O Quilombo dos Palmares,
localizado na Capitania de
Pernambuco, atual região de União dos Palmares, Alagoas, era uma comunidade, um reino formado
por escravos negros que haviam escapado das fazendas,
prisões e senzalas brasileiras. Ele ocupava uma área próxima ao tamanho
de Portugal. Naquele momento sua população
alcançava por volta de trinta mil pessoas.
Zumbi nasceu na Serra da Barriga, Capitania de Pernambuco,
atual União dos Palmares, Alagoas, livre, no ano de 1655, mas foi capturado e
entregue a um missionário português
quando tinha aproximadamente seis anos. Batizado 'Francisco', Zumbi recebeu
os sacramentos,
aprendeu português e latim,
e ajudava diariamente na celebração da missa
Por volta de 1678, o governador da Capitania de
Pernambuco, cansado do longo conflito com o Quilombo de Palmares, se
aproximou do líder de Palmares, Ganga Zumba, com uma oferta de paz. Foi
oferecida a liberdade para todos os escravos fugidos se o quilombo se
submetesse à autoridade da Coroa Portuguesa; a proposta foi aceita pelo
líder, mas Zumbi rejeitou a proposta do governador e desafiou a liderança de
Ganga Zumba. Prometendo continuar a resistência contra a opressão portuguesa,
Zumbi tornou-se o novo líder do quilombo de Palmares.
Quinze anos após Zumbi ter assumido a
liderança, o bandeirante paulista Domingos Jorge Velho foi
chamado para organizar a invasão do quilombo. Em 6 de fevereiro de 1694 a
capital de Palmares foi destruída e Zumbi ferido. Apesar de ter sobrevivido,
foi traído por António Soares, e surpreendido pelo capitão Furtado de Mendonça em
seu reduto (talvez a Serra Dois Irmãos).
Apunhalado, resiste, mas é morto com vinte guerreiros quase dois anos após a
batalha, em 20 de novembro de 1695. Teve a cabeça cortada, salgada e levada ao
governador Melo de Castro. Em Recife, foi exposta a cabeça em praça pública
no Pátio
do Carmo, visando desmentir a crença da população sobre a lenda da
imortalidade de Zumbi.
Em 14 de março de 1696 o governador de
Pernambuco, Caetano de Melo de Castro escreveu ao Rei: "Determinei
que pusessem sua cabeça em um poste no lugar mais público desta praça, para
satisfazer os ofendidos e justamente queixosos e atemorizar os negros que supersticiosamente
julgavam Zumbi um imortal, para que entendessem que esta empresa acabava de
todo com os Palmares.
Polêmicas
Alguns autores levantam a
possibilidade de que Zumbi não tenha sido o verdadeiro herói do Quilombo dos
Palmares e sim Ganga-Zumba: "Os
escravos que se recusavam a fugir das fazendas e ir para os quilombos eram
capturados e convertidos em cativos dos quilombos. A luta de Palmares não era
contra a iniquidade desumanizadora da escravidão. Era apenas recusa da
escravidão própria, mas não da escravidão alheia.[...]"]
De acordo com José Murilo de Carvalho, em
"Cidadania no Brasil" (pág 48), "os quilombos mantinham
relações com a sociedade que os cercavam, e esta sociedade era escravista. No
próprio quilombo dos Palmares havia escravos. Não existiam linhas geográficas
separando a escravidão da liberdade".
Segundo alguns estudiosos Ganga Zumba teria
sido assassinado, e os negros de Palmares elevaram Zumbi a categoria de chefe:
"Depois de feitas as pazes em 1678, os
negros mataram o rei Ganga-Zumba, envenenando-o, e Zumbi assumiu o governo e o
comando-em-chefe do Quilombo"[5]
Seu governo também teria sido caracterizado
pelo despotismo:
"Se algum escravo fugia dos Palmares,
eram enviados negros no seu encalço e, se capturado, era executado pela ‘severa
justiça’ do quilombo."
"Zumbi é considerado um dos grandes
líderes de nossa história. Símbolo da resistência e luta contra a escravidão,
lutou pela liberdade de culto, religião e prática da cultura africana no Brasil
Colonial. O dia de sua morte, 20 de novembro, é lembrado e comemorado em todo o
território nacional como o Dia da Consciência Negra."
Escravidão no Quilombo dos
Palmares
Apesar de ser vista por alguns movimentos e
setores da sociedade como representantes da resistência à escravidão, muitos
quilombos contavam com a escravidão internamente. Esta prática levou vários
teóricos a interpretarem a prática dos quilombos como um conservadorismo
africano, que mantinha as diversas classes sociais existentes na África,
incluindo reis, generais e escravos.
Para alguns autores, no entanto, a escravidão
nos quilombos em nada se assemelharia à escravidão dos brancos sobre os negros,
sendo os escravos considerados como membros das casas dos senhores, aos quais
deviam obediência e respeito. Semelhante à escravidão entre brancos, comum
na Europa na Alta Idade Média. Para
estes autores, a prática da escravidão teria dupla finalidade:[8] aculturar os escravos
recém-libertos às práticas do quilombos, que consistiam em trabalho árduo para
a subsistência da comunidade, já que muitos dos escravos libertos achavam que
não teriam mais que trabalhar, e diferenciar os ex-escravos que chegavam aos quilombos
pelos próprios meios (escravos fugidos, que se arriscavam até encontrar um
quilombo. Sendo, neste trajeto, perseguidos por animais selvagens e pelos
antigos senhores, e ainda, correndo o risco de serem capturados por outros
escravistas), daqueles trazidos por incursões de resgates (escravos libertados
por quilombolas que iam às fazendas e vilas para libertar escravos).
