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26/05/2008 00:00:00

Saúde


Saúde

Em um acidente em 2005 com a hélice de um avião de aeromodelismo, Lee Spievack, de 69 anos, perdeu a parte superior do dedo médio da mão direita em um acidente. O corte foi acima da unha e atingiu até o osso. Hoje, não há sinal do ferimento. Spievack revela que a regeneração do dedo foi resultado de um tratamento com um pó feito da bexiga do porco, usado em tratamentos veterinários.

Spievack conta que resolveu falar da recuperação para que as pessoas saibam que existe algo mais e para homenagear o irmão, o veterinário Allan Spievack, que morreu há dois meses. Foi Allan quem indicou o uso do produto. O material, chamado de matriz extracelular, é usado principalmente em cavalos, na regeneração de partes feridas.

Lee Spievack diz que, todos os dias, lavava o ferimento e usava o pó na ponta do dedo. Depois fechava com um curativo. Ele conta que, já no primeiro dia, percebeu que a cor da pele em voltado ferimento começou a mudar, ficando mais clara.

Depois, além da cicatrização, ele notou que o dedo estava também crescendo, voltando ao tamanho original. Em quatro semanas, o dedo tinha recuperado a pele, a unha, o osso, os vasos sanguíneos, os movimentos, a sensibilidade e até a impressão digital.

"As únicas diferenças”, ele diz, “são que a pele nova não é tão ressecada como a antiga e que a unha regenerada cresce mais que as outras. Preciso cortar quase todos os dias”.

O tratamento, que parece milagroso, começou nos laboratórios da Universidade de Pittsburgh, na Pensilvânia, e é o resultado de mais de 20 anos de trabalho de pesquisadores. Foram eles que descobriram que as células internas da bexiga e do intestino do porco podem virar um pó com uma capacidade regeneradora jamais vista até hoje. É este pó que pode trazer esperança a milhões de pessoas amputadas no mundo todo.


O cientista Stephen Badylak, responsável pela matriz extracelular, diz que apesar dos anos de pesquisa e de saber que o material tem uma excelente capacidade de regenerar tecidos, ficou muito surpreso com o resultado no dedo de Lee Spievack.

"A regeneração de tecidos não é rara em crianças de 1 ou 2 anos, mas não é comum em pessoas de 60 anos. Não sabíamos se era efeito do material ou processo natural do corpo. Mas aí pensamos: já aconteceu com dois pacientes idosos, não pode ser apenas sorte", diz o cientista.

Segundo Badylak, isso não significa que o pó seja a solução para todos os problemas de pessoas amputadas. Um teste com a matriz extracelular é feito em soldados que voltaram da guerra do Iraque e do Afeganistão com os dedos das mãos amputados.

Badylak diz que em seis ou doze meses será possível avaliar o resultado do estudo. A notícia do dedo regenerado correu o mundo e levantou a suspeita de muitos médicos e cientistas.

Stephen Badylak diz que o ceticismo é saudável. É isso que faz com que os pesquisadores tenham que provar, dentro dos laboratórios, a eficácia de novas descobertas.

Para dar outro passo, que é crescer dedos, coração ou fígado, será preciso combinar células-tronco, matrizes e remédios na hora certa e no lugar certo.

Lee Speivack diz que não se importa que os outros não acreditem e conclui: "Eu posso te dizer com toda a certeza, talvez eu não viva para ver o pó sendo usado por todos. Mas você e as pessoas mais jovens do que eu, verão”.

com G1



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