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Polícia
20/11/2011 12:56:10

Quase um terço dos policiais militares alagoanos moram em áreas de risco


Quase um terço dos policiais militares alagoanos moram em áreas de risco
Sargento Mozart: vitima de traficantes

Para não morrer e não colocar em risco a própria família, tanto policiais civis como militares de Alagoas estão se sentindo forçados a fazer vista grossa ao funcionamento de bocas-de-fumo ou qualquer outro tipo de ilícito cometidos nas áreas onde eles moram. Isso porque uma parcela grande de policiais moram em áreas consideradas de risco por conta da violência.

 

Para se ter uma ideia, muitos policiais militares são submetidos a colocar sua farda para secar dentro do próprio quarto, em vez de colocá-la comumente no varal do quintal. A atitude é por medo de algum vizinho descobrir que eles são servidores da segurança pública.

 

Em Alagoas, 30% do efetivo da Polícia Militar residem em áreas de risco. Os bairros e conjuntos habitacionais considerados como arriscados para moradia por terem o domínio de traficantes são: Benedito Bentes, Clima Bom, Vergel do Lago, Bom Parto, Conjunto Gama Lins, Conjunto Lucila Toledo, Conjunto Virgem dos Pobres, entre outros.       

 

A afirmativa tem preocupado as associações militares, que afirmam não haver plano de segurança pública, salários justos e moradia digna para estes servidores.

 

No dia 11 passado, o sargento da Polícia Militar, Mozart Batista da Silva, de 42 anos, sofreu uma tentativa de homicídio no conjunto habitacional onde mora, no bairro do Vergel.

 

Ele foi alvejado por projéteis de arma de fogo que atingiram seu braço direito e o pulmão. Uma das balas ainda está alojada no braço. De acordo com o Hospital Geral do Estado (HGE), o paciente ainda se recupera na área verde da unidade hospitalar e seu estado é considerado estável.

 

Família é usada como ‘escudo’ do tráfico

 

De acordo com o presidente da Associação dos Subtenentes e Sargentos (Assmal), sargento Teobaldo Henrique, na maioria dos casos onde os militares residem em áreas de risco, a família deles é usada pelos traficantes como ‘escudo’, não podendo deste modo o militar combater a criminalidade naquele local. “Quando enfrenta o tráfico, ele coloca em risco a vida dele e da família”, destacou o sindicalista.

 

O presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Alagoas (Sindpol/AL), Josimar Melo, também se manifestou quanto ao que chama de descaso do governo no que diz respeito à segurança pública.

 

Ele disse que o Sindpol estima que aproximadamente 50% do efetivo da Polícia Civil morem em áreas de risco em Alagoas, sobretudo Maceió.

 

Melo defendeu salários justos para a categoria e moradia decente. Ele disse que o Sindpol é contra moradia em grupo, como já faz o Exercito Brasileiro, onde os efetivos moram em vilas militares, mantidas pela União.

 

“Acredito que esta não seja a alternativa. Não defendemos este tipo de moradia. Defendemos, sim, moradia justa e salários dignos para que o policial possa escolher um lugar confortável e com segurança para morar, assim como já fazem os juízes e delegados”, declarou.

 

Sargento baleado evita andar fardado no próprio bairro

 

Morador do Conjunto Virgem dos Pobres III há mais de 18 anos, o sargento Mozart Silva conversou com a reportagem da Tribuna Independente ainda no HGE. Ele contou como vive um policial que mora em área de risco. O militar revelou que mora no local por não ter outra opção, e assim submete a família ao tipo de moradia.

 

“Evito andar fardado, apesar de todos saberem que sou policial. Não ando de conversas, e muitas vezes faço vista grossa para não morrer”, revela o sargento. “Quando tem operação policial, aí é que a gente sofre, pois eles [traficantes] acham que foram os policiais que moram no local que denunciaram”, declarou.

 

“Quando tem confronto de grupos rivais entre o Conjunto Virgem dos Pobres II e III, por exemplo, existe o toque de recolher e todos entram. Quem fica, corre o risco de morrer. É tiro pra todo lado”, emendou o sargento.

 

O Policial Militar disse também que, por morar em área de domínio de traficantes, atualmente trabalha em serviço interno. “Estou saindo de lá por conta da violência. Ali não era assim”, lembrou o sargento fazendo referência ao Virgem d--os Pobres III, de onde está se mudando. “Estou me mudando e meus filhos já saíram”, contou. (A.P.O.)

 

Sobrinho de militar também sofreu atentado pouco antes

 

O sobrinho do sargento Mozart Silva, identificado como ‘Julinho Miguel’, também teria passado por um atentado há poucos dias, e segundo informações extraoficiais o alvo dos elementos, supostamente, seria o próprio militar, por ser considerado mais forte e usar arma de fogo. O sobrinho, porém, já teria se envolvido em ilícitos.

 

O sargento disse que teme pela vida e pede providências do Quartel do Comando Geral. Ele destacou que o comandante Luciano Silva está sabendo do atentado do dia 11 e das ameaças sofridas pelo policial, mas não se manifestou sobre o assunto.

 

O subcomandante da Polícia Militar, coronel Dimas Cavalcante, informou que o sargento está sendo acompanhado por uma equipe do setor médico da PM, e que posteriormente terá a atenção devida, sendo acompanhado por psicólogos e assistentes sociais.

 

O coronel Dimas disse também que nem o policial, nem a família  procuraram o Comando Geral para pedir segurança. “A Corregedoria da PM está investigando o atentando para saber se ele tem ou não envolvimento com algum ilícito no bairro onde mora. O pessoal da 3ª Companhia em Paripueira, da qual o sargento faz parte, já foi orientado no sentido de dar todo o apoio ao policial”, acrescentou o coronel.

 

Ele frisou que a PM não pode decidir sobre segurança individual deste ou de qualquer outro policial. “Isso cabe apenas ao Conselho de Segurança do Estado”.

 

tribuna hoje //

ana paula omena



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