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Educação
20/10/2017 17:33:48

Em 5 anos, cresce 36% o número de matrículas trancadas em cursos de formação de professores no país


Em 5 anos, cresce 36% o número de matrículas trancadas em cursos de formação de professores no país
Ilustração

G1 - Os cursos de pedagogia e licenciatura registram, em cinco anos, um aumento de 36,3% em matrículas trancadas no Brasil. A quantidade de pedidos para suspender temporária ou definitivamente os estudos passou de 154.876, em 2011, para 211.124 em 2015. O levantamento feito pelo G1 leva em conta os cursos presenciais e a distância da graduação.

Os dados são do Inep, órgão vinculado ao Ministério da Educação. Os números de 2016 e 2017 ainda não foram divulgados. Neste domingo (15), é comemorado o Dia do Professor.

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O crescimento em matrículas trancadas ocorre, principalmente, em cursos de universidades públicas (74,3%). Em faculdades privadas, o aumento fica em 22,4%. No Brasil, cerca de 1.200 instituições oferecem a formação.

No mesmo período, os cursos de pedagogia e licenciatura apresentaram uma alta nas matrículas, mas em uma proporção bem menor: 8,6%. Em 2015, eram 1,5 milhão de matriculados. Já a taxa de concluintes caiu 0,3% durante os cinco anos.

A professora Natalia Affonso, de 26 anos, faz parte da estatística. Ela já dava aula particular e em cursos de idiomas desde 2011 e queria alcançar a estabilidade financeira. Por isso, quando se formou no bacharelado em inglês, em 2013, Natalia decidiu não terminar a licenciatura. “Não sei se vou ter a disponibilidade de voltar para a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e concluir o curso", conta. Se quiser retomar os estudos, Natalia terá de solicitar o reingresso porque não mantém vínculo com a universidade há mais de dois anos. E o pedido terá de ser julgado pela instituição.

Ela guarda boas lembranças das quatro matérias da licenciatura que cursou. Para ela, as aulas a ajudaram a se preparar para a sala de aula. “O conteúdo era relevante e tinha gente de diferentes cursos, não só de letras. Às vezes as aulas eram muitos mundos se encontrando.” No momento, porém, ela não tem planos de voltar ao curso.

Outros cursos

Os dados do Inep também mostram que esse aumento em matrículas trancadas se repete em todas as áreas com curso de graduação. No grupo de cursos que engloba engenharia, por exemplo, essa taxa de suspensão dos estudos teve crescimento de 141,6%, passando de 78.545 matrículas trancadas em 2011 para 189.754 em 2015.

O número de matrículas nessa categoria, porém, também teve um crescimento maior no período (64,3%), assim como a quantidade de concluintes (63,1%).

‘Apagão do magistério’

O sociólogo Cesar Callegari, relator da comissão de formação de professores do Conselho Nacional da Educação, aponta que um dos problemas pode ser uma falha no ensino dentro das escolas. “Os universitários já entram no ensino superior com deficiência.”

Callegari afirma, porém, que faltam professores qualificados em todas as áreas, como matemática, química e física. Para ele, o país passa por um “apagão do magistério”.

Jacques de Lima, doutor em educação pela PUC-PR e organizador do livro "Formação de Professores - Teoria e Prática Pedagógica", conta que ouve relatos que alunos que deixam o curso por falta de plano de carreira e "condições adequadas" para o exercício da profissão.

Para ele, os cursos a distância são importantes para alcançar pessoas que moram em locais de difícil acesso e desejam estudar pedagogia e licenciatura. O importante, diz Lima, é encontrar um curso com boa qualidade – seja presencial, seja a distância.

Novo modelo

Em setembro deste ano, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), ligada ao MEC, anunciou que fará mudanças na formação de professores em exercício. O repasse de recursos passa a ser direto para as instituições e haverá ainda mudanças no currículo dos cursos.

Em nota, o Ministério da Educação informa que está finalizando uma política nacional de formação de professores, já articulada à Base Nacional Comum Curricular. "De acordo com o Censo Escolar da Educação Básica 2016, são 2,2 milhões de professores e grande parte deles não é formada na área em que atua."

 



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