Interior

No final da tarde de ontem (26) aconteceu o que a família do operador de bombas aposentado José Leônidas França (58) já temia. Ele morreu na cidade de Arapiraca após não resistir aos maus tratos e as complicações de seu estado de saúde, em decorrência de vir sendo mantido, há vários meses, em situação de cárcere privado pela própria companheira na cidade de Major Izidoro, Sertão de Alagoas.

Logo no início da manhã vizinhos ligaram para os familiares do aposentado, que moram em Arapiraca, para avisar que ele estaria muito doente e gemendo muito em busca de ajuda. Imediatamente os familiares se dirigiram até Major Izidoro e ao chegarem a residência puderam constatar a lamentável cena de um ancião jogado sob uma cama, em um quarto velho, sujo e com muitas caixas de remédio e latas de cachaça ao chão.

Revoltados com o que encontraram, os familiares então resolveram levar o aposentado até uma unidade de saúde daquele município, mas, devido a gravidade de seu estado, preferiram trazê-lo até o Hospital Regional de Arapiraca, onde ele faleceu assim que chegou, por volta das 11h30.

 Às 17 horas um dos familiares do aposentado acionou a equipe de reportagem do Alagoas em Tempo de Arapiraca para denunciar que seis horas após sua morte, nada havia sido providenciado por Rosieide Barbosa Pinto (40), companheira de Leônidas, que havia desaparecido com todos os seus documentos e cartões de crédito.

 A falta de documentos comprometeu, inclusive, a liberação do corpo de Leônidas, que só pôde ser liberado por volta das 19 horas. O corpo do aposentado apresentava vários hematomas, possivelmente causados por maus tratos e até espancamento.

História - De acordo com informações de familiares, há cerca de 11 anos o aposentado conheceu Rosieide, mais conhecida como Gonga. Como era separado, resolveu ir morar com Rosieide, que estava grávida de outro relacionamento. Entusiasmado com o novo amor e indo de encontro aos conselhos da família, José Leônidas saiu de Arapiraca e foi morar com Rosieide na cidade de Major Izidoro, onde mobiliou uma casa e assumiu a paternidade do filho da companheira.

Aposentado pela Companhia Abastecimento e Saneamento de Alagoas (Casal), José Leônidas ainda passou todos os seus cartões e salários recebidos nos últimos anos para o poder e controle da companheira que, segundo os familiares de José Leônidas, conseguiu até se casar com o aposentado sem ele ter conhecimento.

O estranho casamento, segundo Marciana França Matos, ocorreu há cerca de seis meses e pôde ser comprovado pela família através de Certidão de Casamento.

Nos últimos meses o aposentado, que também era alcoólatra, passou a não ser mais visto pelos vizinhos da rua onde morava em Major Izidoro. Estranhando a ausência de José Leônidas vários vizinhos questionaram Rosieide, que dizia que o marido estaria com problemas de saúde e repousando.

Familiares do aposentado, por várias vezes, foram até Major Izidoro e não conseguiram ver José Leônidas. Ora ninguém atendia a porta, ora Rosieide dizia que o marido havia saído.

Um dos vizinhos do casal alegou que Rosieide o trancava em casa e saía em companhia de outros homens. “Ela usava o dinheiro do meu tio para pagar os programas dos homens com quem saía”, disse a sobrinha Marciana França.

Ela alegou que muitos vizinhos já presenciaram o aposentado dopado, sob o efeito de tranqüilizantes e latas de cachaça que Rosieide deixava ao lado da cama. “Ela se aproveitava pelo fato dele ser alcoólatra e o mantinha sempre bêbado, enquanto saía com os seus amantes”, disse Marciana. 

Bens – Familiares do aposentado ainda disseram que Rosieide, visando somente garantir o seu futuro, engravidou de Leônidas e teve um filho, que já está com sete anos de idade. A criança foi registrada por Leônidas, que já havia assumido a paternidade da criança que estava no ventre de Rosieide na época em que os dois se conheceram.

O que a família do aposentado e talvez nem ele sabia foi o fato de Rosieide também haver registrado um terceiro filho, de 19 anos de idade, no nome de Leônidas.

Recentemente a família também tomou conhecimento que o aposentado foi contemplado com a quantia de R$ 30 mil, oriunda de alguma causa ganha como funcionário público.

Revoltados, familiares do aposentado disseram que Rosieide sacou o dinheiro do marido e gastou em coisas supérfluas, inclusive com a compra de uma motocicleta para um dos amantes.