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13/02/2018 09:08:00

Ressaca: o que você precisa saber para sobreviver depois do Carnaval


Ressaca: o que você precisa saber para sobreviver depois do Carnaval

Em Espelhos (L&PM, 360 páginas) , o escritor uruguaio Eduardo Galeano cita uma inscrição encontrada nos registros históricos do povo sumério, que viveu há 6 mil anos na região que atualmente compreende o território do Iraque: "A culpa não é da cerveja. As ruas que são muito tortuosas."

Curiosamente, os efeitos descritos há milênios sobre as consequências do excesso de ingestão de álcool ainda não são totalmente compreendidos pela ciência. Nas últimas décadas, foram poucas as pesquisas que buscaram entender por que o dia seguinte à folia é acompanha pela combinação de dor de cabeça, enjoos e vômito — em suma, uma terrível ressaca. 

Ainda assim, os médicos esclarecem dúvidas sobre o tema e dão dicas para que a Quarta-Feira de Cinzas não seja tão ruim assim. 

Misteriosa ressaca 
Após ser absorvido e entrar na corrente sanguínea, o álcool etílico afeta diferentes partes do organismo humano, causando alterações nas estruturas químicas cerebrais e levando à sensação de prazer e desinibição. Mas a alegria também caminha de mãos dadas com efeitos nada agradáveis: o aumento da concentração de álcool no sangue provoca sintomas como confusão mental, prejuízo na coordenação motora, vômitos e, em casos mais graves, inconsciência e morte. 

Horas após a ingestão exagerada de bebidas alcóolicas, as consequências ainda são sentidas pelo organismo. De acordo com os pesquisadores, há diferentes possíveis motivos para explicar a ressaca: desidratação (beber 50 gramas de álcool faz uma pessoa urinar até 1 litro); irritação das paredes do estômago; desregulação do relógio biológico; e alterações na taxa de glicose do sangue, que alteram as fontes de energia do organismo. 

A explicação mais aceita para a ressaca, entretanto, está relacionada às dificuldades do organismo em absorver grandes quantidades de bebida alcóolica. O fígado é o órgão responsável por quebrar as moléculas do álcool etílico, transformando-as em substâncias que serão eliminadas pelo nosso corpo. Quando há uma sobrecarga, causada pelo consumo excessivo, o nível de toxinas aumenta no organismo e é responsável pela série de efeitos adversos. 

Remédios funcionam? 
Tão famosos como os efeitos da ressaca são os métodos populares para combater as consequências negativas do consumo excessivo. De acordo com os médicos, no entanto, não há nenhuma comprovação de que existam medicamentos capazes de combater efetivamente a ressaca. 

Recomendado popularmente pelos foliões, o medicamento Engov não é recomendado por especialistas: a combinação de álcool com ácido acetilsalicílico — um dos componentes do remédio — é contraindicada porque irritaria ainda mais as paredes do estômago. Em 2010, o Engov esteve na mira da Justiça Federal e correu o risco de ter sua comercialização suspensa porque, de acordo com a interpretação judicial, precisaria comprovar seus efeitos hepatoprotetores (que protegem o fígado).  Atualmente, o Engov afirma em sua bula que "é indicado para o alívio os sintomas de dores de cabeça e alergias". 

Que fazer?

Apesar de não existir um método 100% científico para combater a ressaca, especialistas dão alguns conselhos que contribuem bastante para atenuar os sintomas. O primeiro: a água é sua companheira durante a folia — quanto mais água beber, maior a diluição da concentração de álcool no organismo (além disso, como as bebidas alcoólicas aumentam a vontade de urinar, manter-se hidratado é essencial). 

Como o álcool é absorvido de maneira mais lenta quanto o estômago está "cheio", também é importante manter-se alimentado com refeições leves antes e durante o consumo de bebidas. Assim, o fígado consegue quebrar as moléculas com maior eficácia e menos sobrecarga, evitando uma alta concentração de toxinas. 

Misturar diferentes tipos de bebidas também influencia de certa maneira nos efeitos ao organismo. Uma dose padrão de bebida conta com cerca de 12 gramas de álcool, o equivalente a uma lata de cerveja, uma taça de vinho ou um shot de bebida destilada — a ingestão do álcool será interpretada da mesma maneira pelo seu organismo. O que muda é a presença de toxinas em cada tipo de bebida, conforme a qualidade e o método de preparação. 

Solução milagrosa?
Para evitar os efeitos da ressaca moral, o cervejeiro norte-americano Jim Koch bolou uma receita infalível: antes de cada bebida alcoólica, ele ingere uma colher de chá de fermento natural em pó. Koch alega que o fermento natural tem uma enzima chamada álcool desidrogenase capaz de quebrar as moléculas alcoólicas. Como a metabolização aconteceria ainda no estômago e não no fígado, o etanol não chegaria até a corrente sanguinea e os efeitos químicos seriam menores. Para o médico Arthur Guerra, presidente do Centro de Informações Sobre Saúde e Álcool, a fórmula não possui embasamento científico algum.

Revista Galileu

 



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