas o Brasil não pode só ser identificado como um produtor de commodities.

Essa revolução industrial acontece no Brasil num momento em que vemos a indústria encolhendo. Ela já teve o dobro do tamanho em relação ao PIB. Isso não é um problema?

As medições mostram que a participação da indústria varia de 9% a 12%. Mas o fundamental é que a indústria ainda representa 30% dos tributos arrecadados pelo governo. A cada ponto que se melhora no apoio à indústria nacional, o governo arrecada mais, e geram-se mais emprego e renda. O segundo ponto é que não concordamos com o conceito de desindustrialização. No mundo inteiro a indústria ficou menor, mais tecnológica — e produzindo mais. Nos últimos anos, a indústria brasileira teve a concepção de que precisava aumentar seu parque físico. Mas a economia não respondeu. Hoje, o caminho é uma readequação. A indústria vai ter que reduzir, sim, seu parque físico, desenvolvendo o novo formato focado em tecnologia, diminuição de custo e aumento de produtividade. 
Correio Braziliense

 

 



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