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20/12/2011 23:20:16

Hospital nega cirurgia a paciente com tumor exposto na mama


Hospital nega cirurgia a paciente com tumor exposto na mama
Mulher não foi operada de cancer de mama

“Eu tenho fé em Deus e em Nossa Senhora que vou ver meu neto Pedro, de 4 anos, crescer forte e saudável. Também quero acompanhar o desenvolvimento das minhas filhas (17 e 18 anos). Quero vê-las encaminhadas na vida. Minha única preocupação é saber se vou conseguir fazer a cirurgia e me curar desse câncer”. Esse foi o desabafo da agricultora Gedalva Bezerra da Silva, de 56 anos, que viajou mais de 200 quilômetros de Santana para Maceió para realizar uma mastectomia (retirada da mama) na Santa Casa e não foi atendida. A família disse que o hospital alegou que o médico não poderia realizar a cirurgia hoje porque estaria com a agenda cheia. O cirurgião nega ter pedido para avisar à paciente que não poderia operá-la. A direção do hospital informou que a falha pode ter acontecido no setor de Serviço Social.

Dona Gedalva luta contra um câncer de mama há mais de um ano. No final de 2010, ela descobriu a doença na mama direita e, só em abril deste ano, conseguiu iniciar o tratamento. De lá até novembro passado, foram 10 sessões de quimioterapia e dezenas de comprimidos ingeridos para tentar combater o crescimento da doença. “O tumor incomoda, sangra e expele muita secreção. Tem dias em que eu acordo e o lençol da cama está sujo. Como não tenho condições de pagar um tratamento particular, tive que recorrer ao SUS e, talvez, por isso, houve tanta demora. Essa espera me angustia porque o câncer está grande e eu não sei por quanto tempo mais eu poderei viver, caso ele não seja retirado”, contou a trabalhadora rural.

Jaudiran Pereira Silva, conselheiro de Saúde de Santana do Ipanema, acompanha a saga de dona Gedalva há quase um ano. “Infelizmente a gente sabe que, quando se trata de paciente pobre, o tratamento não é o mesmo. A Secretaria Municipal de Saúde de Santana fez o devido encaminhamento, solicitou a cirurgia e explicou que o caso da dona Gedalva é grave. A partir daí, até conseguimos a quimioterapia, mas, foram quatro meses para a marcação da cirurgia e, no dia em que ela deveria se internar, nós somos informados que a intervenção não aconteceria. Por que esse descaso?”, questionou.

Paciente esperou 10 horas para ser informada do cancelamento

Maria do Carmo Bezerra, filha de dona Gedalva, contou que ela e a mãe se acordaram às 2h desta terça-feira (20) para vir para Maceió. “Viemos na ambulância da Prefeitura porque sequer tínhamos o dinheiro da passagem e não nos restou outra alternativa, senão a de aproveitar o carro do município. Chegamos ao hospital às 04h30 da manhã e esperamos até às 15h para ser informados que a cirurgia não seria mais realizada. Estávamos sem tomar café e sem almoçar. E só ficamos sabendo do cancelamento porque fomos questionar o porquê da demora. O internamento estava marcado para às 13h, mas recebemos a orientação para chegar antes e aproveitar o primeiro leito que surgisse”, relatou a dona-de-casa.

Segundo o conselheiro Jaudiran Pereira, foi ele quem indagou o hosptial sobre a demora, tendo em vista as 11h de espera e o fato de nenhum funcionário ter procurado a paciente para dar quaisquer informações sobre o internamento. “Quando chegamos ao hospital ainda estava escuro e eu, de imediato, apresentei a paciente e expliquei o caso dela. Uma funcionária pediu para que eu aguardasse uma resposta e essa tal resposta só chegou depois das 15h. O que aconteceu foi uma falta de humanidade e a desculpa que nos foi dada é que o médico tinha muitas cirurgias para hoje e não daria tempo de atender a dona Gedalva. Até alegaram que foi feita uma tentativa de nos avisar, mas eu garanto que meu telefone celular não tocou”, assegurou.

O que diz o hospital

O médico que marcou a cirurgia de dona Gedalva, Aldo Barros, afirmou que não foi ele quem cancelou o procedimento. “As cirurgias não são marcadas por mim. Eu solicito a intervenção e o serviço social faz o contato com o paciente. Só sei quem vou operar quando chego ao hospital. Hoje trabalhei o dia inteiro, operei várias pessoas e garanto que não mandei avisar a ninguém que eu deixaria de realizar qualquer procedimento agendado”, argumentou ele.

Ainda segundo Aldo Barros, o serviço social pode ter dado informação errada à paciente. “O problema pode ter partido de lá. É o serviço social que faz o contato com a família”, complementou.

De acordo com Arthur Gomes, diretor médico do hospital, houve falha em não ter internado a paciente. “Vamos procurar saber onde foi a falha. Quando o hospital erra, tem que reconhecer. Em princípio, não constava o nome da paciente na lista dos procedimentos cirúrgicos, mas, como existe a guia da Santa Casa para internamento, a gente tem que verificar o que, de fato, aconteceu”, esclareceu o médico.

 

gazetaweb //

janaina ribeiro



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