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20/11/2011 08:18:41

'Prefiro a Morte com Liberdade que a Vida com Escravidão' - Zumbí 316 anos passados


'Prefiro a Morte com Liberdade que a Vida com Escravidão' - Zumbí 316 anos passados
Serra da Barriga - 'Morro das Graças'

Nenhum historiador ao escrever sobre o Quilombo dos Palmares localizado a seis quilômetros do centro de União dos Palmares - Alagoas cita que existe a cerca de 50 metros abaixo do mirante direito (que dá visão para a Fazenda Anhumas) no platô da Serra da Barriga um penhasco que era o local onde os quilombolas traidores, assassinos, ladrões e profanos da crença religiosa africana depois de julgados em uma espécie de tribunal tribal que se reunia em uma caverna que o próprio pedregulho abriga e na qual ainda existem restos de bancos de madeira e potes, (atualmente abandonada e habitada por cobras venenosas e morcegos) eram atirados na presença de toda tribo que cercava o local para assistir as execuções.

Quem viveu na região nos séculos seguintes ao XVI ouvia dos mais antigos a história a seguir que traz em seu contexto uma das mais famosas frases que ainda hoje ecoa na mente dos fracos, injustiçados e oprimidos pronunciada quando do extermínio dos Quilombos acontecido nos fins do século XVI (1695) no alto dos mais de 400 metros acima do nível do mar do histórico local onde o líder negro brasileiro Francisco nascido e batizado em Porto Calvo no ano de 1655 e mais tarde conhecido como Zumbí (que significa nzumbe no idioma africano ou fantasma, espectro ou alma de pessoa falecida) ao ser derrotado pelas forças portuguesas do alto do “Penhasco da Morte” proferiu a famosa frase “Prefiro a Morte com a Liberdade que a Vida com a Escravidão” e em seguida se jogou perpetuando para as futuras gerações seu nome e sua história como o pioneiro pela Liberdade no Brasil.

Ninguém pode afirmar o fato mesmo porque não existe nenhuma testemunha ocular da época para afirmar ou nenhum escrito oficial. Mas passados estes 316 anos desde a extinção de Zumbí dos Palmares ainda alguém principalmente os mais idosos relembra e sempre comenta a frase estranhamente omitida das novas gerações.

Contava a funcionária da Justiça e contadora do foro de União dos Palmares senhora Benicia Cavalcante falecida por velhice na sua residência por trás do Grupo Escolar Rocha Cavalcante na década de 70, que Zumbí foi traído por um dos seus generais de nome Terêncio nunca citado na história pelo fato de fazer recordar uma injustiça cometida por Zumbi entronado e sempre tido como Justiceiro e Herói.

Dizia a senhora que não deixou família, que após um saque a uma prospera fazenda de cana de holandeses próximo ao povoado das Correntes em Pernambuco, Zumbí mandou ser trazida para o seu harém a filha do fazendeiro morto por haver resistido ao cerco dos guerreiros do Quilombos dos Palmares que buscavam moedas de ouro, vestimentas e pratarias para o tesouro de Zumbí guardado na Serra da Barriga, cujas peças nunca foram encontradas.

Em poucos menos de três meses, a beleza incomum da jovem branca então escrava despertou o amor de Terêncio que entre outras coisas armava seguras barricadas em pontos vulneráveis dos quilombolas, o que o levou a ser o encarregado das paliçadas (tipo de cerca que servia de proteção aos escravos refugiados) nos pontos estratégicos da Serra onde Zumbí reinava absoluto seus 30 mil súditos.

Insistentes pedidos foram formulados por Terêncio pela posse da escrava branca cujas solicitações sempre recebiam uma esfarrapada desculpa de Zumbí que apesar das muitas mulheres que já tinha também demonstrava uma impar simpatia pela bonita européia e a ostentava como um raro troféu no harém do seu reino.

Até quando a tropa de Domingos Jorge Velho (depois de três tentativas de tropas holandesas e portuguesas dizimadas pela cólera ou derrotadas pelos negros) fez contato com Terêncio que recebeu a promessa de um sargento-mor dos soldados que faziam o cerco que “se mostrasse os pontos frágeis das paliçadas, após a morte de Zumbí, lhe seria expedida uma carta de alforria além da posse de sua amada além de ser proclamado o Rei dos Quilombos”.

Depois do acordo com Terêncio e conhecer detalhes da defesa, foi exatamente pelo lado posterior da Serra da Barriga que na madruga do dia 19 de novembro começou o bombardeio dos canhões que logo conseguiu abrir uma fresta na paliçada e destruiu a primeira atalaia (posto de observação em ponto estratégico). Daí para o topo da serra ainda hoje desabitado e conhecido como “Morro das Graças” foi fácil descer ao platô, pois além da atalaia já destruída não havia proteção por pensarem os negros que era impossível a subida de tropas por aquele local íngreme e cheio de cobras. Ao alvorecer do dia 20, Domingos Jorge Velho em vantagem bélica e utilizando o elemento surpresa determinou a destruição total de todo Quilombo dos Palmares.

Após horas de resistência, Zumbí e seus generais foram encurralados na “Pedra da Morte”. A Zumbí, nada mais restava ao saber que suas defesas estavam destruídas e seu povo morto cruelmente em combate. Foi um massacre onde não foram poupados crianças, mulheres, idosos, gestantes e enfermos. As ocas incendiadas, os locais sagrados profanados. Os tambores silenciados.

Daí, o surgimento desta passagem da história que para muitos não passa da imaginação de alguns mas que perdura até os dias atuais contradizendo alguns políticos atuais que citam a Serra dos Dois Irmãos em Viçosa como o local em que Zumbí se refugiou mesmo ferido (??) ou um riacho no sitio Brejo dos Vieira onde o líder negro teria sido morto e esquartejado pela tropa portuguesa.

Não se pode afirmar a veracidade da história, mas há de se notar que a versão existe há mais de 300 anos – sendo portanto, tão velha quanto à própria história do Negro Zumbí.

A Serra da Barriga existe e ainda hoje tem vestígios da passagem de uma grande comunidade de escravos em seu território, e sua história é contada nos quatro cantos do Mundo em várias versões. Como realmente terá acabado o reinado de Zumbí em solo alagoano, ou seja, em solo de União dos Palmares que nunca é citada pelos que se auto intitulam “historiadores” que escrevem em gabinetes com ar condicionado em locais longínquos e que não distinguem sequer a localização geográfica da Serra da Barriga, ninguém sabe ao certo.

 A certeza apenas é que União dos Palmares foi palco do Primeiro Grito de Liberdade da Nação... e que Zumbí existiu.

antonio aragão //


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