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Opinião
20/12/2011 00:08:30

A Sociedade Precisa Acordar


A Sociedade Precisa Acordar
Ilustração

Escrevi, há alguns meses, no semanário Extra, onde me dizia chocado com a irresponsabilidade, a incompetência, a falta de compromisso, de honradez, dos nossos políticos e administradores públicos com a sociedade. Mas, mais indignado fico com a sociedade, que perdeu a capacidade de se indignar. A maioria, omissa não sabe quem nos governa, não tem opinião formada de lutar por seus direitos, por uma melhor administração do Município, do Estado, do País.

Uma omissão que está custando muito caro a sociedade brasileira.

Na Terça-Feira, 18 de Outubro, em jornal que circula na cidade, li um artigo, publicado por uma pessoa da nossa alta sociedade, inteligente, viajada, conhece praticamente o mundo todo,que comunga desse sentimento de revolta contra a omissão, a acomodação de nossa sociedade aos desmandos dos governantes, crimes impunes, desvios de verbas públicas, das esmolas no lugar de empregos. D.Lisette Lyra, que conhece tantas terras, mais organizadas, mais prósperas, mais evoluídas, falou com a segurança de quem conhece outros países, não tão afortunados quanto o Brasil, um povo bom, terras fértis, natureza passiva, não somos atingidos por furacões, tusinames, vulcões.

Também vibrei, D. Lisette, com as demonstrações cívicas que aconteceram pelo País, mas achei muito pouco, esperei que nesse 12 de Outubro houvesse uma maior adesão. Espero que esses movimentos continuem. O povo ainda não entendeu que tem de gritar, sair para as ruas, unido, para defender os seus direitos, continua adormecido, anestesiado pela propaganda oficial. Sem a ajuda dos meios de comunicação, sem uma liderança carismática, esse movimento vai demorar a engrossar, vai depender de muito trabalho e dedicação de seus idealizadores. O seu artigo vai dar uma boa ajuda.

A sociedade precisa entender que a democracia é um regime que permite a ascensão das pessoas a iguais oportunidades, mas exige a participação de cada cidadão na defesa dos seus interesses. Não podemos perder a capacidade de indignação, como se a prepotência, a falta de ética e de transparência fossem coisas normais. Vamos sair do imobilismo, da acomodação, pensemos no País, em nossas famílias, nos mais necessitados. Não podemos perder a capacidade de indignação.

Um cidadão de 93 anos, Stefhane Hessel, sobrevivente dos campos de concentração nazistas, vem conclamando cidadãos do mundo inteiro a não ficarem de braços cruzados diante governos injustos e corruptos. Escreveu um livro intitulado “Indignai-vos”, publicado na França, no final do ano passado. O autor comenta o assunto da impotência ante a crise financeira mundial, mas, por analogia, nos faz pensar em outro tipo de questão: a apatia, o comodismo e a falta de indignação da sociedade em face de um problema que nos aflige, ou seja a crise moral e ética que aflige o nosso País. Todos os dias, todas as semanas, jornais e revistas que circulam pelo País, denunciam escândalos financeiros, desvios de verbas públicas, e a sociedade continua passiva, indiferente. Nas eleições, oportunidade de mudar, a sociedade omissa, desinformada, não renova, elege os mesmos ou os seus prepostos. Não há mudanças, a cada dia piora. A corrupção se institucionalizou.

Vejam a que ponto chegamos: apesar das denúncias contra as milhares de ONG´s que sugam bilhões de reais dos cofres públicos, em benefício de políticos e partidos políticos, a Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro aprovou Projeto de Lei que institui as Organizações Sociais\(OSS), entidade privada, sem fins lucrativos, entregando a essa a gestão administrativa das unidades de saúde pública do Estado. A aprovação desse projeto foi precedido de uma grande campanha publicitária, promovida pelo Executivo e Legislativo enaltecendo a iniciativa, na tentativa de apresentar a opinião pública o remédio que supostamente vai resolver o caos que existe no setor. Explicam que os sintomas dessa patologia estão expressos nos pesados fardos de regras e legislações que a administração pública carrega, inclusive os servidores públicos, com direito a estabilidade, principais vilões do estado de calamidade na qual se encontra o sistema. Defendem a jovialidade e a agilidade da ação privada para garantir uma boa assistência a população. Esquecem que a administração vem sendo ineficiente por culpa de seus gestores, passados e atuais. Os exemplos das Organizações Sociais existentes no País revelam o outro lado do discurso oficial, denunciam maior custeio, mal uso das verbas públicas, graves irregularidades, baixa eficácia.

O direito à saúde não se materializa através de simples vontade, oque não é o caso dos governantes do Estado do Rio de Janeiro, que esperam apenas emtirar proveito político com as mudanças, não pensam na adoção de políticas públicas sérias e responsáveis, em que o sistema receba os investimentos necessários, sem desvios de recursos. Com os políticos que temos atualmente, isso é um sonho que possivelmente não será materializado na minha geração e de meus filhos, talvez só na de meus netos.

Guy Calheiros Gomes de Barros

Auditor Fiscal-RFB Aposentado

 guycalheiros@hotmail.com




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