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26/11/2007 00:00:00

Alagoas


Alagoas
De acordo com dados oficiais da Assessoria de Imprensa da Intendência Penitenciária do Estado, Alagoas gasta R$ 3.365,400/mês com 1.580 presos que estão recolhidos nas oito instituições penais, o que corresponde a uma despesa de R$ 71,00 por cada preso ao dia. Recursos financeiros que, indiretamente, custeiam a formação de novos criminosos. Conforme declaração do delegado da Roubos e Furtos de Veículos, Valdir Silva de Carvalho, os presídios não só de Alagoas como de todo o País, são, na verdade, universidades do crime.
 
"É no presídio onde eles se especializam nos delitos, trocam de quadrilhas e saem com maior experiência para praticar novos crimes. Cito como exemplo o assaltante Caetano, que começou sendo preso pela delegacia de menores, por prática de pequenos furtos, se tornou adulto e hoje é um dos mais perigosos assaltantes do Estado, depois de ter passado várias vezes nas instituições penais”, disse Silva de Carvalho.
 
Os 1.580 presos estão assim divididos: 989 provisórios e 591 condenados. Só este ano, nos presídios do Estado, ocorreram 30 fugas, duas em cada mês, com 141 presos foragidos. Desse total 99 não foram recapturados e seis rebeliões foram realizadas. A penúltima delas foi registrada quando dois irmãos foram assassinados. Um deles teve a cabeça decepada e jogada no pátio do presídio. A última ocorreu semana passada e foi a mais sangrenta, quando 6 presos foram assassinados e 65 saíram com pequenos ferimentos.
 
Escolaridade
 
"A escolaridade da delinqüência começa nas delegacias de Menores até chegarem ao presídio na fase adulta, isso quando chegam", disse Silva de Carvalho, delegado experiente que já atuou em várias especializadas. A venda de drogas e entrada de armas nas instituições representam o aquecimento financeiro ilegal que movimenta o poderio econômico entre grupos que lideram os presídios no Estado.
 
 Alguns agentes penitenciários e funcionários da Intendência que atuam nos sistemas são acusados de serem os principais responsáveis por essas ações criminosas, mas, em função da falta de transparência nos resultados das sindicâncias, não se sabe quantos agentes penitenciários foram responsabilizados ou se foram.
 
Existem sindicâncias a serem concluídas desde a época do secretário de Justiça, Tutmés Airan, quando em uma rebelião dois irmãos foram mortos.
 
O pioneiro
 
O primeiro presídio de Alagoas foi construído na Praça da Independência, em frente ao quartel geral da Polícia Militar. A capacidade era para apenas 100 presos, mas até a sua demolição, no final dos anos 50, não ultrapassou a quota.
 
 Lá, estiveram presos como o político Luiz Cabeção, My Friend e Cabeleira, réus confessos no assassinato do interventor da segurança pública do Estado, general Batista Tubino, crime de conotação política, tendo como acusado de autoria intelectual o advogado José Moura Rocha; do marchante Ciço Espinhaço, que ficou famoso por cometer crimes de mando dentro e fora da cadeia e de José Crispim e Gago, autores materiais do assassinato do prefeito de Palmeira dos Índios, Robson Mendes. Neste episódio foi acusado como o autor intelectual do crime o fazendeiro José Fernandes.
A cadeia estadual de Alagoas só foi demolida após a primeira "fuga" dos pistoleiros Zé Gago e Zé Crispim que utilizaram uma "Tereza" - corda feita com lençóis - para evadir-se da instituição. Foram vários os apelos da comunidade, já que os presos ficavam o todo tempo apreciando a passagem dos pedestres, causando indignação da sociedade maceioense.
 
Com a demolição da cadeia pública, foi construído nos anos 60 o presídio São Leonardo, que recebeu os remanescentes da antiga cadeia pública. Hoje, decorridos mais de 45 anos, o Estado comporta oito instituições penais. Penitenciárias Masculina Baldomero Cavalcanti, de Segurança Média de Maceió Professor Cyridião Durval e Silva, de Segurança Média de Arapiraca Desembargador Luis de Oliveira Souza, Feminino Santa Luzia, Centro Psiquiátrico Judiciário Pedro Marinho Suruagy, Colônia Agro- Industrial São Leonardo e Casa de Detenção de Maceió, "Cadeião". O presídio de São Leonardo foi desativado e os presos transferidos para outras unidades do complexo prisional.
 
Minoria quer ressocialização
 
O segundo presídio construído no Estado foi o Baldomero Cavalcanti, edificado na administração do então secretário de Justiça, Rubens Quintella. Com a marca de ser o presídio de segurança "máxima", é hoje o recordista em fugas, rebeliões e motins. O diretor da instituição, capitão Marcos Alencar, é um dos mais preocupados com a situação.
 
 Para ele, apenas a minoria dos presos quer realmente ressocializar-se. Impedir o tráfico de drogas e entrada de armas dentro do sistema vem sendo uma das principais batalhas travadas entre os dirigentes do presídio e a maioria da população carcerária. Durante uma coletiva registrada naquele presídio, a maioria dos presos ali recolhidos ficou solidário com a direção do presídio.
 
 "Estou há 20 anos cumprindo pena neste presídio por homicídio e posso garantir que já passaram dezenas de diretores, mas o capitão Alencar é o que verdadeiramente vem tendo a ressocialização dos presos.
 
 Existem o trabalho artesanal e outras atividades que só não participa quem não quer. Agora, tem aqueles que se revoltam quando há uma vigilância ferrenha para impedir a entrada de drogas e armas. Por isso, alguns procuram a imprensa para fazerem denúncias", disse um preso, que não quis revelar o nome, temendo represália dos responsáveis pela tentativa de bagunça na instituição.

com alemtemporeal // Cícero Santana



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