Agência Brasil - Da Agência Brasil
Na América Latina, região que ainda convive com altos níveis de pobreza e desigualdade, 2017 foi um ano de dificuldades, mas com viés de melhora. Segundo a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), as projeções econômicas estimam um crescimento da região de 1,2% para este ano, em um aumento impulsionado pela produção de matérias-primas.
No
plano político, a crise na Venezuela continua e as relações entre os Estados
Unidos e Cuba retrocederam após a assunção ao poder do republicano Donald
Trump, que revisou várias das medidas de distensão adotadas para a ilha pelo
seu antecessor Barack Obama. E vários países sofreram turbulência por causa da
crise deflagrada com as revelações de corrupção envolvendo a construtora
Odebrecht, o que levou à prisão de autoridades.
Argentina
Passados
dois anos de sua chegada ao poder, 2017 foi o ano no qual o presidente Mauricio
Macri viu a vitória dos governistas nas eleições legislativas de outubro, o
representou um ganho de fôlego para a segunda metade do mandato, que será
marcada pela presidência argentina do G20 em 2018. Apesar de polêmica e de
protestos contrários, a reforma da Previdência foi aprovada em dezembro, com mudanças nas regras para
aposentadoria.
Venezuela
Vivendo
a sua "maior crise política, social e econômica", com desemprego
recorde e protestos nas ruas, a economia venezuelana termina o ano com uma
inflação de mais de 2.000%, segundo cálculos do Parlamento. O país atravessa
uma grave escassez de alimentos, remédios e outros produtos básicos e aumento
quase diário dos preços. Com uma questionada Assembleia Constituinte instalada em agosto, presos
políticos e a Justiça controlada pelo governo, o Parlamento é o único poder do
Estado venezuelano controlado pela oposição. Por conta da falta de liberdades
democráticas, a Venezuela está suspensa do Mercosul desde dezembro de 2016 e em
2017 sofreu sanções da Organização dos Estados Americanos (OEA), de países da
região e da Europa e dos Estados Unidos. Apesar da crise, o presidente Nicolás
Maduro já anunciou que buscará a reeleição em 2018.
Bolívia
O
presidente Evo Morales anunciou que disputará o seu quarto mandato consecutivo.
Morales visitou o Brasil no começo deste mês de dezembro, quando destacou seu
interesse estratégico em fornecer energia aos estados brasileiros que fazem fronteira
com a Bolívia. O governante boliviano se referiu também ao interesse mútuo dos
dois países de dispor de "uma saída ao Pacífico", mediante o projeto
do Corredor Ferroviário Bioceânico, que atravessaria o Peru, a Bolívia e o Brasil,
interligando os países por via férrea desde o Oceano Pacífico até o Atlântico.
Chile
Em
dezembro, o candidato conservador Sebastián Piñera venceu as eleições presidenciais contra o aliado da
presidente Michelle Bachelet, que encerra seu mandato. Apesar de ser um
dos países mais equilibrados economicamente da América do Sul, com desemprego
baixo (6,7%), os chilenos cobram garantia do Estado de educação de qualidade,
um sistema de saúde confiável, aposentadorias dignas, segurança e bons
empregos. Segundo analistas, o Chile segue cotado para tornar-se o
primeiro país desenvolvido da América do Sul, devendo fechar 2017 com uma
expansão de 1,5% do PIB.
Peru
Foi
um dos mais afetados pelas revelações da construtora Odebrecht, que quase
levaram à destituição do presidente Pedro Pablo Kuczynski. Na véspera do
Natal, Kuczynski tomou uma decisão polêmica ao conceder indulto ao ex-presidente e opositor Alberto Fujimori.
A medida levou peruanos às ruas e pedidos de demissão de integrantes do
governo. Para muitos, o indulto é interpretado como um acordo político.
Cuba
O
país enfrentou a passagem de violentos furacões, a redução da ajuda de sua
aliada Venezuela e a reversão da reaproximação Cuba-EUA, com o endurecimento do
embargo dos Estados Unidos. Em novembro, o governo de Donald Trump tornou mais
difícil para os americanos viajar e realizar negócios com a ilha, revertendo a
política anterior de Obama de estabelecer relações mais amigáveis com
Havana. Apesar disso, o crescimento no turismo, transporte, comunicações,
agricultura e construção proporcionou uma expansão de 1,6% este ano. E o
Parlamento de Cuba adiou em dezembro a transferência histórica de poder de Raúl
Castro para um novo presidente, o que só deve ocorrer a partir de abril de
2018.
Colômbia
A
celebração do acordo de paz entre o governo da Colômbia e as Forças Armadas
Revolucionárias da Colômbia (Farc), que entrou em vigor no final de 2016,
trouxe mais segurança e estabilidade. Na sequência, as Farc anunciaram em julho
sua transformarão em partido político e disposição de concorrer às
eleições. Os conflitos contudo permanecem em algumas áreas e prosseguem as
negociações de paz com o Exército de Libertação Nacional (ELN). E, como em
outros países, as denúncias da Odebrecht também levaram à prisão de vários políticos
e autoridades colombianas em 2017.
Mercosul
Neste
ano, as negociações, que já duram 20 anos, do acordo do bloco com a União
Europeia (UE) avançaram, e a assinatura está prevista para o início de 2018.
O tratado reduz as barreiras comerciais entre os 28 países da UE e os quatro do
Mercosul e afetará 90% do comércio entre os dois blocos. O Brasil presidiu o
Mercosul durante o segundo semestre de 2017 e, em dezembro, ao final da 51°
Cúpula de Chefes de Estado do bloco, em Brasília, transmitiu a
presidência pro tempore do
grupo para o Paraguai. Em julho, os países do Mercosul assinaram, durante
reunião de cúpula, um acordo ampliando suas relações comerciais com a
Colômbia.
México
No
começo do ano, com a posse de Donald Trump, os mexicanos protestaram
veementemente contra a construção de um muro na fronteira. E, apesar da
retórica protecionista inicial do republicano, em novembro, os governos do
México, dos EUA e do Canadá conseguiram avançar nas negociações para atualizar
o Tratado de Livre Comércio da América do Norte (Nafta).
O momento mais dramático para o México em 2017 contudo ocorreu em setembro, quando dois fortes terremotos causaram mais de 400 mortes, enormes perdas financeiras e uma reação popular de solidariedade.
Edição: Augusto
Queiroz e Carolina Pimentel