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18/03/2018 13:06:00

A tentativa de apagar a mente pensante de Marielle com 4 tiros não cessou sua luta


A tentativa de apagar a mente pensante de Marielle com 4 tiros não cessou sua luta
Marielle simbolizava a luta da mulher negra e a força de cada mulher mãe.

Marielle Franco da Silva, nascida em 27 de julho de 1979 no Rio de Janeiro, 38 anos, socióloga formada pela PUC-Rio e mestre em Administração Pública pela Universidade Federal Fluminense (UFF), militante dos direitos humanos, filiada ao Psol, foi a quinta vereadora mais votada do Rio de Janeiro na eleição municipal de 2016. Mulher, feminista, mãe, negra, homossexual e cria da Maré.

'A política é basicamente composta por homens brancos e ricos e Marielle representava uma nova maneira de se fazer política, sendo mulher, negra, homossexual, mãe e advinda da classe pobre'.

No dia 28 de fevereiro, a vereadora foi nomeada relatora da comissão que iria acompanhar a intervenção no Rio de Janeiro. No dia 10 de março, Marielle denunciou a violência da PM-RJ em Acari. No dia 14 de março, foi executada a tiros dentro do carro após um evento no início da noite na Rua dos Inválidos, na Lapa. No carro, estavam o motorista, Anderson Pedro Gomes, e sua assessora cujo nome está mantido em sigilo por segurança. Na Rua Joaquim Paralhes, no Estácio, o carro onde Marielle se encontrava foi baleado por volta de 21:30. A vereadora e o motorista morreram. A assessora conseguiu sobreviver. Marielle foi morta com quatro tiros na cabeça.

A política é basicamente composta por homens brancos e ricos e Marielle representava uma nova maneira de se fazer política, sendo mulher, negra, homossexual, mãe e advinda da classe pobre. A vereadora representava seus eleitores de maneira ética, resistente e justa. Em seu mandato, apresentou vinte projetos de lei, sendo dois aprovados. Ela era presidente da Comissão permanente da Defesa da Mulher. Marielle simbolizava a luta da mulher negra e a força de cada mulher mãe. Ela era não só exemplo de poder, mas de autoridade, o que certamente incomodava os mais conservadores.

'É preciso que se faça um recorte social. Essa morte reflete o que estão fazendo há séculos com o povo negro: dizimando'.

A tentativa de apagar a mente pensante de Marielle com 4 tiros não cessou sua luta. Na verdade, o Brasil inteiro se comoveu e se uniu em uma grande manisfestação pacífica que serviu para que a força de Marielle fosse potencializada e, agora, tão grandiosa quanto ela. Se pretendiam fazer do assassinato de Marielle um recado de silenciamento, erraram. Mais do que nunca, esse assassinato político reacendeu as ruas brasileiras e as multidões desafiaram a intervenção no Rio.

Engana-se também quem acha que brasileiro não entende de política e mal lembra em quem votou. Sabemos. Lembramos da nossa vereadora e a multidão gigantesca que se reuniu no Centro do Rio estava lá para nunca esquecermos dela. O povo fez do luto luta e a indignação lotou não só o Rio de Janeiro, mas as principais capitais brasileiras e várias partes do mundo. Essa execução foi uma afronta ao Estado Democrático de Direito. O povo não deixará por menos e não esquecerá. Marielle não morreu em serviço, que fique claro. Muito menos em um assalto. Que a nossa justiça, pelo menos dessa vez, funcione como deve funcionar.

É preciso que se faça um recorte social. Essa morte reflete o que estão fazendo há séculos com o povo negro: dizimando. O recado parece ser claro. Mulher negra não deve chegar ao poder nem lutar contra o que está estabelecido. Mexer nas estruturas é mexer em formigueiro. No entanto, esse recado chegou e o povo o rasgou. A população negra, a mulher, o homossexual, a mãe, o favelado - todas essas minorias vão, sim, chegar ao poder, falar, transformar e ter voz! Estamos juntos.

www.huffpostbrasil.com 



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