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Polícia
08/03/2018 07:40:31

Família Boiadeiro diz que "polícia está querendo inverter os fatos para tirar o foco das investigações”


 Família Boiadeiro diz que
Mércia Boiadeiro

Após quatro meses do assassinato do vereador Adelmo Rodrigues de Melo, 61 anos, conhecido como Neguinho Boiadeiro, morto na porta da Câmara de Vereadores da cidade de Batalha, a viúva Mércia Boiadeiro junto com outros familiares falou, nesta quarta-feira, dia 07, sobre a morosidade das investigações a respeito da morte de seu esposo e ainda questionou as acusações feitas a seu filho José Márcio, conhecido como baixinho Boiadeiro que está sendo apontado pela polícia como autor da morte do vereador Tony Pretinho, de Batalha.

“A polícia tem cumprido mandados de busca e apreensão nas casas de parentes de forma truculenta; chegam quebrando portas e assustando pessoas de bem, nós somos as vítimas e a polícia deveria estar fazendo a nossa proteção e não procurando indícios de coisas que não cometemos”, desabafou emocionada a viúva.

“Numa das fazendas, quando os policiais chegaram, o vaqueiro estava trabalhando e ao ver os homens na porteira pediu para eles não quebrarem o cadeado, que ele abriria, mas a resposta dada foi que estavam ali para quebrar tudo”, lembrou Rita Boiadeiro, irmã de Neguinho.

Os advogados da família comentaram que os mandados foram espedidos em dezembro de 2017, e segundo a lei a “sua validade para serem cumpridos é de 20 dias e não poderiam ter sido utilizados no último dia 28 de fevereiro, pois sua validade já estaria nula”.

Sem paradeiro
Há quatro meses, desde a morte de Boiadeiro eu e meus filhos estamos vivendo feito nômades, “temos que nos esconder com medo de morrer”, afirmou Mércia que relatou que chegou até a dormir no chão de uma padaria.

Após a morte de Tony Pretinho, e da suspeita da polícia apontando Baixinho Boiadeiro como autor nossa paz acabou. “Ninguém tinha motivo nenhum para matar o Tony e a família dele inclusive sabe disso, haja visto que a mãe dele deu entrevista a uma rádio do interior e afirmou que Baixinho não tinha nada a ver com o crime”, comentou Maria Boiadeiro, irmã de Baixinho.

Inversão de  foco
Maria disse ainda que, após as denúncias feitas pelo seu irmão, que se encontra foragido, onde ele denunciou um esquema de desvio de dinheiro na Assembleia Legislativa de Alagoas, “a polícia está querendo inverter os fatos para tirar o foco das investigações”.

Defendendo que a verdade deve ser investigada com idoneidade e imparcialidade, seja ela qual for, Mércia falou ainda que seu filho é réu primário e que todos sabem quem são os mandantes. “Todos sabem que os mandantes são Paulo Dantas, ex-prefeito de Batalha e a atual prefeita Marina Dantas; meu filho vai responder sim pela troca de tiros, mas não pela morte dos outros. Nós deixamos a cidade um dia depois da morte de meu marido e não voltamos mais”, ressaltou a viúva reforçando ainda que no dia da morte de Tony, o Baixinho não estava na cidade e que existem provas e testemunhas desse álibi. 

Desigualdade
Todos temos que dormir em casas separadas. Nossas roupas são dentro de bolsas e estamos vivendo de favor na casa das pessoas. Foram liberados dois policiais para andar dentro do carro com a gente. “Isso não é segurança. Queremos um tratamento igual ao que é dado à família Dantas, que são acompanhados por viaturas”, disse Maria Boiadeiro. 

“Existe uma disparidade muito grande onde é visível a proteção dada à família Dantas e a perseguição aos Boiadeiro; nós somos da roça, nossa sobrevivência é tirada da terra, do curral e hoje estamos todos dispersos de nosso trabalho”, revelou Rita Boiadeiro.

