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05/12/2011 10:58:08

“Temos cerca de 90 investigações contra gestores públicos”, diz superintendente da PF


“Temos cerca de 90 investigações contra gestores públicos”, diz superintendente da PF
Delegado Amaro Vieira

Há dois anos e três meses à frente da Superintendência da Polícia Federal em Alagoas, o delegado Amaro Vieira afirmou que já “cumpriu a missão” à frente do órgão no estado. Em entrevista ao CadaMinuto, Vieira falou também sobre as operações realizadas em 2011, o foco da PF no desvio de verbas públicas, violência e planejamento para 2012, ano de eleições.

 

Sobre a permanência em Alagoas, Vieira disse que “só o tempo dirá” se isso irá acontecer.

 

CadaMinuto O senhor já está à frente da Superintendência da Polícia Federal em Alagoas há mais de dois anos, tempo médio para o exercício do cargo. Há planos para que o senhor permaneça mais tempo no estado?

Amaro Vieira – Só o tempo dirá. Na verdade eu posso sair a qualquer tempo. Eu considero aqui a missão cumprida, mas aí vai depender das oportunidades que surgirem. Passou o tempo e já estou em condições de sair e fazer um investimento na carreira, aposentar-se é uma condição. Enquanto isso, estamos trabalhando a todo vapor.

 

CM – Esse ano, a PF realizou grandes operações em Alagoas, como o senhor avalia 2011 do ponto de vista das ações policiais? Houve um foco especial da Polícia para os crimes envolvendo desvio de verbas?

AV – 2001 foi um ano atípico para a Polícia Federal em todo o Brasil e localmente. Foi o exercício que tivemos mais restrição de orçamento, carência de pessoal, então foi um ano dificílimo. Mas, apesar das dificuldades, com a qualidade da equipe a gente conseguiu superar praticamente todos os obstáculos e realizamos operações importantíssimas na área do combate à improbidade administrativa, essa foi e está sendo a prioridade no corrente ano na atuação da Polícia Federal em Alagoas.

 

CM – A PF realizou as Operações Mascotch, CID-F, Tabanga e Rodoleiro, que tiveram grande repercussão. Como o senhor avalia casos de desvio de dinheiro público em Alagoas?

AV – É muito preocupante essa situação. Vou relembrar aqui que nós temos em curso, na atualidade, cerca de 90 investigações contra gestores públicos, são trabalhos investigativos que estão em andamento e não temos como adiantar nada sobre a conclusão dos inquéritos. Em Alagoas, os gestores precisam assumir a responsabilidade de bem aplicar o recurso público e os órgãos de controle tem que realizar com efetividade o trabalho. Essa é uma preocupação e é prioridade da Polícia Federal, por isso vamos continuar fazendo o nosso trabalho. Mas, é certo que na outra ponta tem a população, que também, me parece meio míope, porque ela vota em pessoa que ela sabe que não é proba, então ela concede poder a pessoas que no futuro irão desviar recursos públicos. Acho que isso só acaba com educação, o povo precisa se educar para votar melhor.

 

CM – Muitas vezes essas pessoas, acusadas de desvio de recursos públicos, quando não conseguem se reeleger colocam no poder aliados ou parentes. Como o senhor vê essa “continuidade” na política?

AV – É incrível como o povo seleciona mal os seus representantes.

 

CM – Ano que vem haverá eleições, a PF já se programa para o pleito de 2012?

AV – A Polícia Federal já se articula para isso. A prioridade do corrente ano é o combate ao desvio de recursos públicos com responsabilização dos gestores. No ano que vem, a prioridade será o combate aos delitos eleitorais. Em janeiro de 2012, no final do mês, nós já teremos o planejamento operacional do ano até o fim das eleições. A equipe já está limitada em relação a férias de agosto a outubro.

 

CM – Assim como em 2010, esse ano verificou-se, em operações, a integração da PF com outros órgãos. Qual a importância desse trabalho conjunto?


AV – Nosso trabalho continua com todos os órgãos, é o que mais a gente quer. A participação de órgãos sérios e comprometidos, que possam trabalhar em sigilo em determinada fase, é muito importante. A Polícia Federal continua trabalhando com a Receita (Federal), com a CGU (Controladoria Geral da União), Ministérios Públicos Estadual e Federal, com todos os órgãos envolvidos no combate aos delitos.

 

CM – Em relação ao combate ao tráfico de entorpecentes no estado, o senhor tem dados sobre apreensões de droga em 2011?


AV – Cocaína e crack, tivemos 165 quilos esse ano. Em 2010, foram 118 quilos. Houve uma evolução esse ano de apreensões.

 

CM – Como o senhor avalia dos dados que mostram Alagoas como o estado mais violento do País e com altos índices de analfabetismo e mortalidade infantil?


AV – A solução para diminuir esses índices é bastante complexa, mas eu começaria, como já comecei o combate ao desvio de recursos públicos. Por exemplo, recursos que são destinados à saúde e são desviados, e o resultado é que essa área fica precária no Brasil todo. Todos sabem que há recursos para a saúde, mas que não chegam ao seu destino final. Na educação, também temos desvios de recursos. A população é carente do conhecimento e se quiser melhorar a questão da violência, se pega essas bases e dá para fazer a diferença. Devemos todos começar por aí, inclusive a imprensa, prestar mais atenção na questão dos desvios de verbas públicas, que é o grande problema de Alagoas.

 

CM – O senhor tem números de procedimentos instaurados, prisões e indiciamentos desde que assumiu a superintendência em Alagoas?

AV – Crimes de responsabilidade de gestores públicos, prefeitos, em 2009 foram 13, em 2010 foram 30 e, em 2011, 45 investigações. Esse indicativo mostra que estamos priorizando o combate ao desvio de recursos público. Oitenta e oito procedimentos instaurados desde 2009. Em relação aos crimes eleitorais, tivemos em 2009, 146; em 2010, 87; e em 2011, 29, ao todo, 262. A maioria é compra de voto. Nesse período, desde que assumi, temos 381 pessoas indiciadas em 2009, em 2010, 455, e em 2011, 686, responsabilizadas pela prática de crimes. São 1522 pessoas indiciadas na nossa administração.

 

Por tudo isso, considerando a equipe pequena, a falta de recursos, eu penso, estou plenamente satisfeito com os resultados da Polícia Federal local. Praticamente estamos fazendo milagre. Temos 17 delegados e cerca de 1.200 investigações. O universo não é muito grande, a equipe é que é reduzida.

cadaminuto //

teresa cristina



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