Por outro lado, outros autores apontam a
existência de uma escravidão até mesmo predatória por parte dos habitantes de
Palmares, que realizavam incursões nos territórios vizinhos, de onde traziam à
força indivíduos para trabalharem como escravos em suas plantações,
desenvolvendo assim uma espécie de "escravismo dentro da própria
'república'. Escravos que se recusavam a fugir das fazendas e ir para os
quilombos também eram capturados e convertidos em cativos dos quilombolas.
Cronologia
Por volta de 1580:
negros fugidos do trabalho escravo nos engenhos de açúcar das
capitanias de Pernambuco e Bahia no Brasilfundam, na Serra da Barriga, o Quilombo dos Palmares.
A população de Palmares em pouco tempo já contava com mais de 3 mil habitantes.
As principais funções dos quilombos eram a subsistência e a proteção dos seus
habitantes, e eram constantemente atacados por exércitos e milícias.
1630: Começam as invasões
holandesas em Pernambuco, o que desorganiza a produção
açucareira e facilita as fugas dos escravos. Em 1644, houve uma grande
tentativa holandesa de aniquilar o Quilombo de Palmares que, como nas
investidas portuguesas anteriores, foi repelida pelas defesas dos quilombolas.
1654: Os holandeses deixam o
nordeste brasileiro.
1655: Nasce Zumbi, num dos mocambos de Palmares.
1670: Ganga Zumba, filho da Princesa Aquatune e tio
de Zumbi, assume a chefia do quilombo, então com mais de trinta mil habitantes.
1675: Na luta contra os soldados
portugueses comandados pelo Sargento-mor Manuel Lopes, Zumbi revela-se grande
guerreiro e organizador militar. Neste ano, a tropa portuguesa comandada pelo
Sargento-mor Manuel Lopes, depois de uma batalha sangrenta, ocupa um mocambo
com mais de mil choupanas. Depois de uma retirada de cinco meses, os negros
contra-atacam, entre eles Zumbi com apenas vinte anos de idade, e após um
combate feroz, Manuel Lopes é obrigado a se retirar para Recife. Palmares se
estendia então da margem esquerda do São Francisco até o Cabo de Santo
Agostinho e tinha mais de duzentos quilômetros de extensão, era uma república
com uma rede de onze mocambos, que se assemelhavam as cidades muradas medievais
da Europa, mas no lugar das pedras havia paliçadas de madeira. O principal
mocambo, o que foi fundado pelo primeiro grupo de escravos foragidos, ficava na
Serra da Barriga e levava o nome de Cerca
do Macaco. Duas ruas espaçosas com umas 1500 choupanas e uns oito
mil habitantes. Amaro, outro mocambo, tem 5 mil. E há outros, como Sucupira,
Tabocas, Zumbi, Osenga, Acotirene, Danbrapanga, Sabalangá, Andalaquituche.
1678: A Pedro de Almeida,
governador da capitania de Pernambuco, mais interessava a submissão do
que a destruição de Palmares, após inúmeros ataques com a destruição e
incêndios de mocambos, eles eram reconstruídos, e passou a ser economicamente
desinteressante, os habitantes dos mocambos faziam esteiras, vassouras,
chapéus, cestos e leques com a palha das palmeiras. E extraiam óleo da noz de
palma, as vestimentas eram feitas das cascas de algumas árvores, produziam
manteiga de coco, plantavam milho, mandioca, legumes, feijão e cana e
comercializavam seus produtos com pequenas povoações vizinhas, de brancos e
mestiços. Sendo assim o governador propôs ao chefe Ganga Zumba a paz e a
alforria para todos os quilombolas de Palmares. Ganga Zumba aceita, mas Zumbi é
contra, não admite que uns negros sejam libertos e outros continuem escravos.
Além do mais eles tinham suas próprias Leis e Crenças e teriam que abrir mão de
sua cultura.
1680: Zumbi assume o lugar de
Ganga Zumba em Palmares e comanda a resistência contra as tropas portuguesas. Ganga
Zumba morre assassinado com veneno.
1694: Domingos Jorge Velho e Bernardo Vieira de
Melo comandam o ataque final contra a Cerca do Macaco,
principal mocambo de Palmares e onde Zumbi nasceu, cercada com três paliçadas cada uma defendida por mais de
200 homens armados, após 94 anos de resistência, sucumbiu ao exército
português, e embora ferido, Zumbi consegue fugir.
1695, 20 de Novembro: Zumbi,
então aos 40 anos, foi traído e denunciado por um antigo companheiro (Antonio
Soares), ele é localizado pelo capitão Furtado de Mendonça,
preso, tem a cabeça cortada, salgada e levada, ao governador Melo e
Castro. Ainda no mesmo ano, D. Pedro II de Portugal premia com cinquenta mil réis o
capitão Furtado de Mendonça por "haver morto e cortado a cabeça do negro
dos Palmares do Zumbi".