“Por que o Governo está dando tanta cobertura aos Dantas e a nós, que somos as vítimas temos que conviver com a polícia invadindo e procurando meus filhos para matar”, questionou Mércia Boaiadeiro.

Acordo

Em julho ou agosto de 2017, o senador Renan Calheiros teria chamado Neguinho para uma reunião. Segundo Maria, o senador “garantiu que meu pai (Neguinho Boiadeiro) não sofreria nada e a paz estava selada, e menos de quatro meses depois meu pai foi assassinado na porta da Câmara de Vereadores”. 

Essa promessa foi levada a sério por todos nós, disse Maria comentando ainda que no momento da morte do vereador ele estava desarmado. “A arma que nós tínhamos era Deus e os dois seguranças que andavam com ele”, falou a viúva.

Após as duas mortes muitas especulações e boatos começaram a circular pela cidade, entre eles que a família teria intriga com a polícia, mas “queremos deixar bem claro que a família Boiadeiro não tem intriga com a polícia e nunca teve; a gente gosta da polícia e trata bem”, reforçou Maria.

A cidade

O clima na cidade está tenso. As pessoas estão apreensivas e a economia decaiu depois da morte de Neguinho. Como os trabalhos nas fazendas foram interrompidos e isso o gerava renda na economia local, muitos comerciantes estão em situação delicada, afirmou a irmã de Baixinho.

“A cidade não está dividida entre Dantas e Boiadeiro, a cidade é Boiadeiro porque ele era muito querido e ajudava a todos”, lembrou a filha fazendo um apelo ao Governador Renan Filho e questionando: qual foi o mal que a família Boiadeiro fez a ele?

Emocionada a viúva pediu que a justiça fosse feita e “pediu que devolvam a  nossa vida por favor, para que possamos ter o direito a viver em nossa casa porque nem isso estamos tendo”.

Caso Neguinho Boiadeiro

Adelmo Rodrigues de Melo, 61 anos, (PSD),  conhecido popularmente como  “Neguinho Boiadeiro” foi assassinado a tiros no início da tarde do dia 9 de novembro de 2017,  por dois homens armados,  quando saia da sessão que estava sendo realizada na Câmara de Vereadores do município.

De acordo com testemunhas, “Neguinho Boiadeiro” foi morto por dois  homens armados, que aguardavam o parlamentar sair da Câmara Municipal, onde participava de  uma sessão.

Ao se dirigir a seu veículo após deixar a Casa Legislativa, o vereador foi assassinado com vários tiros de arma de fogo pelos homens, que em seguida fugiram do local do crime em um veículo de características desconhecidas.

Após o assassinato, policiais militares lotados no 7º Batalhão de Polícia Militar no município de Santana do Ipanema,  reforçou o policiamento em Batalha, realizando buscas no sentido de identificar e prender os suspeitos de executar o vereador e ferir um policial civil identificado como Joaquim Pirauá  que no momento do crime estava na companhia “Neguinho Boiadeiro”.

Após o assassinato a Secretaria de Estado de Pública (SSP), enviou  dezenas de militares que integram o Batalhão de Operações Especiais (Bope)  para o município de Batalha. Os policiais  foram enviados de Maceió para o Sertão com o objetivo de garantir a tranquilidade no município, e garantir a  segurança das equipes  realizaram  os levantamentos iniciais da cena do crime.

Caso Tony Pretinho
Um vereador do município de Batalha, no Sertão alagoano, foi assassinado a tiros na porta de sua residência na noite da sexta-feira, 15 de dezembro de 2017, por volta das 21h.
Tony Carlos Silva Medeiros, o Tony Pretinho, tinha 34 anos. De acordo com as primeiras informações passadas por testemunhas, ele foi alvejado com disparos de arma de fogo em frete a casa onde morava, no Centro da cidade.
Ainda segundo testemunhas, o vereador também trabalhava como agente penitenciário, no Presídio do Agreste, em Girau do Ponciano, e era compadre de Baixinho Boiadeiro, filho de Neguinho Boiadeiro que está foragido.

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