Já é Notícia - Ranquines e
o Movimento Nacional da População de Rua farão um protesto, neste sábado (23),
véspera de Natal, na tentativa de chamar a atenção da sociedade e do poder
público para a falta de amparo aos moradores de rua, que neste ano foram alvos
de diversos atos de violência. A mobilização vai acontecer no Centro de Maceió.
De acordo com eles, só este ano, 40 moradores de rua foram assassinados no
estado.
"Temos que que fazer um protesto, escrever em cartazes
os crimes que estão cometendo conosco. Estão matando os nossos irmãozinhos e
ninguém se importa com isso", disse de forma exaltada Luiz Carlos, morador
de rua que teve um amigo morto, também morador de rua, nesta madrugada.
Segundo Rafael Machado, coordenador do Movimento Nacional da
População de Rua em Alagoas, até esta sexta-feira (22), dos 40 moradores de rua
assassinados em Maceió este ano, três deles foram mortos somente esta semana.
"Nós somos vistos como vagabundos, como lixos, somos invisíveis para a sociedade
e é justamente esta invisibilidade que nós precisamos que seja removida"
conta Rafael.
O frei João Maria, um dos responsáveis pela casa de
Ranquines, informou que a violência é uma constante e que é praticada também
por quem deveria protegê-los.
A programação para a população de rua - que faz alusão ao
Natal, além do manifesto, será voltada para a promoção da cultura e oferta de
cuidados. Haverá apresentação do Batuque Mandaú, grupo no qual crianças à
margem da miséria tocam instrumentos de percussão, apresentação do grupo de
louvor, como também cuidados com a saúde, onde terá a o Banho Solidário, para a
higienização, como também o tradicional café da manhã, almoço e lanche para os
moradores de rua.
O frei conta que para a Casa distribuir as cerca de 200
refeições diariamente são muitas as dificuldades e que a Casa precisa muito de
doações. "Dezembro é o mês que mais recebemos doações. É quando as pessoas
geralmente ficam mais solidárias, só que acham que esta prestação só devem
ocorrer nessa época, mas não é bem assim, pois as pessoas sempre sentem
fome" conta o frei João Maria.
A adolescente Sandra da Silva, de 15 anos, conta que 10
pessoas da família se alimentam de segunda a sexta-feira na Casa de Ranquines e
que, se o serviço não existisse, eles estariam "passando fome".
"Aos sábados e domingos fica mais difícil, pois a Casa está fechada e as
pessoas não costumam nos ajudar, então a fome aperta", contou a
adolescente, que estava com a prima de um ano no colo e acompanhada de dois
irmãos mais novos.
A Casa de Ranquines recebe doações de roupas, comidas e
dinheiro, para a promoção das ações. Os interessados em doar devem entrar em
contato com a organização por meio do telefone 3326-2089, para acertar a melhor
maneira de entregar as doações.