PM alagoana não quer polícia comunitária, diz presidente do CES

Depois da divulgação do Mapa da Violência 2012, onde Alagoas continua na liderança nacional do ranking de homicídios, o presidente do Conselho Estadual de Segurança, advogado Paulo Breda, afirmou que a situação só será resolvida com investimentos em Polícia Comunitária. Para ele, a Polícia Militar (PM) não pode ter como foco apenas as ações ostensivas, mas deve atuar junto às comunidades críticas, com senso de responsabilidade social, a exemplo do que já vem ocorrendo no Conjunto Carminha, no bairro Benedito Bentes.

Mas o presidente do CES destacou que os policiais militares ainda resistem para investir no policiamento comunitário, apesar dos seus efeitos positivos onde já foi implantado. “Temos que mudar a mentalidade dos policiais militares, para investir nesta modalidade de segurança, que já surtiu efeitos positivos em Minas Gerais, São Paulo e no Rio de Janeiro”, destacou Paulo Brêda.

Isso porque, segundo ele, a maior causa de homicídios é o tráfico de drogas, que pode ser combatida por meio de ações pontuais, próximas à população. “A PM deve ser parceira da comunidade e não intimidá-la ou amendrontá-la. A droga é um problema do Brasil e, como sabemos, quem se envolve com o tráfico, ou paga ou morre”, salientou.

O advogado disse que a missão do CES é propor ações para minimizar os índices de violência, traçando estratégias para que Alagoas deixe de figurar no topo do ranking da violência no Brasil. “Atrelada às ações de uma polícia cidadã, que seja parceira da sociedade, temos que levar o Estado a investir em uma educação inclusiva, onde as crianças estudem em tempo integral e se criem cursos profissionalizantes, principalmente para jovens com idade entre 17 e 23 anos”, propôs.

Concomitantemente, Paulo Breda acredita que é necessário montar um sistema integrado de contabilização dos dados criminais, para que as informações não sejam computadas mais de uma vez. Ele também sugeriu que Alagoas seja dividida em 25 áreas de segurança pública, onde haja investimento em estrutura física e tecnológica, a fim de atuar principalmente nos 18 municípios alagoanos que estão entre os 200 mais violentos do País.

“Não adianta termos uma delegacia civil em cada município, se não há estrutura para trabalhar e faltam policiais. A Polícia Civil é criminal, então para ela o que importa é investigar o crime e apurá-lo. O que a população necessita é de uma polícia civil atuante e não apenas de corpo presente, como acontece em vários municípios onde não há estrutura e poucos policiais atuam”, contou.

Dados da pesquisa

Segundo o Mapa da Violência no Brasil, o problema em Alagoas cresceu 187.8% no espaço de dez anos. No ano de 2000, foram registrados oficialmente 724 homicídios; em 2010, o número passou para 2.084. Entre os municípios mais violentos do país, Maceió ocupa a 9ª posição no ranking, com uma média de 103,8 mortes violentas em 2010.

Com o número, a capital alagoana fica na frente de outras cidades que historicamente apresentam registros mais recorrentes de criminalidade, como Recife, Vitória e Salvador, que ocupam as 43º, 52ª e 81ª posições respectivamente. A surpresa, entretanto, está nos números registrados nas cidades do interior de Alagoas.

Entre estas, Arapiraca é a mais violenta, ficando na 11ª posição nacional. Outras cidades como Pilar, Messias, Marechal Deodoro, Teotônio Vilela, São Miguel dos Campos, Paripueira, Piranhas e Branquinha aparecem entre as 200 mais sangrentas de todo o Brasil.

O que diz a SDS

O secretário de Estado da Defesa Social, Dário César, foi procurado por nossa equipe de reportagem para comentar os dados divulgados nesta quarta-feira (14) sobre o Mapa da Violência no Brasil. No entanto, segundo sua assessoria, “ele não irá se pronunciar sobre os números, que apontam Alagoas como o Estado mais violento do Brasil e revelam a migração da violência para o interior”.