União dos Palmares

Antonio Aragão

Morreu a poucos instantes, em Saskatrue, no Canadá, aos 87 anos de idade, monsenhor Donald Macgillivray, que durante mais de trinta anos foi pároco da cidade de União dos Palmares, onde se tornou um “Santo Homem” no conceito da comunidade católica palmarina.

Homem sério, contrito, foi o fundador entre outras obras sociais da Organização Mirim de União dos Palmares, entidade projetada para abrigar cerca de duzentos menores abandonados, além de forte defensor da Sociedade São Vicente de Paulo que ainda hoje é mantenedora do Hospital Regional São Vicente de Paulo. Sucedeu ao também Monsenhor Clóvis Duarte de Barros ainda no final da década de 60, juntamente com os padres Emilio April e Roberto.

“Padre Donald” tomou posições inéditas e renovadoras na difusão da Palavra de Deus. Ao chegar à paróquia, adaptou-se aos costumes locais e procurou, no seu trabalho sacerdotal, unir todas as religiões, o que a época era uma inovação – conseguindo, por este fato, notoriedade e respeito de todas as instituições religiosas do município.

Foi acometido de um mal que o obrigou a perder uma perna. Mesmo doente, “Padre Donald” continuou sua vida sacerdotal pastorando almas e fazendo amigos, o que lhe valeu o reconhecimento da comunidade, e chegou até Roma, quando foi recebido e teve seu trabalho elogiado pelo então Papa Paulo VI. Nos últimos tempos, Padre Donald havia retornado ao Canadá, sua terra natal, por entender que lá, num pais de primeiro mundo receberia tratamento médico mais moderno.

Seu trabalho pastoral foi dedicado, sobretudo aos mais pobres e injustiçados, o por certo figurará nos anais da história de União dos Palmares, mesmo porque nunca concordou totalmente com a demolição da Matriz de Santa Maria Madalena, um dos marcos católicos do Nordeste no inicio dos anos 70. Tinha sempre uma palavra amiga, um conversa de conforto, um olhar de reprovação que falava muitas coisas. Quem o conheceu jamais o esquecerá.

Seu passamento foi uma perda irreparável para toda região da Mata Alagoana pelo respeito ao próximo, as coisas de Deus, e, sobretudo pelo amor que denotava aos menos favorecidos da sorte. Um dos seus últimos desejos expressos no dois de março de 2005 (ultimas horas em União com vida, quando foi feita a foto que ilustra esta matéria) foi ter seus restos mortais depositados na cidade que o adotou como filho e o amou.

O prefeito José Pedrosa disse que haverá luto oficial por três dias.