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Alagoas
27/03/2018 12:11:00

"Não estou nada satisfeito nessa posição", diz Omar Coelho sobre presidência do Podemos


Defendendo a diminuição do número de partido e a segmentação da ideologia partidária, o ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Alagoas vem se articulando como uma interlocução importante para trazer e compor novos membros para o Partido Podemos.  

Em entrevista ao jornalista Ricardo Alexandre, no programa Mesa Crítica, Omar Coelho faz uma avaliação do processo eleitoral em Alagoas, além da atuação do partido, presidido por ele em Alagoas, que busca neste pleito eleitoral de 2018 aumentar o número de diretórios estaduais, consequentemente ampliando suas bases no interior do estado.

No entanto, questões burocráticas estão levando o entusiasmo ao desânimo, apesar da corrida eleitoral batendo na porta. Omar foi candidato ao Senado em 2014 pelo Democratas (DEM) pela coligação “Juntos com o povo pela melhoria de Alagoas” e obteve 137.237 votos (11.09%), sendo o terceiro mais votado.  Heloísa Helena (PSOL) foi a segunda mais votada com 394.309 (31,86%) e Fernando Collor foi eleito para um mandato de oito anos, após ser votado por 689.266 alagoanos (55,69%).  

Falando sobre política, qual a situação do Partido Podemos em Alagoas?

Não abrangemos todos os municípios alagoanos e ainda estamos com uma situação de manutenção em boa parte dos diretórios existentes. Tínhamos 58 diretórios e até o final dessas afiliações pretendemos chegar a um número de 80. Porém, temos hoje uma situação muito complicada, que concentra o grande problema do partido. Para se ter uma ideia, quando assumi fizemos um levantamento e o Podemos não prestava contas dos seus compromissos com a Justiça Eleitoral regulamente, principalmente no quesito financeiro, desde 1997. Isso significa dizer que há 20 anos o partido possui pendências, ficando proibido de receber fundo partidário. Nós contratamos uma equipe para resolver essa questão e acabamos perdendo o final do ano todo cuidando desse caso, na tentativa de dar ao partido aquilo que ele realmente necessita, e nessa mesma situação estão todos os diretórios, por isso a situação é muito delicada. Usava-se o Podemos apenas no período eleitoral, o deixando apto para fazer as coligações, porque a prática de quem tem esses partidos pequenos é negociar. Infelizmente era uma legenda de aluguel.

Essas pendências burocráticas e financeiras provocam um desgaste?

Realmente é uma coisa de assustar. Isso tem me angustiado, porque eu sempre trabalhei dentro da legalidade e da normalidade, e agora estamos prestando conta desde o mês de outubro mais o passivo todo que nós tivemos que assumir. Além disso, temos essas questões das transações para que se viabilize o partido, pois sem dúvida alguma existe o interesse do diretório nacional em eleger um deputado federal. Essa é uma briga para os partidos sobreviverem ou conseguirem aquele 1,1/2% do eleitorado na tentativa de ganhar uma sobrevida, já que dos trinta e poucos partidos que nós temos hoje, se espera que após 2018 recuemos para 15. Mas o ideal era que nós perdêssemos mais partidos, cada um com uma linha ideológica e pronto. Não tem para quê esse festival de partido no país.

Qual a diferença do atual Podemos para o antigo, e o que mudou em escala nacional e estadual dentro do partido?

Na verdade o Podemos é um partido familiar, que foi criado pela família Abreu e que está em sua terceira geração com a deputada Renata Abreu. O que difere é a visão que a deputada deu ao antigo PTN. Ela chegou à conclusão que o partido havia se tornado um partido de aluguel, apesar de no passado já termos elegido um presidente da República, que foi o Jânio Quadro. Então ela buscou mudar totalmente o conceito do PTN, buscando na campanha do Obama o nome Podemos. Porém, acredito que ela não se atentou que na Espanha já existe um partido Podemos, que é de extrema esquerda. Mas dentro desse novo conceito, a deputada fez uma consulta popular e o Podemos é o primeiro partido do Brasil que defende a democracia direta, aquela que o filiado repercute nas decisões do partido. A grade das redes sociais é feita para receber essas consultas dos filiados e a partir daí dar as diretrizes dos caminhos que devemos seguir. É por isso que o Podemos não tem uma ideologia determinada e que para cada causa ele terá uma posição, ouvindo todas suas bases.

Muitos partidos mudaram as denominações, mas não alteraram as suas ideologias. Como o senhor observa esse movimento?

