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23/08/2011 21:47:09

Acampamento para desabrigados é invadido em Branquinha


Acampamento para desabrigados é invadido em Branquinha
Desabrigados em Branquinha

Com gazetaweb // regina carvalho

 

Os acampamentos provisórios para os desabrigados das enchentes do ano passado estão sendo invadidos por “forasteiros”, que tentam burlar os cadastros feitos pelas prefeituras e Defesa Civil Estadual. No município de Branquinha, os moradores denunciam que os “invasores” ergueram casas de taipa e tentam garantir moradias do Programa de Reconstrução do Governo. A prefeitura reconhece o problema, mas disse que não tem como impedir a ocupação.

Conforme as denúncias, os “invasores” vêm de Maceió e de cidades do interior e se infiltraram entre os desabrigados para garantir uma casa. Dois deles foram identificados pelos pré-nomes de Cícero e Nivaldo, mas negaram as acusações. A Secretaria de Assistência Social de Branquinha afirma que dispõe de um cadastro feito logo após as enchentes e que faz levantamentos sobre as ocupações irregulares, para evitar fraudes na distribuição das casas.

“Já sabemos quem vai receber as casas, não adianta invadir, chegar gente de fora. Estamos atentos a tudo isso. Temos um cadastro das pessoas vítimas da enchente do dia 18 de junho do ano passado”, informou a prefeita Renata Moraes à reportagem da Gazetaweb. A prefeita acrescentou que 937 famílias de Branquinha foram cadastradas pela prefeitura e disse que todas serão contempladas. “Mas a prefeitura tem consciência de que existem invasores”, reconheceu.

A assistente social Adriana Barbosa informou que os “invasores”, muitas vezes, têm parentes morando em barracas e acabam arrumando um terreno próximo na esperança de conseguir uma moradia. “São poucos casos que temos conhecimento. Mas não adianta ocupar irregularmente, pois só receberá casa quem estiver cadastrado pela prefeitura”.

“CAMPOS DE REFUGIADOS”

 

Percorrer o terreno onde estão instaladas as barracas de lona no município é se deparar com situações que provocam indignação e desconforto em vários momentos, descrito pelo repórter André Luiz Azevedo como “campo de refugiados”. As barracas “novinhas” de um ano atrás, agora, são farrapos que junto a retalhos de pano e ferros formam moradias indignas. Devido ao tempo, expostas a sol e chuva, buracos se abriram e ameaçam a segurança e saúde dos moradores.

A ex-merendeira Marcilde Vieira da Silva, 52 anos, classifica a situação em que vive como humilhante. Ela afirma que a barraca em que mora desabou nesta terça-feira (22) e que precisou do auxílio de outros moradores para reerguê-la. “Quebrou um ferro, fui consertar e levei uma queda. Isso aqui é um sofrimento diário. É bastante humilhante”, revela, acrescentando que vive com a renda do marido, que é tratorista de uma usina da região.

“Antes tinha casa própria. Era simples, mas era minha. Agora estou aqui há um ano e dois meses. É triste porque a gente vive dependendo do governo, para tudo. Falta tudo aqui”, reclamou Marcilde. Sobre a data da entrega de sua futura moradia, a ex-merendeira disse que só teve informação através de reportagem que viu na TV. “Passou na reportagem que vão entregar em outubro ou novembro. Todo dia vou lá pra ver como tá e se o serviço está parado”.

Os banheiros do acampamento são um capítulo a parte. Ninguém consegue circular por perto sem passar mal. A falta de cuidado com a higiene no local, promovida pelos próprios moradores e agravada pela ausência de fiscalização da prefeitura deixa o ambiente ainda mais abandonado e uma sensação de caos. É desumano viver num lugar desse.

Em meio à lama que toma conta das barracas, Malba Cristina Cândido perambula com olhar distante e recebe atenção dos vizinhos. Ela perdeu uma filha de quatro anos na enchente que abateu Branquinha no ano passado. A pequena Ana Célia Brasil, de 4 anos, foi levada pela enxurrada de junho. “Nenhuma foto restou para guardar como recordação”, contou a mãe, que, desde então, passou a ser acompanhada por um psicólogo cedido pelo município.

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