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09/11/2011 21:17:35

PF investiga se famílias estão desmatando área protegida na Serra da Barriga


PF investiga se famílias estão desmatando área protegida na Serra da Barriga
Delegado e Perito investigam serra

União dos Palmares – A Polícia Federal (PF) está apurando a denúncia de que 16 famílias, residentes no platô da Serra da Barriga, em União dos Palmares, desmataram a área de proteção ambiental tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Desde o último domingo (6), policiais federais estão no local, colhendo depoimentos dos moradores, que podem ser obrigados a abandonar a terra onde se deu a resistência à escravidão no histórico quilombo liderado por Zumbi dos Palmares.

 

No próximo dia 20, Dia Nacional da Consciência Negra, está programada, como acontece todos os anos, uma extensa programação alusiva à resistência dos quilombos.

 

De acordo com o delegado da PF Polybio Brandão, os moradores estão sendo identificados, terão que apresentar escrituras das faixas de terra que ocupam e comprovar que não praticarem qualquer atividade que tenha resultado no desmatamento da área. O integrante da PF disse ao Tudo na Hora que, paralelo aos depoimentos dos moradores, o perito Petrônio Falcomer Júnior está realizando o levantamento da situação de ocupação do solo.

 

“Nosso trabalho é detectar se as famílias são posseiras da terra, se têm documentação que comprove serem as proprietárias e qual o tempo de ocupação”, destacou o delegado da PF. Ainda de acordo com ele, “o foco principal da investigação é comprovar se eles mantiveram o relevo e a paisagem da localidade”.

 

Clima de medo

 

Em meio às investigações da PF no platô da Serra da Barriga, os moradores do local vivem um clima de incerteza, já que eles alegam que nasceram no platô e as terras foram herdadas de seus antepassados. Os ocupantes da área alegam que nunca desmataram a vegetação do local e apenas utilizam o terreno para a prática da agricultura de subsistência, a exemplo da plantação de milho, feijão e árvores frutíferas.

 

Moradora do local desde que nasceu, há 36 anos, a dona de casa Rosa Maria dos Santos, disse ao Tudo na Hora que não sabe o porque da investigação. Segundo ela, antes do tombamento da área ela já residia no local com sua família se o pequeno pedaço de terra que possui foi sempre utilizado para plantar a lavoura que alimenta seus filhos.

 

“Quando recebi uma intimação do oficial de Justiça fiquei muito nervosa, pois nunca pratiquei nenhum crime, nunca fiz mal a ninguém e estou sendo acusada de algo que não pratiquei, assim como os demais moradores do local. Eles têm que ver que nós sempre moramos aqui e éramos donos das terras antes que o platô da Serra da Barriga tivesse sido tombado, e no nossos quintais só não existem árvores nativas porque plantamos frutíferas”, informou Rosa Maria dos Santos.

 

Despejo

 

Questionada se teria medo de ser despejada da área, caso se comprove que houve desmatamento no local, a dona de casa afirmou que irá sentir bastante, porque nasceu e foi criada no platô da Serra da Barriga. “Nós só não podemos sair daqui sem que sejamos indenizados. Se nos derem dinheiro para comprar um pedaço de terra para plantar, até aceitamos sem resistência”, frisou.

 

Quanto ao fato de algum morador já ter sido indenizado no local, Rosa Maria dos Santos revelou que três fazendeiros da região foram indenizados, mas os pequenos agricultores não. “Não conhecemos a lei, somos leigos no assunto e estamos sendo pegos de surpresa, massacrados e acusados de um crime que não praticamos”, assegurou apreensiva.

 

tudonahoraq //

josenildo torres



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