Isso é muito triste para o país, pois temos um marco de política familiar. A herança política passa de pai para filho e as condutas, com raras exceções, continuam as mesmas. Isso nós dá um olhar para o futuro que não nos anima tanto, pois foi esta prática que levou o país a situação atual. Do jeito que política que está preparada, por exemplo, hoje muitas pessoas me pedem para que eu saia como candidato, mas quando você vai parar para discutir, parece que ninguém mudou nada. As pessoas que chegam para lhe ajudar, chegam em busca de recursos e não querem outra coisa, como se a ideologia  não tivesse valor, querem apenas saber do voto e quanto ele custa. Isso é muito triste e desanima qualquer cidadão de bem a entrar na política.

Como o senhor avalia os governos municipais e estaduais?

Eu, como filiado a um partido, poderia ter uma oposição política, coisa que eu não farei nesta análise. Em relação ao governo do estado, Renan Filho tem tocado Alagoas de forma muito equilibrada. Ele é um cara voluntarioso, acaba não parando em suas atividades e soube receber um estado que não estava tão ruim. Dentro do período que o PSDB passou no governo, apesar da crítica em relação à sua forma de agir, o governo sempre passou a imagem de que não tocava as coisas, estilo do próprio ex-governador Teotônio Vilela e parece que é um estilo até do próprio partido, tanto que os tucanos ficaram conhecidos por andar em cima do muro. Mas o governador Renan Filho teve seus méritos, que foi não preencher todos os cargos de pessoas da comissão. Também teve um defeito, avaliado por mim, que foi o aumento da carga tributária, tanto que o empresário hoje vive sufocado com a máquina fazendária sempre em cima, mas foi o que deu possibilidade a ele de fazer todas essas obras que tem hoje. Eu sempre fui um incentivador do atual governo, independente do lado político que estamos. Da mesma forma, o prefeito Rui Palmeira pegou uma prefeitura que estava cambaleando, que havia tido um pico de popularidade, mas também uma queda muito grande. O que na verdade atrapalhou o Rui nesses últimos anos foi essa chuva desenfreada, que não tem quem resista, e ai o exemplo de hoje é você olhar a cidade de São Paulo, que tem a estrutura que tem, mas também não resiste a grande quantidade de água. Rui tem um governo equilibrado, mas peca por não privilegiar o servidor público, o que também parece ser uma prática do partido, o que acarreta na queda de vários serviços. Mas de qualquer forma, também sou incentivador da gestão municipal.

Politicamente, como você avalia a decisão do Rui Palmeira em não sair candidato para o governo do estado?

Politicamente eu acho que foi uma tragédia para quem pensava na oposição. Rui é um grande nome, tem uma política com tradição. Mas se olharmos de fora, para a situação atual dele, esta foi à escolha certa. Digo isso porque ele tem 2 anos e 9 meses de gestão, um compromisso que foi assumido com a população. Ele não é um carreirista, então esse compromisso dele com a tradição e com a história está dentro do contexto. O que aconteceu deixou todo mundo com as calças curtas, pois na esperança de tê-lo como governador, ninguém pensou em uma segunda opção. Mas considero que foi uma decisão acertada, pois toda e qualquer negociação se deu antes do Rui, e agora a conversa está no submundo e não sabemos exatamente o que a oposição irá fazer.

O Podemos apresentará uma chapa majoritária completa nesta eleições?

A minha fraqueza é uma coisa que não consigo segurar. Primeiro quero colocar a minha insatisfação hoje de presidir o partido e não estou nada satisfeito em estar nessa posição. Mas em relação ao partido, hoje, eu tenho um compromisso, esse compromisso é trabalhar para que Álvaro Dias venha ter o espaço necessário aqui em Alagoas e um outro é de fazer pelo Podemos um deputado federal e isso nós estamos conversando com algumas pessoas de qualidade, para vê se até o finalzinho do mês venham assumir a essa postura ou até a possibilidade de que eu venha a ser candidato a deputado federal também existe, apesar de não está tão configurado assim em razão que estou tentando conversar com a deputada Rosinha para saber se ela vem para o partido, o deputado Álvaro Vasconcelos, uma composição com o Alfredo Gaspar de Mendonça, se ele realmente se decidir a ser candidato, o partido está aberto a ele. O partido agora está com uma satisfação muito grande em receber o Henrique Arruda, que é um lideres dos Livres, foi vice-prefeito na chapa com o JHC e está conosco nessa luta de estruturação do Podemos em Alagoas. As coisas estão sendo tratadas agora de forma mais cautelosa, para que possamos saber qual é o quadro existente.



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